RELATO DA AULA: NO
QUINTAL DE DONA RAMI TEM SABERES, SEGREDOS E HISTÓRIA
Ana Maria Anunciação da
Silva
Antonio José de Souza
Neste
relato de aula/experiência, a primeira autora apresenta-nos, aqui, suas
memórias enquanto mulher-professora-negra-da-roça, entrelaçando-as com as
vivências e práticas pedagógicas, entendidas como uma teia em construção. Desse
modo, a partir da abordagem (auto)biográfica, a narrativa é apresentada em
primeira pessoa, explicitando o conhecimento respingado por aspectos
identitários da cor negra, da classe social, do regionalismo, da religiosidade
e da docência na Educação do/no Campo/roça. Trata-se de um texto crítico,
problematizador e propositor no sentido de como a escola do/no campo/roça e comunidade
podem construir um currículo que entrelace os saberes, fazeres, a história e as
identidades dos seus povos. O mencionado relato é parte de um estudo maior,
orientado pelo segundo autor que contribuiu efetiva e criativamente para o
resultado final da escrita deste.
Benzimento inicial
“[...] um punhado de
folhas sagradas, pra me curar, [...] me afastar de todo mal, [...] pedi a graça
dos deuses em folhas sagradas me benzi [...].”.
(LAPA; LUNA, 2018,
n.p.)
Ao
escutar a música Banho de Folhas, cantada por uma voz feminina
“plantada” em terras africanas e germinada em ritmos afro-brasileiros, atentos
à realidade das mulheres negras daqui, fui tomada por um sentimento de pertença
ao meu lugar-sertão-árido-baiano, locus das inestimáveis lembranças
(LAPA; LUNA, 2018). Sem dúvida, uma epifania sobre a compreensão da “[...]
mulher negra [que] tem muitas formas de estar no mundo [todos têm] [...]”.
(EVARISTO, 2016, p. 13) Coincidentemente estava, nessa ocasião, às voltas com a
leitura de Torto Arado – um premiado romance brasileiro, escrito pelo
autor baiano Itamar Vieira Junior e publicado pela primeira vez em 2019 – que
traz, entre outras coisas, reflexões sobre a prática das rezas por um viés
cultural e identitário.
Movida
tanto pela sonoridade potente da canção quanto pela leitura implicada na minha
história de vida, fui provocada, por um “espasmo” memorialístico, a iniciar tal
relato-testemunhal sobre uma aula/experiência no quintal da rezadeira – D.
Rami. Esse nome é fictício a fim de preservar a identidade da personagem
principal do estudo. O nome é inspirado no premiado romance Niketche: uma
história de poligamia (2021), publicado em 2002 e escrito pela proeminente
autora moçambicana Paulina Chiziane. O título do livro faz menção a uma dança
ancestral própria do norte de Moçambique e oferece-nos reflexões urgentes sobre
o lugar da mulher na conjuntura moçambicana e no mundo. A narradora-personagem,
Rami, é a responsável por estabelecer o fio-condutor da contação, além de ser,
o “[...] tronco de salvação para as vítimas de todos os naufrágios [...] é
terra, que se pisa, que se escava, que se semeia.” (CHIZIANE, 2021, p. 240).
Rami, lembra-nos, em tudo, a mulher que é o “tronco” deste estudo.
O quintal
de D. Rami alvoreceu conforme um território de saberes, segredos e histórias
acumuladas que me ajudaram a pensar o sentimento de pertença e a fomentar o
respeito à diversidade religiosa, presente naquela territorialidade vizinha à
escola. Quer dizer, o relato desta aula está fincado nas minhas experiências docentes
que, de acordo com Santos (2020, p. 9), “[...] são importantes feixes de luz no
entendimento dos processos educativos, principalmente quando elaboradas em
primeira pessoa, pois refletem [...] a singularidade de cada processo educativo
[...]”, afinal de contas, na sala de aula, estamos lidando com pessoas e suas
singularidades. Dito isso, o objetivo da aula/experiência era aproximar os(as)
educandos(as) ao vivido por D. Rami, oportunizando-a o compartilhamento do que
fora aprendido com os(as) seus(suas) ancestrais, pois a história, quando
encarnada, é “grávida” de significação que diz muito da nossa presença no (e
com o) mundo (FREIRE, 2015; HOLLIDAY, 1996).
A
mencionada aula foi agenda com antecedência, tendo o aceite generoso de D. Rami
e seus familiares. O público-alvo eram os(as) educandos(as) entre seis e sete
anos, matriculados(as) na turma do primeiro ano de uma escola pública, situada
no campo/roça de um município da Bahia. Sublinho que, nessa localidade, pouco
ou nada se falava das religiões de matrizes africanas e das contribuições das
culturas afro-brasileiras às muitas formas de existencialidade que
demonstravam, apesar do colonialismo e suas espoliações, o quanto os “[...]
negros, esses seres capturados por outros, conseguiram articular uma
linguagem própria, reivindicando o estatuo de sujeitos plenos do mundo vivo.”
(MBEMBE, 2018, p. 14, grifo do autor).
A
hipótese sobre o surgimento e a manutenção do silenciamento sobre tais
temáticas está no bojo da intolerância religiosa, do preconceito e do racismo
que (des)qualificam o corpo e o ser através da aparência/cor da pele,
inventando uma ojeriza assombrosa que atinge aqueles(as) que não querem ser
englobados(as) no nome ‘negro(a)’. (MBEMBE, 2018) Desse modo, a reboque do que
afirmou Souza (2018, p. 91), a escola “[...] é impelida a assumir outra
proposta, visto que já não é possível [...] [restringir-se] ao aspecto de uma
educação voltada para a padronização e a homogeneização do ensino.”. Por isso,
a publicização desta aula/experiência é para reverberar a escolha por uma
docência centrada no princípio da vida, da diversidade e da transformação que,
somente, uma escola amparada na realidade é capaz de realizar (SOUZA; SOUZA,
2020).
No quintal de D. Rami: o relato
No dia 24
de maio de 2018, executei uma aula que foi planejada para acontecer
além-paredes da escola, pois consistia na transposição pedagógica na residência
da rezadeira e primeira professora negra daquela comunidade – D. Rami.
Dirigimo-nos para a sua residência em marcha pela caatinga. Quem teve a
oportunidade de assistir à travessia, viu e ouviu os ruídos da folia, sorrisos
e euforia demonstrados pelos(as) educandos(as) em comprovação de que é
bem-vinda a experiência didática ‘fora do espaço da sala de aula tradicional’.
Solicitei que os(as) educandos(as) levassem seus cadernos a fim de registrar
através de imagens – porque eles(elas) não tinham o pleno domínio da leitura e
escrita – o que merecesse ser transformado em desenho; lembrando que o desenho
também fala, revela e desvela, comunica, e foi, justamente, essa a minha
intenção: fazê-los(as) comunicar o concebido, o percebido e o vivido. (SOUZA;
SOUZA, 2020) Na verdade, a ideia do registo por imagens/desenhos foi uma
adaptação à ferramenta denominada ‘Mapa Mental’ que, segundo Kozel (2001, p.
146, grifo da autora), “[...] permite uma diversificação nos registros [...]
escritos ou em forma de ‘desenhos’ [...] capaz de traduzir diferentes
representações [...] fornecendo subsídios para a compreensão dos estudantes,
conferindo-lhes significados.”.
Assim,
iniciei a apresentação da aula que tinha, além do objetivo já exposto no
subtópico anterior, conhecer as práticas e vivências culturais das rezas a
partir do uso das folhas. Chegamos à residência da D. Rami. Ela estava no
avarandado da casa, junto aos seus familiares e envolta de muitas plantas.
Reforcei as orientações aos(às) educandos(as). Pedi que prestassem atenção à
fala da professora-rezadeira, na contação de sua história e nos saberes e
segredos que ela iria compartilhar. Ressaltei, ainda, a importância do
registro-livre daquela aula/experiência. Para mediar a contação de D. Rami,
organizei algumas perguntas e logo a primeira foi feita; notei que os(as)
educandos(as) olhavam com atenção explícita os saberes e segredos ditos por quem
sabe das coisas, porque as viveu.
Lancei a
pergunta: i) com quantos anos a Senhora aprendeu a rezar? Disse-nos: “Aprendi a rezar cedo, aos oito anos.”.
Continuei: ii) como aprendeu a rezar? “[...] na casa de minha vó [...] ela me ensinou. Sei rezar de vento,
olhado, dor de cabeça.”. iii) Quais
materiais e folhas são utilizados nas rezas? “Utilizo as folhas de vassourinha, velame, quarana, pião roxo e, ainda,
o barro e o fogo a depender da necessidade.”. Conforme as respostas eram
proferidas, os(as) educandos(as) faziam os registros em desenhos-livres – os
quais, eu podia ver, eram de casa, folhas, mulher, fogo, cabeça. Voltando às
perguntas... iv) as pessoas ainda a procuram para os benzimentos e dão
retorno sobre a cura de suas queixas? D. Rami respondeu-me: “Sim, embora as práticas das rezas tenham
diminuído na comunidade, eu ainda rezo muitas pessoas e aqueles que vêm se
rezar com fé, voltam para agradecer e relatam melhora”. Questionei v)
se algum familiar aprendeu as rezas com ela: “Ainda não, mas tenho
uma filha que quer aprender. Eu ensinei para ela as ladainhas que também, sei
rezar.”. Perguntei vi) se como professora, ela chegou a trabalhar a
temática das rezas: “Não! Naquela época
não se falava das coisas da comunidade. Tinha que aprender a escrever e ler as
letras.”.
Através da
aula-experiência, D. Rami teve a
oportunidade de falar sobre si-mesma por meio da lembrança de uma história de
vida que envolve o encontro com os ‘outros’. Falou, também, dos conhecimentos
herdados da avó, do seu protagonismo comunitário e da corporeidade (em-si) de
um patrimônio imaterial, oriundo da tradição ancestral – seus(suas)
antepassados(as). Ao escutar a narrativa da rezadeira-professora, foi
possível proporcionar aos(às) educandos(as) uma prática-de-descolonização, já
que a colonização consistiu no apagamento e silenciamento dos povos “[...]
aprisionados no calabouço das aparências, [passando] a pertencer a outros,
hostilmente predispostos contra eles, deixando assim de ter nome ou língua
própria.”. (MBEMBE, 2018, p. 14)
Ao final
das perguntas, agradeci a D. Rami e aos seus familiares que, junto conosco,
escutavam a malha-da-conversa sendo tecida. Agradeci, ainda, pela concessão da entrevista
e pedi permissão para conhecermos os segredos do seu ‘quintal’. Nesse momento,
flagrei os(as) educandos(as) sorrirem de satisfação; levantando-se em coletivo
de pura curiosidade e interesse pela ‘hora tão esperada’, afinal eu havia lhes
dito: “[...] no quintal de D. Rami tinha saberes, segredos e história.”.
E, de fato, o ‘quintal’ era de uma considerável variedade de plantas
medicinais. As folhas de manjericão ao serem maceradas, perfumavam o lugar e
mexiam com minhas memórias de infância, despertando-me a saudade silenciosa da
minh’avó. Do fogão à lenha, chegava-nos um cheiro de chá – era capim-santo,
brincando em nossas narinas.
Com os
sentidos aguçados, pedi aos(às) educandos(as) que continuassem observando
atenciosamente, pois daríamos continuidade à conversa e aos registros no
retorno à escola. Já na sala de aula, fui surpreendia com o relato-confissão de
alguns(mas) educandos(as) sobre já terem sidos rezados(as) por D. Rami, ou
seja, tratava-se de algo não ‘estranho’ a eles(elas), no entanto,
‘silenciado’... será pelo fato de ser uma prática originária da cultura
afro-brasileira? A minha (nossa) hipótese é: sim.
Bençãos finais
Para além
de uma aula, a visita ao quintal de D. Rami se descortinou em uma experiência a
partir das rezas como um legado ancestral e um patrimônio cultural da
comunidade na qual a escola está inserida. A atividade permitiu o estudo de um
relevante aspecto do contexto histórico local, possibilitando conhecer e
reconhecer as práticas e as vivências das rezas, atravessadas pelas dimensões
culturais, identitárias, antirracistas e agroecológicas (SOUZA; SOUZA, 2020).
Nesses
benzimentos finais, enfatizamos que a prática das rezas com folhas permanece
relegada aos esconderijos escuros da intolerância-religiosa-delirante por se
autocontemplar enquanto santa e o ‘outro’ (o negro/a negra) pernicioso (MBEMBE,
2018). Pautamos essa breve reflexão, também, por sabermos que a violência
racista alcança e machuca uma pessoa negra já na infância. Posto isso,
destacamos como relevante o movimento de convocar os(as) educandos(as) para uma
reflexão acerca da necessidade de uma educação na perspectiva afro-comungada;
enfatizando o protagonismo afrodescendente, buscando entender o viver e o
lecionar no campo/roça a partir de uma proposição
político-pedagógica-antirracista.
Referências biográficas
Ana
Maria Anunciação da Silva é Pedagoga. Mestranda em Educação e Diversidade (UNEB).
Especialista em Educação do Campo (IFBaiano/Serrinha). Professora da Educação
Básica do município de Ichu (BA). Integrante do Laboratório de Políticas
Públicas, Ruralidades e Desenvolvimento Territorial (LaPPRuDes/IFBaiano).
E-mail: annaichu@hotmail.com.
Antonio
José de Souza
é Teólogo/Historiador. Doutorando em Família na Sociedade Contemporânea (UCSal)
– com período sanduíche na École des Hautes Études en Sciences Sociales
(EHESS/Paris). Mestre em Educação e Diversidade (UNEB). Professor da Educação
Básica do município de Itiúba (BA). Integrante do Laboratório de Políticas
Públicas, Ruralidades e Desenvolvimento Territorial (LaPPRuDes/IFBaiano).
Pesquisador Bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia
(FAPESB). E-mail: tonnysouza@gmail.com.
Referências bibliográficas
CHIZIANE,
Paulina. Niketche: uma história de poligamia. São Paulo: Companhia de Bolso,
2021.
EVARISTO,
Conceição. Olhos d’água. Rio de Janeiro: Pallas; Fundação Biblioteca Nacional,
2016.
FREIRE, Paulo. Política
e educação. Organização de Ana Maria Araújo Freire. Rio de Janeiro, São Paulo:
Paz & Terra, 2015.
HOLLIDAY, Oscar Jara.
Para sistematizar experiências. Tradução de Maria Viviana V. Rezende. João
Pessoa: Editora Universitária/UFPB, 1996.
KOZEL, Salete.
Comunicando e representando: mapas como construções socioculturais. In:
SEEMANN, Jörn (Org.). A Aventura
cartográfica: perspectivas, pesquisas e reflexões sobre a
cartografia humana. Fortaleza: Expressão Gráfica e Editora, 2005.
LAPA,
Emille; LUNA, Luedji. Banho de folhas. Intérprete:
Luedji Luna. In: Um corpo no mundo.
Brasil: Polysom,
2018.
MBEMBE, Achille.
Crítica da razão negra. Tradução de Sebastião Nascimento. São Paulo: n-1
edições, 2018.
SANTOS,
José Eduardo Ferreira. Prefácio: o fio da cultura, memória e identidade nas
narrativas educativas no campo/roça na contemporaneidade e suas inquietações. In:
SOUZA, Antonio José de; SOUZA, Heron Ferreira (Orgs.). Educação no/do
campo: entre o concebido, percebido e vivido. Curitiba: Editora CRV, 2020. p.
9-13.
SOUZA,
Antonio José de. O já-dito e não-dito acerca das identidades e cultura afro-brasileira: histórias de vida-formação-profissão dos docentes de
classes multisseriadas. Curitiba: CRV, 2018.
SOUZA,
Antonio José de; SOUZA, Heron Ferreira. Introdução. In: SOUZA, Antonio
José de; SOUZA, Heron Ferreira. Educação no/do campo:
entre o concebido, percebido e vivido. Curitiba: Editora CRV, 2020, p.
15-22.
Boa tarde a todes.Gostaria de parabenizar pelo trabalho. Aproveito para perguntar sobre a relação dessa perspectiva teórica com a História Oral pois essa tem perspectiva de empideramento dis atores sociais como se vê em E. Bosi e Antônio Torres Montenegro.
ResponderExcluirWaldson Luciano Corrêa Diniz
Ufms
Câmpus do Pantanal.
waldson.diniz@ufms.br
Boa noite, Waldson. Obrigada, pelas palavras. A narrativa (auto) biográfica e a história oral, se relacionam em várias dimensões, mas, destaco: são técnicas centradas na dimensão da pessoa, subjetividade, reflexão, escuta sensível, " (...) formas privilegiadas da atividade mental e reflexiva, segundo a qual o ser humano se representa e compreende a si mesmo no seio do seu ambiente histórico" Delory- Momberger (2008, p.26). Aqui gostariamos de pontuar a importância desse registro em especial, Dona Rami, faleceu no dia 01/07/2022. Eu e Antonio, tivemos/temos um compromisso ético com o " (...) tempo do mundo da vida, o tempo do relato e o tempo da leitura". ( ARFUCH,2010, p.112). Não morre aquele(a) que tem a narrativa sistematizada, esse é um Simpósio de grandes emoções para nós, Dona Rami ' in memorian', seus familiares e sua Comunidade. Um acontecimento único.
ExcluirOi, Waldson Luciano!
ExcluirAgradecemos sua leitura, pergunta e participação.
Sua percepção e observação faz todo sentido. O texto é escrito em primeira pessoa, fincada num contexto. Trata-se de um relato implicado com o tema da Educação do Campo Contextualizada, bem como, com a Educação antirracista e “grávida” de sentido – para usar um termo de Paulo Freire – quando se materializa através da Pesquisa (Auto)Biográfica.
Nesse sentido, aqui, um método totalmente interdisciplinar, por isso, você estabeleceu relação com a História Oral. Mas, nós temos outras relações epistemológicas e disciplinares.
Vejamos:
O relato traz a perspectiva do desafio biográfico que é escrever sobre uma vida (historiador francês DOSSE, François) que fora impossibilitada de ser verbalizada, vocalizada por não ser o “tipo-ideal” dos grandes personagens da História (historiador francês LE GOFF, Jacques). O quintal é um espaço biográfico, encharcado de subjetividades (linguista argentina ARFUCH, Leonor) e de pedagogias formativas (professora brasileira PASSEGGI, Maria da Conceição); demonstrando, assim, o quanto a pessoa humana é situada no mundo (filósofo francês SARTRE, Jean-Paul) e, neste mundo, habita a poética da existência (psicóloga brasileira RABINOVICH, Elaine Pedreira)... Para ficar em alguns(algumas).
Abraço e bom evento!
Antonio José e Ana Maria
Oi, Toni e Ana Maria! Mais uma grandeza de trabalho que nos transporta para um mundo não encantado, mas real! A começar pelo nome de uma das minhas avós (Ana Maria)! Me vejo nos quintais das duas. Entre plantas medicinais, frutas, flores, galinhas, cabras, tanque de chão, canto das oferendas dos orixás, fogão de lenha e tantas memórias que carrego no meu ser. Quando fala em segredos, não é que no quintal da vozinha Ana foi enterrado um feto já em estado de decomposição de uma vizinha que não queria pôr no cemitério? Ah, se os quintais falassem...Parabéns, queridos!!!
ResponderExcluirNize, querida!
ExcluirObrigado por sua participação sensível.
A sua narrativa é poética. É, definitivamente, uma fissura (o indivíduo) em vastidão (no mundo). A memória dos quintais das suas Avós é um passadouro por qual se ‘chega-e-fica’ e, paradoxalmente, deixa-se ‘escapar’ de si-mesmo. Daí, percebe-se o quanto escrevemos a História e quanto ela (a História) se escreve em nós.
Abraço e bom evento!
Antonio José e Ana Maria
Bom dia, Antonio José e Ana Maria
ResponderExcluirAdorei o texto que elaboraram, parabéns. Achei incrível a forma como a aula foi elaborada e como a participação e acolhimento dos alunos foi satisfatória. Visto isso, gostaria de saber como foi essa experiência de troca para os alunos? E como foi o processo sentido por ele através da história oral e memorialística?
Grande abraço,
Rannyelle Rocha
Boa noite, Rannyelle. Obrigada, por sua leitura e contribuição. A experiência de troca foi singular, uma rica socialização dos quintais das Avós. O processo foi sentido pelos(as) estudantes com alegria, escuta e rememoração, uma vivência ancestralizada, emocionante sentir, escutar a herança familiar e comunitária na sala, "quintal". Dizendo melhor, aconteceu por meio da valorização da subjetividades, dos sentidos. Uma linda (re)descobertas.
ExcluirGrande abraço, Ana e Antonio.
*das subjetividades
ResponderExcluir*(re)descoberta
ExcluirFiquei encantada com tão lindo trabalho, minha pergunta é há possibilidade de expansão dessa metodologia prática por parte dos autores do trabalho? Cristina Torres da Silva Ferreira
ResponderExcluirSim, já realizamos momentos formativos, abordamos a temática em conferências, rodas de conversas e além disso, desdobrou-se em fio condutor para a dissertação, (em construção), que possui um dos objetivos: apresentar a experiência docente no contexto do campo/roça. Inclusive, Antonio é o maestro, orixá guia.
ExcluirAbraços, Ana Maria e Antonio José.
Boa noite, Ana Maria e Antônio José. Gostaria de parabenizá-los pela sensibilidade da atividades que nos relatam no texto. Essa prática é marcante na vida dos estudantes. Lembrei ao lê-los, da "escrevivência" de Conceição Evaristo. Em algum momento se inspiram neste conceito? Obrigada.
ResponderExcluirOi, Clarice!
ExcluirAgradeço sua leitura, pergunta e participação.
Você foi no alvo!
Entre tantas influências que, tanto Ana Maria quanto eu, temos no desenvolvimento das Pesquisas (Auto)Biográficas, a grandiosa Conceição Evaristo tem lugar importante. Com ela aprendemos que ao escrever-sobre-vivências ‘de si’, estamos, também, escrevendo em comunidade ancestral; pois, trata-se de uma escrita ‘de nós’.
Abraço e bom evento!
Antonio José e Ana Maria