Alaide Matias Ribeiro

QUAL HISTÓRIA DA ÁFRICA? REFLEXÕES SOBRE O ENSINO DA ÁFRICA ANTIGA NO ENSINO SUPERIOR

Alaide Matias Ribeiro

 
Introdução
 
O ensino de História e cultura da África ou da temática afro-brasileira nos currículos do Ensino Básico brasileiro se tornou obrigatório com a implementação da Lei n° 10.639/2003. Esta acrescentou à Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB, 1996) os artigos 26-A e 79-B, que estabelecem, respectivamente: o ensino sobre cultura e história afro-brasileiras e especifica que o ensino privilegie a história da África e dos africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra e o papel do negro na formação da sociedade brasileira; a inclusão, no calendário escolar, do Dia Nacional da Consciência Negra em 20 de novembro. Importa considerar que esse ensino não está restrito à disciplina de História ou à área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, pois os temas também devem ser desenvolvidos nos campos da Arte e Literatura brasileira. O principal resultado esperado desse empreendimento era tornar conhecida a contribuição histórica, social e cultural dos africanos e seus descendentes. No entanto, argumentamos que, para a efetivação desse ensino, é necessário tanto a profissionalização dos professores, nos cursos de licenciatura, em especializações ou em formação continuada, como a produção de material e recursos didáticos específicos e de qualidade.
 
Tendo em vista a formação do professor de História na contemporaneidade, especialmente, no recente contexto de pandemia de COVID-19 no Brasil, particularmente, em 2020-2021, o objetivo deste artigo é apresentar um estudo de caso sobre a experiência de ensino da história da África no interior da disciplina de História Antiga I, modalidade ensino remoto, durante o processo de docência assistida. Dessa forma, esta comunicação se baseia em uma aula ministrada em uma disciplina da graduação em História. A aula foi desenvolvida em dois dias pela autora que, na época, era discente do curso de Mestrado no Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PPGH-UFRN/Campus Natal), sob a supervisão e orientação da professora doutora Marcia Severina Vasques. A ênfase se dará nos conteúdos, referências e recursos didáticos selecionados para a aula e no que foi enunciado pelos próprios discentes no decorrer da mesma e na avaliação final da disciplina. Vale ressaltar que o objetivo da discussão da África antiga foi pensado de modo a contribuir para com a apresentação do que Funari (2018, p. 195) enunciou como uma representação mais complexa, profunda e inspiradora da África no contexto escolar brasileiro.
 
A docência assistida no Ensino Superior foi implantada pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Ensino Superior) no Artigo 22 da Portaria nº 34/2006 que considera a atividade uma parte integrante na formação do pós-graduando. No caso da UFRN, o estágio docência só pode ser realizado desde que o discente tenha cursado um componente curricular optativo e que não computa carga horária intitulado Docência no Ensino Superior. De forma geral, os discentes aptos devem realizar o processo junto a uma disciplina do curso que se aproxime com a temática desenvolvida na dissertação de mestrado ou tese de doutorado, especialmente, com a supervisão do(a) docente da disciplina que é o(a) orientador(a) do pós-graduando. No presente caso, ao desenvolver uma pesquisa que discute uma construção espacial da África proveniente de um discurso do século I a.C., a disciplina selecionada para o processo de estágio docência foi de História Antiga I, ministrada pela orientadora da pesquisa citada anteriormente.
 
Desenvolvimento
 
Atualmente, de acordo com o atual Projeto Pedagógico do Curso de História, modalidade licenciatura e presencial, da UFRN/Campus Natal, lançado em 2018, a disciplina História Antiga I é ofertada no segundo período do curso, totalizando todo um semestre. É ministrada em dois turnos, manhã e noite. A disciplina é obrigatória tanto para a Licenciatura como para o Bacharelado, constituindo uma das primeiras disciplinas que os discentes ingressantes entram contato no curso. De acordo com o modelo presencial do curso de História, a disciplina tem carga horária de 60 horas, com aulas em dois dias na semana, segundas e quartas-feiras, nos segundos e terceiros horários do turno matutino. No entanto, devido ao contexto da pandemia de COVID-19 e as medidas sanitárias adotadas como a suspensão das atividades presenciais em instituições de ensino superior e básico, o estágio docência foi operacionalizado a partir de um novo modelo de ensino: o ensino remoto. Além dos encontros síncronos serem realizados na plataforma Google Meet, a carga horária precisou ser mantida, apesar das dificuldades advindas do atraso do semestre anterior referente ao primeiro semestre de 2020.
 
A História Antiga nas instituições de ensino superior no Brasil, em especial, as públicas, ainda é uma área de especialidade que ainda está em desenvolvimento nos cursos de História. E, apesar de ser incentivada pelos profissionais da área, é possível identificar que é uma área que, na visão de professores de outras áreas de especialização de História, não vêm a contribuir com a formação do discente brasileiro em História, seja na licenciatura ou no bacharelado, ou mesmo na formação cidadã do estudante do Ensino Básico. Essa ideia pôde ser apreciada na publicação da primeira versão da Base Nacional Comum Curricular (BNCC, 2016), que excluiu os temas relacionados à História Antiga do currículo escolar. Além disso, há aqueles que identificam uma problemática no curso de História relacionada à divisão quadripartite da História (Antiga, Medieval, Moderna e Contemporânea) e não temática. Discordamos dessa perspectiva e consideramos que a disciplina de História Antiga I, ao discutir as antigas sociedades do Oriente Próximo e do norte e nordeste da África antes da era comum, pode contribuir para com a formação do docente que atuará no Ensino Básico.
 
É preciso considerar que cada disciplina ofertada em um curso superior segue um parâmetro curricular definido pelo regimento interno do mesmo, produzido pelo corpo docente. Inicialmente, destaco o plano de curso de História Antiga I ministrado no segundo semestre de 2020 que, todavia, em razão da pandemia, foi ministrada apenas no primeiro trimestre de 2021, especialmente, sua ementa, as competências e habilidades propostas e os objetivos. O plano de curso da disciplina História Antiga I (60h de carga horária) tem como ementa a introdução ao estudo da Antiguidade, seus conceitos e historiografia; os aspectos políticos, sociais, econômicos e culturais das sociedades orientais antigas e seu legado cultural. Com relação às competências e habilidades, destacam-se: a compreensão da História como um campo de conhecimento relacionado com outras formas de conhecimento e apreensão do mundo; o entendimento da complexidade dos processos históricos e suas diversas modalidades de combinações no tempo e espaço; a identificação das fronteiras entre a História e outras áreas do saber a partir da percepção das especificidades do conhecimento histórico. Por fim, os objetivos foram relacionados à (1) apresentação dos fundamentos dos estudos da Antiguidade e o seu lugar na historiografia contemporânea, (2) introdução aos conceitos, fontes e métodos próprios da História Antiga, (3) ao fomento da discussão historiográfica e arqueológica nos ramos da Egiptologia e Assiriologia, (4) compreensão do legado cultural das sociedades do Oriente e África antiga e suas formas de organização social, política, econômica, cultural e religiosa, e (5) discussão das fórmulas e modelos de releituras contemporâneas do Mundo Antigo. A aula proposta foi inserida como a primeira atividade da segunda unidade da disciplina, voltada à discussão das sociedades do nordeste da África: Egito, Núbia e Axum.
 
Experiência em Sala de Aula
 
As principais referências textuais utilizadas e indicadas para os discentes foram o artigo A África na Antiguidade de Gilvan Silva (2007), o capítulo Debates e Combates do livro África Negra: história e civilizações de Elikia M’Bokolo (2008) e o capítulo A paisagem e o homem no livro A enxada e a lança de Alberto da Costa e Silva (2011). Os textos foram disponibilizados em língua portuguesa e de forma prévia à aula. Esta, foi pensada como um acontecimento, uma aula que tem como inspiração o movimento e a ênfase no humano e na sua complexidade, recusando da permanência do mesmo e da fixação mórbida no passado (GERALDI, 2010, p. 100). Assim, a aula foi organizada em dois movimentos principais. No primeiro com a discussão dos aspectos gerais sobre o continente, sem necessariamente fazer uma aproximação inicial com a temática da África antiga. Depois, o aprofundar da discussão tratando das percepções da África na Antiguidade e, por fim, a apresentação de como a África foi debatida no contexto da produção historiográfica dos séculos XIX e XX a partir de duas questões: A África tem uma História? Qual o lugar da África na História da Humanidade? O segundo movimento foi dedicado aos estudos de caso: o Egito e a Núbia. Apesar de ressaltarmos os dois movimentos, a ênfase se deu no primeiro com as questões relativas à discussão teórica e historiográfica.
 
Dois movimentos
 
No primeiro movimento, o primeiro tópico apresentado foi dedicado a discussão dos aspectos gerais do continente africano: seus aspectos geográficos (morfologia, hidrografia, topografia, clima, flora e fauna), sua diversidade linguística de acordo com a classificação de Greenberg: a afro-asiática (egípcio, semítico, cuxita e chádico), a níger-cordofaniana, a Nilo-saariana e a khoisan (COSTA E SILVA, 2011, p. 33-34), e, por fim, as divisões convencionadas do continente: em duas partes, a África Mediterrânica e a África Subsaariana; em três partes, a África Atlântica (ocidente), do Sael (norte) e Índica (oriente); e em cinco partes, a África setentrional, ocidental, central, oriental e meridional. A introdução buscou demonstrar aos discentes a extensão do continente, enfatizando que a África não deve ser percebida como uma unidade territorial e cultural. Depois de explanado os aspectos gerais sobre a África refletimos sobre o que foi considerado África na Antiguidade.
 
Para isso, utilizamos mapas que representam o mundo habitado e conhecido no período, produzido com bases em discursos escritos em grego e em latim, isto é, de agentes externos ao continente, as quais são consideradas, para Mokhtar e Vercoutter (2010, p. XXXII-XXXIII) e M’Bokolo (2008, p. 45-46), pouco adequadas e de difícil exploração. Dentre os utilizados, destaca-se o mapa dos geógrafos Eratóstenes e Estrabão para quem a África antiga se resumia a uma faixa mediterrânica ao sul da Europa ao norte, limitando-se a oeste no Atlântico ou Mar Exterior, a leste com o Mar Vermelho e ao sul pelo deserto do Saara, cujo próprio limite era desconhecido. A porção subsaariana do continente era desconhecida tanto que Estrabão (século I a.C. e I d.C.) argumentava que a Líbia, como era denominada na terminologia grega, poderia ser menor que a Europa e a Ásia, os demais continentes da oikoumene. A partir da representação do mapa, chamamos a atenção dos discentes para o tipo de terminologia presente no registro cartográfico e o que os termos poderiam indicar não só a origem ou base das informações que serviram para compô-lo, mas também o que se poderia depreender a partir dos termos. Em seguida, a questão da terminologia foi aprofundada com a apresentação das fontes que podem ser utilizadas para discutir esse espaço. Fontes escritas como relatos de viagens, crônicas, manuscritos oficiais; fontes arqueológicas como objetos de ferro, cerâmicas, vidro, vestígios alimentícios, estruturas geomorfológicas, hidráulicas e vegetais; e, no caso da África contemporânea, as fontes orais como discursos épicos, prosaicos, didáticos e éticos.
 
Com relação ao termo “África” ou relacionados a ela nos tipos de fontes citadas, destacam-se, particularmente, seis hipóteses: (1) derivada do nome de um povo berbere que estava situado ao sul de Cartago, atual Tunísia, chamado afrig; (2) o termo fenício pharikia que significa “região das frutas”; (3) do termo grego apriké, “isento de frio” e do latim, aprica, “ensolarado”; (4) uma raiz de origem fenícia, farada, “separação/diáspora”; (5) do árabe, afar, “pó, poeira” e afri, “povos poeirentos”; (6) do sânscrito e do hindi, apara/africa, “ocidente, à oeste” (KI-ZERBO, 2010, p. XXXI). Percebe-se que a terminologia utilizada para designar a África antiga por povos mediterrânicos e asiáticos se relacionam aos elementos característicos do espaço, particularmente, da sua geografia física, e seu posicionamento geográfico. Esse tópico foi pensando para fazer com que os estudantes reflitam como a produção do espaço e do território, no caso, mediado pelo olhar do Outro, passa pela problematização da terminologia porque o nome será uma das primeiras formas de fazer conhecer o espaço.
 
Assim, outro tópico relacionado às formas de conhecimento da África foi a problematização de como o espaço foi conhecido na Antiguidade. Para isso, apresentamos oito episódios presentes na literatura que indicam o interesse e a possibilidade desse conhecimento: o périplo da costa africa realizado por fenícios a mando do faraó egípcio Necau no século VI a.C.; a circunavegação da África por Sataspes a mando do rei persa Xerxes no século V a.C.; a expedição de Hanão com o objetivo de circunavegar a África; a viagem de Políbio, no século II a.C., para reconhecimento de territórios cartagineses no litoral atlântico; a descrição do Egito, Etiópia e Líbia na Geografia de Estrabão; a descrição da África subsaariana do geógrafo Pompônio Mela no século I d.C.; a descrição dos povos do centro da África na História Natural de Plínio, o Velho, no século I d.C.; e, por fim, a elaboração do mapa da África na Geografia de Ptolomeu no século II d.C. Com relação aos povos que são identificados nessas fontes, à exceção dos egípcios e núbios, foi possível sistematizar dois grupos principais: os líbico-berberes (mouros, númidas, getulos) e saarianos (farúsios, nigritas, garamantes). Novamente, a terminologia que apresenta os grupos indígenas (KORMIKIARI, 2001, p. 14) são de origem grega e romana.
 
A finalização do primeiro movimento é concluída com a problematização da História da África e do lugar esse espaço tem na História da humanidade. Para isso, foram selecionados três excertos de autores dos séculos XIX e XX (Hegel, Pittard e Seligman) por pautarem seus argumentos negativos com relação à África e dos africanos pautados em conceitos como raça, etnia e difusionismo. As conclusões convergem no sentido de negaram totalmente a África como uma parte histórica do mundo e atribuírem uma inferioridade, à exceção do Egito, dos africanos, particularmente, dos subsaarianos. A partir dessa produção historiográfica inicial, apresentamos a modificação do quadro teórico e as novas abordagens da História da África a partir do movimento de descolonização após a Segunda Guerra Mundial, a multiplicação de estudos produzidos por pesquisadores africanos e africanistas como Cheikh Anta Diop e Martin Bernal, a renovação conceitual e a revalorização da História da África a partir dos estudos das sociedades do Egito, Meroé e Axum. Além dos debates acadêmicos, abordamos as perspectivas fora do ensino superior, em especial, o Kemetismo.
 
O segundo movimento foi dedicado aos estudos de caso de dois territórios do nordeste da África antiga, o Egito e a Núbia. O objetivo era apresentar os aspectos gerais (historicização da cronologia, escritas, recursos humanos e naturais, as concepções endógenas e estrangeiras sobre os povos egípcios), as confluências (aspectos religiosos e funerários) e divergências entre as sociedades, já que o aprofundamento se daria no decorrer da unidade.
 
Resultados
 
Com relação à participação discente foi possível perceber o interesse no tema, mas, também, a falta de referências prévias sobre o assunto. Dessa forma, para muitos, os tópicos discutidos, à exceção do Egito, eram desconhecidos. Assim, organizar a aula em dois movimentos, primeiramente mais teórico e depois os estudos de caso, foi profícuo para a compreensão do tema. Vale ressaltar que, apesar do interesse demonstrado via chat, poucos foram os discentes que expressaram dúvidas ao que estava sendo discutido. As questões que surgiram, por sua vez, estavam relacionadas aos conceituais como a aplicação da expressão “grupo indígena”. Ao final da disciplina os discentes responderam uma avaliação optativa da qual destacam-se duas questões: “Quais os assuntos discutidos que foram do seu interesse? Quais temas você gostaria de ter discutido na disciplina e que não foram apresentados?”. Além dos tópicos África (1), Egito (8) e Núbia (1) serem destacados, dois estudantes enunciaram que gostariam que o estudo da África tivesse sido aprofundado. O saldo final, tanto da disciplina como da aula, foi positivo. Mas, é importante ressaltar que, especialmente em decorrência do tempo e da especificidade da disciplina, a África antiga foi abordada de forma reduzida.
 
Conclusão
 
A partir dessa experiência particular foi possível refletir como otimizar a experiência de aprendizagem e diversificar a metodologia empreendida no ensino no modelo remoto. A proposto foi uma tentativa de contribuir para com o estudo da África antiga, área que ainda é pouco discutida se comparada à sua história moderna e contemporânea. Ao discutir o que poderia ser considerada África antiga colocamos em xeque o que Baptista e Vasques (2022, p. 51) identificaram como a acusação de que a História Antiga é eurocêntrica e distante da realidade dos alunos, uma disciplina inoperante na formação cidadã e um desafio para os recém-formados professores de História. Consideremos importante reavaliarmos as fontes disponíveis para conhecermos, analisarmos e problematizarmos os discursos elaborados sobre a África para discutir suas formas, modelos e estruturas de pensamento ou para identificar os aspectos considerados relevantes na composição do espaço. Mas é importante decolonizar o conhecimento. Assim, é relevante considerar o papel da Arqueologia e Antropologia no estudo dos vestígios materiais das sociedades da África antiga, particularmente, aquelas do norte da África que foram, ao longo da historiografia, identificados como grupos berberes. Para isso, ressalta-se a importância dos periódicos, palestras e comunicações disponíveis no meio eletrônico para a formação complementar do professor. Assim, os temas ampliaram com a possibilidade de discussão da diversidade cultural, étnica, religiosa, preconceito e etnocentrismo.
 
No entanto, considerando o objetivo principal proposto para a aula, destacamos que um desenvolvimento referente aos tópicos da história e historiografia sobre a África antiga deve ser mais desenvolvida em disciplina própria. Daí a importância da oferta, ao menos no caso do Ensino Superior, da disciplina História da África como um primeiro ponto de partida para a profissionalização do docente que atuará, posteriormente, no Ensino Básico e tratará, conforme estabelece a lei, conteúdos voltados para a promoção da História da África, afro-brasileira e indígena. Mas também é preciso que os tópicos relativos à África antiga sejam inseridos no plano de curso para ampliar o escopo tradicionalmente discutido, isto é, a África moderna e contemporânea.
 
 Referências biográficas

Alaide Matias Ribeiro, mestra em História pelo Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
 
Referências bibliográficas

BAPTISTA, Lyvia Vasconcelos; VASQUES, Marcia Severina. História Antiga: revisão historiográfica. In: (ORG.) SOUZA, Juliana Teixeira; OLIVEIRA, Margarida Maria Dias. O que se ensina e o que se aprende em História: a historiografia didática em debate. Ananindeua: Cabana, 2022. p. 49-75. 
 
BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. (1996). Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, 23 de dezembro de 1996. 
 
BRASIL. Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003 (2003). Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”, e dá outras providências. Diário Oficial da União, 10 de janeiro de 2003.
 
FUNARI, Raquel dos Santos. A África Antiga no Ensino de História. Heródoto, Unifesp, Guarulhos, v. 3, n. 2, 2018, p. 194-204.
 
GERALDI, João Wanderley. A aula como acontecimento. In: GERALDI, João Wanderley. A aula como acontecimento. São Carlos: Pedro & João Editores, 2010, p. 81-101.
 
KI-ZERBO, Joseph. Introdução geral. In: KI-ZERBO, Joseph (Ed.). História Geral da África, vol. I. Metodologia e Pré-história da África. Brasília: UNESCO, 2010.
 
KORMIKIARI, Maria. Grupos Indígenas Berberes na Antiguidade: a documentação textual e epigráfica. Revista de História 145, 2001, p. 09-60.
 
M’BOKOLO, Elikia. II. Debates e Combates. In: M’BOKOLO, Elikia. África Negra: história e civilizações. Salvador: EDUFBA; São Paulo: Casa das Áfricas, 2008, p. 45-63.
 
MOKHTAR, G.; VERCOUTTER, J. Introdução Geral. In: MOKHTAR, Gamal (Ed.). História Geral da África, vol. II. África Antiga. Brasília: UNESCO, 2010.
 
PORTARIA n. 34, de 30 de maio de 2006. (2006). Regulamento do Programa de Excelência Acadêmica – PROEX.
 
SILVA, Alberto da Costa e. A paisagem e o homem. In: COSTA E SILVA, Alberto da. A enxada e a lança. A África antes dos portugueses. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2011.

15 comentários:

  1. Fabrício José Pimenta de Araújo13 de setembro de 2022 às 10:26

    Bom dia prezada Alaide Matias Ribeiro! Queria parabeniza-la pela proposta de trabalho didático em trazer a história da África para a baila epistemológica. Embora não seja seu tema direto, gostaria de saber como proceder para verificar, de forma avaliativa, se o conteúdo foi apreendido de forma satisfatória.
    Cordialmente,

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    1. Obrigada pelo comentário e questão, Fabrício. Inicialmente, gostaria de dizer que como as aulas ministradas sobre o tema foram parte de uma sequência de aulas para uma unidade, não propus uma avaliação sobre esse conteúdo em específico. O que realizei com o fim de verificar o impacto dos conteúdos nos discentes foi a produção de um formulário simples, realizado no aplicativo Formulários do Google, não obrigatório e já ao final da disciplina, questionando os discentes sobre os conteúdos ministrados e aqueles que poderiam ter sido aprofundados. Agora, refletindo sobre a experiência, creio que uma forma positiva de verificação da apreensão ou compreensão dos conteúdos seria a aplicação de uma questão simples como, por exemplo, “O que você sabe sobre a África na Antiguidade?”, antes das aulas em que os temas seriam discutidos (África antiga, perspectivas historiográficas, Egito, Núbia, Etiópia), e que poderiam ser respondidas por meio de fórum online da turma (caso o sistema da instituição de ensino tenha essa ferramenta) ou lançada em sala de aula (caso o modelo de ensino não seja o remoto). Dessa forma, o docente poderia fazer uma sondagem do conhecimento prévio dos discentes, orientar sua prática articulando os conteúdos previstos na ementa da disciplina e o que foi identificado ou não pelos estudantes, e comparar, ao longo das aulas (através da participação da turma na discussão proposta, seja pelo lançamento de dúvidas ou de comentários... ou mesmo pela não participação ativa) e após estas, se houve avanços no conhecimento e uma interpretação coerente sobre a matéria. Uma forma eficaz para fazer esse balanço após a conclusão das aulas seria a aplicação de um formulário (como foi realizado) ou a proposta de produção de um texto dissertativo (solicitando que os discentes, individualmente, discorram sobre sua experiência em relação à temática antes e após as aulas, enfatizando os principais aspectos tratados e os tópicos de interesse) ou ainda a proposição de um novo fórum (“O que é a África antiga? Quais as fontes para o estudo? Quais perspectivas historiográficas ou possibilidades de pesquisa?”). Bom, essas são algumas formas avaliativas que considero positivas, mas é sempre necessário considerar os perfis dos discentes para pensar em outras possibilidades avaliativas, se tradicionais ou mais criativas. Além disso, é preciso ter em mente o contexto geral e do espaço/tempo proposto para o desenvolvimento da disciplina como um todo. Espero ter respondido e obrigada por me fazer pensar sobre a questão. - Alaide Matias Ribeiro

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  2. Boa Tarde Alaide. Adorei sua ideia de centralizar o foco e os estudos em África, e se atentar para as complexidades e contribuições deste vasto continente tão injustiçado ao longo de nossa história, problematizar o que esse continente significou no passado, e o que ele representa nos dias atuais, possibilita uma desconstrução de um ensino eurocêntrico e colonizador, e abre caminho para um ensino plural, inclusivo e crítico. E sem dúvida impacta diretamente os alunos em formação. Esse ato de nos atentarmos a história africana se traduz em contarmos a história a contrapelo, além de estar inspirando os futuros professores a fazer o mesmo. A minha pergunta, mesmo que básica, me impede te ter tranquilidade ao tratar sobre o tema. Como dar seguimento aos estudos diante de uma resistência da sala de aula ao tratar sobre o tema? . Pelo que pude reparar, por conta da influência que sofremos da mídia e construção social que recebemos, a maioria das crianças tem no imaginário que a palavra África remete a coisas "negativas, empobrecidas, rasas, incompreensíveis e tensas", isso se deve ao fato de existirem processos estruturais que fabricam e reproduzem essas ideias. Como contornar isso? como instigar a curiosidade da sala? evitar uma resistência moral de alguns? driblar os preconceitos e estereótipos? para que possamos debater a complexidade e subjetividade desse continente, como ele é visto atualmente, e como esse olhar atual limita nossa compreensão a cerca de África Antiga. Adorei o texto. Obrigado,

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    1. Obrigada pelas questões, Lucca. Primeiramente, deixe-me dizer que não tive a experiência de ministrar esses temas no ensino básico (Fundamental II e Médio). Então, a resposta que enuncio aqui resulta de uma reflexão sobre as possibilidades que eu, como docente, tomaria nesse nível do ensino. Mas, como cada contexto escolar é distinto, é possível que os discentes dessas fases podem sim apresentar uma resistência. E se for o caso, creio que o docente pode usar essa mesma resistência para iniciar ou dar prosseguimento à discussão do tema. Uma possibilidade seria partir das próprias ideias dos alunos, questionando-os sobre quais as “imagens” que eles tem em mente quando pensam ou falam sobre África e o porquê de eles considerarem (ou não) o conteúdo relevante ou mesmo interessante. A partir desse momento, o docente pode iniciar um trabalho de desconstrução e utilizar, para isso, não só as produções historiográficas, mas também outras áreas da ciência que dialogam com a História como a Arqueologia, o Cinema, a Literatura e as Artes Visuais e podem ser bastante profícuas no desenvolvimento da compreensão da complexidade dos países e espaços africanos, sejam na contemporaneidade ou mesmo no Mundo Antigo. Para contornar o imaginário negativo e simplista sobre a África, o professor deve capacitar os alunos para que eles desenvolvam o pensamento crítico e, dessa forma, fazer com que os próprios discentes consigam identificar tais narrativas estereotipadas, bem como os processos e os reprodutores das quais resultam e se disseminam. Uma ideia interessante seria trabalhar em sala de aula justamente com recortes e excertos de textos, vídeos e outros materiais que apresentam aspectos positivos e negativos sobre a África para que os discentes possam, a partir de uma análise orientada pelo docente, conseguir realizar uma crítica externa e interna dos documentos. A curiosidade pode ser instigada com o uso de recursos visuais (apropriados à faixa etária dos discentes) ou até mesmo lúdicos (gamificação). Agora, sobre a resistência “moral” e os preconceitos que podem ser explícitos ou não, o docente deve ser capaz de ministrar os conteúdos e determinados temas (por exemplo, as religiões na África ou de matriz africana no Brasil) a partir de uma perspectiva própria da África, e em seguida, proceder à discussão comparada que vai possibilitar que os discentes compreendam como cada povo define seu próprio mundo e cultura e como, na visão de cada grupo, suas definições aparecem como coerentes a si mesmas e distintas dos Outros. Assim, podemos sair de dicotomias como certo/errado, bem/mal, civilizado/não civilizado etc. Como docente, na minha opinião, não é possível modificarmos em uma aula ou duas toda uma cultura preconceituosa que foi inculcada nos sujeitos. No entanto, ao apresentarmos, discutirmos e propusermos o debate sobre a África, considerando os processos históricos, os variados aspectos do continente, seus países e territórios, bem como reconhecendo as experiências dos diversos sujeitos africanos e africanas, podemos ampliar as ideias e criticar o senso comum. Essa ampliação é necessária para pensarmos o que constituía a África antiga, pois quando se pensa em África, especialmente considerando uma cronologia tradicional, o que surge é uma África moderna em conexão com o Brasil devido ao tráfico de escravizados africanos. Nós precisamos falar desse momento, mas não podemos ficar restritos a ele ou à África contemporânea como somente marcada pela experiência colonialista. Hoje, discutir o contexto “antigo” da África em sala de aula, considerando as fontes externas (discursos literários, históricos, geográficos e visuais de origem grega e romana) e internas (escritos e vestígios arqueológicos dos grupos berberes, fenícios, egípcios e núbios), é resgatar uma história da África, de espaços e sujeitos que por muito tempo foi relegada à margem do debate ou mesmo alijada da África. Novamente, obrigada pelas questões. Espero ter contribuído. – Alaide Matias Ribeiro

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  3. Bom dia. Alaíde Matias Ribeiro. A leitura do seu artigo é clara e objetiva proporcionando melhor compreensão sobre a temática história da África. Mas em relação a implementação da BNCC destacando a diminuição da carga horária da disciplina da história antiga I. Qual seria a metodologia de aplicação,para a obtenção básica dos conhecimentos do discente?

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    1. Obrigada pela questão, Rosimara. Bom, pensando no contexto do Ensino Fundamental I e II e a necessidade de desenvolver uma série de habilidades e competências que caracterizem uma atitude historiadora (dialogar, discutir, selecionar, reconhecer, caracterizar, identificar, descrever, contextualizar, comparar, associar, interpretar, analisar, compreender...), e, considerando a ênfase na discussão temática (“As questões históricas relativas às migrações”, 4º ano; “Povos e culturas: meu lugar no mundo e meu grupo social” e “Registros da história: linguagens e culturas”, 5º ano; em todas as unidades temáticas do 6º ano; e “O mundo moderno e a conexão entre sociedades africanas, americanas e europeias”, 7º ano), o docente pode trabalhar os conteúdos das mais diversas formas e utilizando os mais variados recursos (a depender do contexto da turma e da própria escola). Uma possibilidade de trabalho que, na minha opinião, resultaria em uma compreensão básica, seria a introdução dos conteúdos de forma comparada. Por exemplo, a discussão de aspectos relativos à história da África antiga ao problematizar o papel que foi legado às populações africanas na formação do Brasil segundo a historiografia tradicional que hodiernamente é criticada. Assim como essas populações foram alijadas de sua complexidade e história, o docente pode abordar, de forma comparada, como essa perspectiva historiográfica eurocêntrica e tradicional levou à obliteração de uma história da África antiga (história esta que, às vezes, só é possível mediante o trabalho conjunto com outras áreas como a arqueologia) e até contemporânea (esta que parece se resumir em colonialismo e descolonização, conflito, pobreza). Seguindo essa ideia, a história da África antiga pode ser problematizada a partir e além de casos que já vêm sendo destacados como o Egito e Núbia, temas bastantes conhecidos do cotidiano dos alunos em razão da sua presença nos diversos meios (religiões, animações, literatura, jogos, monumentos etc.). Já no caso do Ensino Médio, considerando a interdisciplinaridade, a discussão de temas transversais contemporâneos e a flexibilidade de organização do processo de ensino-aprendizagem das Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, creio que os conteúdos podem ser discutidos tanto ao longo das aulas ou a partir de um projeto, envolvendo todas as áreas (História, Geografia, Sociologia e Filosofia, e de acordo com as competências e habilidades destacadas pela BNCC), a ser realizado ao longo de todo um período (bimestre ou trimestre), e que estimule os discentes a indagar, pesquisar, analisar, comparar, criticar e compartilhar os resultados de forma coletiva, para toda a turma ou, a depender da extensão do projeto e o tipo de produto final elaborado, para toda a comunidade escolar. Com o formato de projeto, caberia aos professores estabelecer uma questão central, orientar os discentes no desenvolvimento da pesquisa e elencar as formas de avaliação. Com esse mesmo formato, os discentes poderiam ampliar seu conhecimento sobre os temas sem depender do curto período de tempo restrito à sala de aula. – Alaide Matias Ribeiro

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  4. Tonia Maria Oliveira da Silva15 de setembro de 2022 às 09:42

    Bom dia Alaíde Matias Ribeiro. Com a implementação da lei 10.639/2003 possibilitou que diversas temáticas fossem abordadas principalmente na questão da história e cultura afro brasileira e africana. No seu artigo relata sobre um estudo de caso e dois momentos de aulas ministradas. Para melhor absorção do conhecimento da disciplina História antiga I, ela deveria ser ofertada por área temática?

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    1. Obrigada pela questão, Tonia. Eu não sei se compreendi corretamente o problema proposto, mas vamos lá! A disciplina de História Antiga I, a que é ofertada na instituição referida no texto, pode ser considerada tanto por uma perspectiva cronológica como temática. Digo isso porque o estudo dos temas propostos (isto é, os espaços e sociedades do Oriente e da África como Mesopotâmia, Egito e Núbia) é restrito a um determinado escopo temporal, particularmente, antes da era comum. Agora, no que concerne ao estudo da África antiga, o que eu defendo no texto é a necessidade de que esse tema seja mais propriamente discutido na disciplina de História da África, que, geralmente, enfatiza o estudo da África moderna e contemporânea. Dessa forma, o futuro docente em formação poderia ter uma visão mais sólida ao articular as discussões em ambas as disciplinas, isso considerando que o tópico “África antiga” pode ser discutido a partir de fontes e perspectivas historiográficas distintas nos dois componentes (uma perspectiva mais arqueológica na primeira, uma mais historiográfica e antropológica na segunda). Caso a sua dúvida não seja essa, sinta-se à vontade para me perguntar. – Alaide Matias Ribeiro

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  5. Bom dia, Alaíde Matias Ribeiro. Primeiramente gostaria de te parabenizar por trazer um trabalho tão lindo quanto este!
    Bom, é possível observamos o quanto a cultura africana muita das vezes é se deixada de lado, e em muitos casos passa a ser considerado o território africano como “sem cultura”. O que claramente em seu texto podemos perceber que não é!
    Eu Aila, após sair do ensino médio recente e no momento estar cursando História licenciatura, gostaria de colocar em questão de qual seria a proposta levada para as escolas brasileiras com relação a cultura africana em si? Pois tenho como experiência que é possível observamos que não se tem um certo aprofundamento nesse aspecto. É muita das vezes a cultura africana é conhecida por pontos negativos, um deles seria a “pobreza”.
    Outro ponto a ser levantado, levando em consideração a questão citada anteriormente, gostaria de saber, como levar um conteúdo tão denso para a sala de aula, que de alguma maneira possa chamar a atenção dos alunos, de uma forma com que haja a interação dos mesmos? Apesar de que a partir da lei 10.639/2003 onde se possibilita com que varias temáticas fossem abordadas principalmente na questão da história e cultura afro brasileira e africana, como ter uma forma de ensino para este assunto?

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    1. Obrigada pelas questões, Aila. A lei 10.639/03 determinou que esses temas fossem abordados em sala de aula, especialmente no que concerne ao papel dos sujeitos africanos na formação da sociedade brasileira, a partir da ideia de que esses sujeitos tinham uma história e subjetividade própria e não se resumem somente ao papel do “escravizado”. Dessa perspectiva, de uma história que coloca os africanos como sujeitos ativos, as propostas devem estar articuladas à essa perspectiva maior e aos objetos específicos para cada nível do ensino Básico proposto pela BNCC. Cabe ao professor priorizar ou não os temas relacionados a África (uma dica é sempre partir de uma avaliação prévia do conhecimento dos discentes sobre o tema, como falei em uma questão acima). Com relação ao despertar o interesse dos alunos, você pode ir além do material didático e utilizar os paradidáticos e demais recursos como a literatura, os hqs (tem um texto bem interessante nesta Mesa sobre isso!), os filmes/animações (excertos mesmos), jogos didáticos (ou seja, você pode gamificar a aula)... Por último, como ter uma forma de ensino para o assunto de acordo com a Lei, acho que essa questão dialoga bem como a sua primeira questão e a resposta já enunciada. A forma do ensino-aprendizagem a ser desenvolvida dependerá de vários fatores (a escola, o que o currículo escolar propõe, a turma e o próprio planejamento docente). O assunto pode ser abordado de várias formas, desde especificada como propõe as unidades temáticas do 6º ano, ou de forma articulada às outras disciplinas da área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas no Ensino Médio. Os recursos anteriormente devem ser inseridos na prática e funcionar tanto como ferramenta para facilitar o ensino-aprendizagem como objetos a serem criticados. A metodologia aplicada deve ser ativa, isto é, os discentes precisam ser agentes do ensino. Portanto, mais do que mencionar uma forma de ensino, creio ser interessante destacar que o professor, independente do tópico a discutir em sala relacionado à África (seja na ênfase das culturas africanas, das relações destas com/no Brasil, ou mesmo a África em temporalidades outras que não a moderna e contemporânea) deve sempre mediar um processo em que os alunos se tornem, também, agentes da construção crítica do conhecimento. Assim, podemos visualizar a crítica ao senso-comum e as imagens estereotipadas (escravidão, pobreza, guerra, colonialismo, selvageria etc.) que, infelizmente, ainda circulam no imaginário brasileiro sobre África. Espero ter contribuído para com a sua reflexão (e aproveito para mencionar que essa discussão que você levantou também foi lançada pelo Lucca e pela Rosimara, alguns comentários acima; então, caso eu não tenha alcançado a resposta, talvez você tenha interesse em ler os comentários anteriores). – Alaide Matias Ribeiro

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  6. Essa mesma questão já foi respondida acima. Deve ter ocorrido alguma coisa que a duplicou :/ - Alaide Matias Ribeiro

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  7. Rannyelle Rocha Teixeira15 de setembro de 2022 às 21:48

    Boa noite Alaide
    Primeiramente quero parabenizá-la pelo seu trabalho. Considero a África Antiga múltiplo e magnífico. Que infelizmente nossa historiografia é limitada. Minha pergunta é mais sobre como nós, professores de história, podemos ir além do livro didático para contribuir com os discentes a serem mais críticos e analíticos sobre os povos da África Antiga? - Rannyelle Rocha Teixeira

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    1. Boa noite, Rannyelle. Creio que a chave do problema está em utilizar, no estudo das fontes, os documentos próprios dos povos da África antiga. Isto é, ao invés de enfatizar os discursos produzidos por sujeitos estrangeiros sobre os povos africanos (no caso do norte e nordeste da África antiga, sobre os grupos denominados berberes ou líbios, egípcios, núbios e etíopes) ou enfatizar as colônias fenícias e províncias romanas e gregas em África, discutir os próprios vestígios desses povos locais. Isso, por um lado, só é possível com a arqueologia, com a filologia ou linguística. O que significa que o docente deve se capacitar e aprender a dialogar com tais áreas para, então, conseguir utilizar os documentos em sala de aula. Como a maior parte desses vestígios estão em museus estrangeiros que disponibilizam catálogos e coleções (em maioria, recursos visuais), o professor também deve ser capaz de utilizar e mobilizar tais recursos em sala de aula e orientar os discentes em como lidar com tais meios de pesquisa (o que é de muito proveito considerando o pouco tempo destinado à disciplina de história no Fundamental e o trabalho temático interdisciplinar exigido, agora, no Ensino Médio na área das Ciências Humanas e Sociais Aplicadas). Partir desse tipo de material, analisá-los em sala de aula e colocá-los em debate, contrapondo-os, por um lado, a outros tipos de fontes, exógenas, permite, por exemplo, que os estudantes sejam capazes de elaborar uma crítica mais coerente sobre o que era considerado “África” antiga, suas representações e os modos de vida dos povos a partir da visão do próprio sujeito “africano” e daquele que não é, mas o descreve. Obrigada pelo comentário e questão. Espero ter respondido! – Alaide Matias Ribeiro

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    2. Bom dia, Alaíde! Respondeu sim. Suas sugestões são valiosas, obrigada!

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  8. Rannyelle Rocha Teixeira16 de setembro de 2022 às 09:44

    Bom dia, Alaíde! Respondeu sim. Suas sugestões são valiosas, obrigada! - Rannyelle Rocha Teixeira

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