A BUSCA DA EDUCAÇÃO DECOLONIAL
NO ENSINO DE HUMANIDADES
Rodrigo de Souza Pain
Introdução
Todo povo
colonizado - isto é, todo povo no seio do qual nasceu um complexo de
inferioridade devido ao sepultamento de sua originalidade cultural - toma
posição diante da linguagem da nação civilizadora, isto é, da cultura
metropolitana. Quanto mais assimilar os valores culturais da metrópole, mais o
colonizado escapará da sua selva. Quanto mais ele rejeitar sua negridão, seu
mato, mais branco será (FANON, 2008, p.34)
Pensar e
repensar os currículos é tarefa importante para qualquer docente que busque
aperfeiçoar sua atividade laborativa. Refletir constantemente sobre sua prática
e procurar atualizar-se é fundamental em seu compromisso pedagógico. Desta
maneira questionamos se seria importante tentar desconstruir os currículos
clássicos? Partindo da premissa que o sistema educacional brasileiro é uma
herança do modelo educativo colonial, percebemos facilmente a importância da
dimensão política no campo da educação. Quem seleciona os conteúdos que são
importantes a serem trabalhados? Portanto, os currículos representam arenas
políticas em disputa no que diz respeito à construção dos conteúdos. O
currículo é um campo permeado pelas relações de poder. Em outras palavras, a
seleção dos assuntos e seus argumentos são objetos ideológicos relevantes e em
constante movimento.
A Educação Decolonial e a valorização da
pluralidade de conhecimentos.
Um
exemplo dessa dimensão política no campo da educação está na visão colonial,
que ainda persiste nos nossos bancos escolares e universidades. A pouca
importância dada ao ensino de História da África no Brasil, inclusive nos
currículos de Ciências Humanas. Em um país com mais da metade da população
afrodescendente é fundamental repensar conteúdos e necessidades. A Educação
Decolonial visa romper com a associação que a modernidade é eurocentrada.
Também visa salientar a colonialidade presente nos currículos. O conhecimento
não-eurocêntrico (ou não-estadunidense) muitas vezes não é reconhecido como
válido.
Outro
exemplo é o pouco estudo sobre a História da América Latina. Aliás, a ideia de
chamar o continente de América (vide Américo Vespúcio) traz o sentido da
colonialidade (o europeu desbravador). Os povos originários são vistos como
povos subordinados, com visões educacionais folclorizadas. A visão eurocêntrica
da história ainda é efetiva na educação. É importante a busca por teóricos da
educação decolonial, pois boa parte da população negra brasileira e de povos
originários, como exemplos, não se veem representados por autores brancos.
Segundo Zulma Palermo: “Optar por uma posición decolonial que ejerce
resistência ante esse estado de situación, implica localizar se em um lugar de
indidable lucha intelectual y significa también la imprescindible necesidad de debatir com otras maneras de
concebir la resistência a la dominación por el poder(...)” (PALERMO, 2010,
p.50)
Seguindo
essa linha de raciocínio, entramos no pensamento decolonial que nos ajuda a
entender que os currículos são produtos de um contexto histórico, com
diferentes tempos e espaços e são produzidos muitas vezes de forma desobediente
(saberes, diálogos, emoções, por exemplo). Se nossa identidade traz memória não
só individual, como também coletiva, podemos entender que grupos subordinados
como africanos, latinos e os povos originários ainda são vistos como bárbaros,
principalmente no que diz respeito à produção do conhecimento. A visão colonial
persiste em forma de conteúdos, currículos, enfim, no dia-a-dia escolar.
Assim, é
necessário buscar outras narrativas. O racismo estrutural existe em todas as
dimensões da vida humana. Sendo a escola uma instituição que reproduz as
estruturas de classes, ela também reproduz as ideologias das classes
dominantes. Nesse sentido, é fácil perceber que as culturas das classes
dominadas não se sentem representadas. A escola tem que combater o preconceito
de qualquer espécie, e como ela pode trabalhar essa desconstrução se muitas
vezes ela se torna legitimadora dos currículos tradicionais? Crianças negras,
por exemplo, não se veem representadas, nem participantes das esferas de poder.
Estudantes indígenas não observam seus saberes respeitados. A tradição dos povos
originários é muitas vezes folclorizada nos materiais didáticos. De acordo com
o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos (2007), “o processo formativo
pressupõe o reconhecimento da pluralidade e da alteridade, condições básicas da
liberdade para o exercício da crítica, a criatividade, do debate de ideias e
para o reconhecimento, respeito, promoção e valorização da diversidade”. Assim,
é uma questão de direito o trabalho na educação valorizando a pluralidade.
Saber dos vencedores e saber dos vencidos.
É
respeitável apontar a importância das obras de Paulo Freire nos autores
decoloniais. O educador brasileiro influenciou diversos pensadores em variados
campos do conhecimento, em especial a pedagogia crítica. A educação
libertadora, trazida por Freire, aponta que o universal não é superior ao
local, mas ao contrário. O primeiro surge das inúmeras práticas locais e do seu
processamento, ou seja, o local é redescoberto, modificado, enriquecido e
adaptado em cada ato de recriação do conhecimento (Gerhardt, 2001, p.104). O
saber dos vencidos é respeitado e valorizado nas obras de Freire. E isso nos
remete a lembrar da educação popular, que trouxe significativas reflexões sobre
os sujeitos colocados à margem da sociedade capitalista, no qual o oprimido deve
sair dessa condição de opressão a partir do estímulo da consciência de classe
oprimida. Esses dois pontos interessam ao refletir sobre a educação decolonial.
Da mesma
forma que o clássico Livro de Paulo Freire “Pedagogia do Oprimido” apresenta
maneiras de desconstruir o mito da estrutura opressora, o ponto de vista
decolonial caracteriza diferentes estratégias para a desconstrução da narrativa
eurocêntrica. É importante salientar, pondera os adeptos da educação
decolonial, que o colonialismo não acabou com a independência. É necessário
buscar o conhecimento dos vencidos. Assim, a obra de Freire converge com
algumas das principais matrizes críticas de pensamento latino-americano e
africano nos últimos anos. De acordo com Camila Penna, a proposta da perspectiva
decolonial, tem assim, como a obra de Freire, um valor pedagógico na medida que
questiona os referenciais eurocêntricos a partir dos quais o conhecimento na
área das Ciências Sociais é produzido (2014) A autora apresenta diferentes
estratégias para reverter a “colonização do ser” que aparecem tanto em Freire
como nos autores pós-coloniais, como revolução, objetivação da mitologia
opressora (ou eurocêntrica), deslocamento do lugar de fala, e valorização do
conhecimento fronteiriço. É na luta dos movimentos sociais e populares que o
conhecimento dos vencidos está a se produzir. O projeto se insere nessa luta.
Em sua
obra, “Cartas à Guiné-Bissau”, Freire relata experiências de suas visitas
aquele país africano com o propósito de alfabetização da população local sem a
perspectiva da educação colonialista, “(...) porque a Guiné-Bissau não parte do
zero, mas de suas fontes culturais e históricas, de algo de bem seu, da alma
mesma de seu povo, que a violência colonialista não pode matar” (Freire, 1978,
p.10). O próprio autor também salienta que, “(...) a educação colonial herdada,
de que um dos principais objetivos era a ´desafricanização´ dos nacionais,
discriminadora, mediocremente verbalista...” (1978, p.15). Freire identificou
nas lutas de libertação a libertação política, e também cultural do povo
guineense. Assim buscou a superação do passado recente opressor olhando para a
própria realidade, múltipla e complexa da população daquele país africano. O
silenciamento das memórias é consequência do colonialismo, o que o autor
pretendia combater. Muitos autores da Educação Decolonial se inspiraram nas
obras de Freire.
Algumas
políticas públicas surgiram recentemente e foram importantes nessa luta pela
decolonialidade. A Lei de História da África, como citada acima, nas escolas
trouxe elementos importantes para o ambiente escolar, principalmente em termos
de materiais didáticos, mas foi insuficiente e pouco mudou a realidade nas
instituições. O racismo ainda está entranhado na estrutura escolar.
Nos
currículos pouco vemos pesquisadores negros, heróis negros, e ao trazê-los
tensões muitas vezes surgem. É necessário buscarmos outros saberes. É
fundamental não hierarquizar os saberes. Os conhecimentos tradicionais, vistos
como senso comum, traduzem a visão eurocêntrica, ainda fortemente persistente
no ambiente escolar.
Democratizar
o conhecimento. Reinventar a escola. É dessa maneira que o pensamento
decolonial busca derrubar a colonialidade, que se mantém com o racismo, por
exemplo. Nas próprias palavras usadas no dia a dia escolar percebemos isso,
como a ideia de escravo/ escravizado. Em uma sociedade racista como a nossa,
não ser racista é um exercício. Em sociedade homofóbica, não ser homofóbico é
um esforço. Desta forma, opressões raciais, de gênero e sexualidade nos
atravessam, e estamos em uma teia que nos coloca ora na posição de oprimidos,
ora de opressor e em casos nas duas ao mesmo tempo (SILVA, 2017, p.156)
É no
racismo epistemológico que devemos sublinhar. O conhecimento não-europeu não
deve ser inferiorizado. Está na “ecologia dos saberes”, para trazer o conceito
do autor português Boaventura Sousa Santos, o diálogo entre os vários
conhecimentos que podem ser considerados importantes para os avanços das lutas
sociais. Desta maneira vamos combater a hegemonia monocultural, de padrão
único, androcêntrica (cultura masculina predomina) e ligado a branquitude. As
vozes subalternizadas precisam ser reconhecidas no cotidiano, em especial, no
dia-a-dia escolar. Isso porque percebemos facilmente traços da colonialidade no
ambiente escolar.
Dessa
forma assistimos uma espécie de genocídio cultural que silenciam vozes,
narrativas, culturas e conhecimentos. É a ideia da epistemologia do norte, a
reprodução do saber dos vencedores, seja na escola ou na universidade. É a leitura
eurocêntrica da produção do conhecimento. Buscamos a epistemologia do sul, como
afirma Boaventura Souza Santos, “O colonialismo(...) foi também uma dominação
epistemológica, uma reflexão extremamente desigual entre os saberes que
conduziu à supressão de muitas formas de saber próprias dos povos e nações
colonizadas...”. Não se trata aqui de mudar o foco eurocêntrico para outro de
raiz africana, latina, dos povos originários ou até oriental, apenas dar ênfase
na diversidade cultural, racial, social da sociedade brasileira.
Mas
existem resistências, como por exemplos a educação antirracista, as políticas
de cotas, a teoria da decolonialidade e os movimentos sociais. Assim, buscamos
essa brecha decolonial (WALSH, 2017), uma fissura no sistema que permite
trabalhar com outros saberes. É na luta que se produz o conhecimento dos
vencidos. A pensadora negra estadunidense bell hooks, em seu livro, Ensinando a
transgredir (2019), defende que a educação como prática libertadora é aquela
que se propõe a conhecer o que está além das fronteiras do aceitável, criando
novas visões. Para tanto, uma proposta epistemológica que critica o pensamento
hegemônico e sua pretensa universalidade, tal qual a decolonial e sua imensa
variedade interna, se coloca como um ponto de partida fundamental na tentativa
de criação de uma educação que aumenta nossa capacidade de ser livres (2019,
p.13). O projeto se insere nesse contexto, pois o professor não é um mero
reprodutor do conhecimento, é sim um produtor do conhecimento.
Conclusão
Buscamos
apontar que a colonialidade ainda é um traço marcante na educação brasileira. E
isso traz problemas. Na sociedade racista como a nossa, não reconhecer o
conhecimento de povos historicamente marginalizados é uma violência contra o
outro em termos de saber. A modernidade tem que ser vista em sua pluralidade e
amplitude, e não apenas como o viés eurocentrada. O pensamento decolonial visa
ocupar as brechas nos currículos escolares. Não se trata de negar o
conhecimento europeu, mas sim dar vozes a segmentos da sociedade que são
constantemente silenciadas. O conhecimento não-eurocêntrico não é reconhecido
como válido, e é nessa linha que a Educação Decolonial pretende combater.
Algumas políticas públicas já atuam nessa direção. Movimentos sociais e
intelectuais engajados também participam ativamente dessa busca por novas
narrativas. Esse artigo se insere nesse contexto.
Referências biográficas
Dr. Rodrigo de Souza Pain é
doutor em Ciências Sociais, na área de Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade
(CPDA-UFRRJ), Professor Adjunto de Sociologia da Universidade do Estado do Rio
de Janeiro (UERJ) e Coordena o Projeto Prodocência Núcleo de Estudos
Afro-Brasileiro de Ensino de Sociologia.
Referências bibliográficas
BRASIL. COMITÊ NACIONAL DE
EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS. Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos.
Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Ministério da Educação,
Ministério da Justiça, UNESCO, 2007. 76p.
FANON, Frantz. Pele negra,
máscaras brancas. Salvador: EDUFBA, 2008.
FREIRE, P. Cartas à
Guiné-Bissau. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978
HOOKS, Bell. Ensinando a
transgredir. Editora WMF Martins Fontes. São Paulo, 2019.
GERHARDT, H.P. “Educação
libertadora e globalização”. In FREIRE, A.M.A (org.).A pedagogia da libertação
em Paulo Freire.São Paulo: Editora Unesp, 2001.
PARLERMO, Zelma. “La
Universidad Latinoamericana en la encrucijada decolonial”. Revista de Estudos
Críticos. Universidad Nacional del Comahue, n.1, ano, 1, 2010.
PENNA, Camila. “Paulo
Freire no pensamento decolonial: um olhar pedagógico sobre a teoria
pós-colonial latino americana”. Revista de Estudos e Pesquisas sobre as
Américas, v.8,n.2, Universidade de Brasília, 2014.
SANTOS, Boaventura. de
Sousa. Para além do pensamento abissal. In: SANTOS, Boaventura.de Sousa;
MENESES, Maria Paula. Epistemologia do Sul. São Paulo: Cortez, 2010.
SILVA, Daniel Vieira.
“Diálogos sobre a escola e diferença: uma perspectiva interseccional sobre o
cotidiano escolar”. Revista Interinstitucional de Artes de Educar. Rio de
Janeiro, V.3.N1, pp.154-169.
WALSH, Catherine. Lo
pedagógico y lo decolonial: entretejiendo caminos. Pedagogías decoloniales:
prácticas insurgentes de resistir, (re)existir y (re)vivir. Tomo 1. Quito,
Ecuador: Ediciones Abya-Yala, 2017.
Gostaria de parabenizá-lo pelo seu excelente artigo. Poderia me dizer como uma diretora de instituição educacional, de chão da escola, pode desenvolver as ferramentas decoloniais com seu colegiado e também com os estudantes?
ResponderExcluirObrigado pela pergunta. Certamente passa por valorizar a cultura local. Trazer a comunidade para a escola. Com os estudantes, valorizar as memórias afetivas, os antepassados, e também os locais, construções... Uma boa estratégia é a utilização de fotografias e depoimentos dos pais e avós dos discentes. Quem sabe uma exposição sobre o bairro ou a região? Isso levanta a autoestima e cria uma ótima sensação de pertencimento. Com os docentes, o estímulo a leitura de autores decoloniais, principalmente na área de humanas. Incentivar a pesquisa, afinal, o professor também é pesquisador. Trazer a história que a história não conta nos livros. Outros heróis e outras narrativas merecem ser valorizadas no contexto de escola plural e democrática. Também buscar nas secretarias estaduais o apoio na educação continuada. O docente tem que estar sempre se atualizando e por isso merece respaldo institucional.
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ResponderExcluirDr. Rodrigo, obrigado pelo texto e inspiração. Gostaria de saber sua opinião a respeito das iniciativas de ensino que buscam formas dos indivíduos aprenderem questões importantes e específicas das matérias escolares por meio dos seus interesses genuínos, exemplo: um aprendiz que resolve questões matemáticas enquanto se dedica ao corte e costura, seu interesse naquela fase, que pode ser aprofundando ou alternado com outros interesses que lhe proporcionarão conhecimentos diversos. O indivíduo como protagonista do seu aprendizado e não a instituição. A materia escolar aplicada em um interesse é não de forma isolada. Esse modelo de ensino tambem não é validado apesar de ter apresentado índices de aprovações nos vestibulares. E as universidades estariam preparados para alguém que se desenvolveu desta forma? Pelo seu artigo pouso a dizer que não.
ResponderExcluirMais uma vez obrigado pela pergunta. Esse seria o cenário ideal. Mas a máquina burocrática, principalmente nas redes estaduais impede isso. Por outro lado, acredito que experiências nesse sentido devem ser estimuladas. Penso que em congressos e simpósios, os ensaios e testes orientados para esses propósitos devem ser estimulados, aliás, esse simpósio virtual é um exemplo. Os currículos não podem ser engessados, ao contrário, devem servir de reflexão constante, servindo para as demandas dos discentes e da sociedade. As escolas não podem focar apenas o ENEM, e sim servir como instituições capazes de formar cidadãos críticos, que reflitam constantemente sobre a sua realidade, e que estejam atentos as transformações na sociedade.
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ResponderExcluirLembro que a Reforma do Ensino Médio tentou tratar dessas questões. Mas com a mudança de governos (também a pandemia, extremamente relevante - visto a ausência da presença física dos atores), que não conversam sobre essas questões (divergências ideológicas sobre a educação), pouco avançou em aprofundar o debate com os agentes que envolvem a comunidade escolar. Assim, tal Reforma foi feita de maneira complexa, o que está provocando instabilidade nos colégios hoje em dia.
ResponderExcluirObrigada pela resposta, sou o Ricardo e por um equívoco publiquei como anônimo. Tenho a impressão que as novas gerações vem provocando mudanças de forma gradual e linear, por meio da pressão por modelos mais inovadores que os ensinem dentro e fora de sala de aula, levando em conta seu entorno e cotidiano, e que em algum momento não haverá outra opção que não seja conversar sobre isso e promover as mudanças necessárias.
ResponderExcluirEnquanto isso o apoio aos professores, que estão na linha de frente, especialmente os das escolas estaduais, se torna essencial.
O seu livro didático é um excelente exemplo de fonte de pesquisa para os alunos e apoio aos professores. Gostaria de aproveitar e parabenizar você e aos outros autores.
Um abraço.
mediante as intrínsecas dificuldades do ensino do conteúdo de história em relação aos vários conteúdos ministrados como seria uma das maneiras efetivas de criar ferramentas e metodologias para descolonizar a escola ?
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ResponderExcluirGostaria de parabenizá-lo pelo texto e fazer uma participação com duas perguntas.
ResponderExcluirMesmo com um progresso lento, algumas iniciativas, leis e projetos estão sendo produzidos a favor dessa descolonização, seria otimista da minha parte dizer que daqui a alguns anos, se o sistema educacional não decair ainda mais, os novos estudantes terão pelo menos uma base maior sobre o assunto, mas minha dúvida é, como poderemos alcançar as pessoas que já não estão mais no período escolar?
Desculpe pela referência, mas Gandalf, mago cinza de Senhor dos Anéis diz: "são as pequenas coisas, as tarefas diárias de pessoas comuns que mantém o mal afastado" o senhor acredita que apenas os professores em suas salas isoladas poderão fazer a diferença ou necessita de uma grande reforma no ensino para ser possível essa descolonização?
Concordo, a Lei de História da África e cultura afro-brasileira nas escolas é um exemplo. Bom, não é fácil alcançar as pessoas que já não estão no período escolar, mas algo me diz que passa pela grande mídia e internet. É necessário desconstruir algumas pautas no jornalismo, por exemplo. África e América Latina só são notícias em tragédias.
ExcluirParabéns pelo trabalho, Rodrigo!
ResponderExcluirNa sua opinião, quais propostas e atividades pedagógicas poderiam ser utilizadas nas aulas de história, buscando desconstruir as narrativas eurocêntricas existentes a respeito dos povos indígenas?
Mauren Gabriele Bitencourt Ventura
É um desafio, Mauren. Sou autor de livro didático de Sociologia, e já fomos acusados de fazer um livro do viés urbano. O Brasil é gigante e múltiplo. Acredito que o caminho seja buscar a antropologia, sem dúvida. Temos ótimos trabalhos de antropólogos que merecem ser revisitados. Fazer a transposição didática desses trabalhos é fundamental.
ExcluirBoa noite, gostaria de dar meu apoio e participar com duas questões. Me chamo Daniela dos Santos Sampaio.
ResponderExcluirApesar da tentativa de modificar o currículo e promover a retomada de protagonismo histórico para os povos originários da América por parte dos educadores que gerenciam o atual sistema educacional, observa-se que as bases do currículo são eurocêntricas. De que forma essas bases poderiam ser modificadas?
: A marginalização dos povos originários reproduz os preconceitos produzidos durante o processo de colonização e transmitidos através da extensão, entretanto a pesquisa aponta que não se trata de negar os conhecimentos trazidos com os europeus. Como esses conhecimentos podem ser trabalhados em uniformidade no currículo para melhor estruturação do corpo social?
Obrigado Daniela pela pergunta. Como citei acima à Mauren, acredito que a história deve dialogar mais com a antropologia. Isso não seria novidade, visto que as disciplinas muitas vezes são complementares. O desconhecimento de questões importantes com relação aos povos originários deve ser combatido com a aproximação dos antropólogos. Dar visão a esses trabalhos é fundamental, assim como fazer a transposição didática para livros escolares.
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