Clarice Ehmke Gayo

GENTE AGENTE: PROPOSTA DIDÁTICA INVESTIGATIVA PARA ENSINO DE HISTÓRIA INDÍGENA

Clarice Ehmke Gayo
 
 
Atualmente sou professora na Escola de Educação Básica Frei Policarpo, em uma comunidade classificada como área rural, no distrito Belchior Alto, no município de Gaspar/ SC, cidade vizinha a Blumenau, região conhecida como Vale do Itajaí. Nossa localidade é vendida turisticamente como Vale Europeu, onde a predominância da memória de alguns grupos étnicos como alemães e italianos se sobrepõe aos povos originários e populações afro-brasileiras que se estabeleceram/ estabelecem neste mesmo espaço. 
 
Os Laklãnõ Xokleng são habitantes originários do Vale do Itajaí. Vivem hoje em uma TI denominada Ibirama/Laklãnõ, a segunda maior do Estado de Santa Catarina, com aproximadamente 3000 pessoas e considerada multiétnica por abrigar uma comunidade do povo Guarani, um pequeno grupo Kaingang, os declarados cafuzos e predominantemente o povo Laklãnõ Xokleng. A Terra Indígena de Ibirama Laklãnõ-Xokleng, na região do Alto Vale, é uma comunidade conhecida no meio acadêmico e pouco visibilizada no espaço escolar. Os registros históricos deste contato foram feitos em cartas, periódicos e relatórios dos colonizadores e do próprio Estado, que enfatizaram a “civilidade” do imigrante e a natureza “selvagem” do nativo.
 
Não raras vezes “ouvimos falar que o índio não trabalha e vive às custas de quem trabalha”, como alerta o historiador Clovis Antonio Brighenti (2016, p. 231). A cultura do trabalho difundida no Vale Europeu fez prevalecer uma herança cultural germânica em detrimento de outros grupos que também constituem a história do local.
 
Chimamanda Ngozi Adichie, feminista e escritora nigeriana, chama a atenção para o perigo da história única. Ela usa sua própria história de vida para denunciar como valores preconcebidos uniformizam povos e apagam suas singularidades. O caminho é o “equilíbrio das histórias”, como define o romancista e crítico literário Chinua Achebe. Considerado precursor do movimento literário nigeriano, Achebe baseou seus livros na tradição oral do povo Igbo, do qual descende. Ele ensina que todos possuímos o direito de contar nossas próprias histórias a partir das nossas vivências, contrapondo-se à herança da colonialidade, que difunde a ideia da existência de uma história única – a partir do ponto de vista eurocentrado. Este é o principal objetivo do material didático elaborado a partir das pesquisas realizadas para a dissertação: permitir que alunos e alunas do ensino fundamental acessem vozes outras contando a história do local onde vivem e aprendam com elas. 
 
O indígena não é um personagem congelado no passado colonial da história do Brasil. O “ser” indígena, no contexto atual, é complexo, pois se constitui na diferença frente aos não indígenas e necessita considerar as especificidades do povo do qual se origina sem ignorar suas experiências individuais. A identidade indígena é resultado de um constante movimento que alia o coletivo e o individual, enquanto povo e pessoa. O indígena que vive na cidade não deixa de pertencer ao seu povo. As circunstâncias, as adaptações e as transformações fazem parte do processo de construção identitária. A identidade é móvel é dinâmica.
 
A colonialidade formatou identidades e transformou o pensamento europeu em universal. A história do Vale do Itajaí é uma história única. O protagonismo indígena na história regional foi relatado pelo colonizador, pautado na violência, tutela e vitimização. Boa parte dos discentes não conhece os povos originários da região onde vive. Por quais motivos as narrativas indígenas não alcançam a sala de aula? Como o ensino de história indígena na escola pode e deve questionar generalizações? As estatísticas apontam um número significativo de indígenas vivendo em centros urbanos: o que os trouxe para as cidades? Onde estão, o que sentem e como vivem as Laklãnõ Xokleng no século XXI? Estas demandas norteiam reflexões necessárias na construção de práticas pedagógicas que ampliem o conhecimento histórico sobre indígenas e contribuam com a implementação da Lei 11.645/2008 e de suas diretrizes correspondentes.
 
Em novembro de 2015, o Conselho Nacional de Educação/Câmara de Educação Básica (CNE/CEB), por meio de um despacho do Ministro da Educação, homologou as Diretrizes Operacionais para implementação da história e cultura indígena na educação básica. Essas diretrizes reforçam a lei federal de 2008, ao orientarem ações diretas para a correta inclusão da temática dos povos indígenas na educação, respeitando as competências de cada segmento educacional. O parecer enfatiza a formação continuada de professores e a produção de pesquisa e de materiais didáticos e pedagógicos, assim como exige cuidado em não reproduzir estereótipos e preconceitos na elaboração de livros didáticos. Além disso, incentiva ações conjuntas de professores e gestores na organização de projetos que não apenas ressoem na formação de uma consciência reflexiva e crítica de alunos e alunas, mas impactem a comunidade em que atuam.                                     
 
“Nessa direção, a compreensão da dinâmica sociocultural da sociedade brasileira visa à construção de representações sociais positivas que valorizem as diferentes origens culturais da população brasileira como um valor e, ao mesmo tempo, crie um ambiente escolar que permita a manifestação da diversidade de forma criativa e transformadora na superação de preconceitos e discriminações étnico-raciais.” (BRASIL, 2015, p. 7)
 
 Diante da minha atuação enquanto professora de ensino básico em escola pública e ocupando o espaço de estudante pesquisadora na universidade, decidi contribuir com este movimento de construção de materiais didáticos na temática indígena.  Busquei, a partir do conhecimento prévio dos alunos e das alunas, esboçar uma proposta didática atrativa e efetiva para a educação das relações étnico-raciais, especificamente da história e cultura indígena. Desta forma, apliquei em todas as turmas do ensino fundamental da escola na qual sou professora efetiva um diagnóstico iconográfico, a fim de identificar qual era o conhecimento prévio destes(as) estudantes sobre os indígenas.
 
A atividade diagnóstica apresentou 12 imagens numeradas sem legendas para que os estudantes comentassem o que lhes parecia mais ou menos com indígenas. Houveram discentes que optaram por imagens de circunstâncias cotidianas comuns e análogas às vivenciadas por eles(as), alguns reproduziram estereótipos ao mostrarem admiração com o uso de tecnologia nas Terras Indígenas e ainda um terceiro grupo na incerteza de como proceder, optou pelas escolhas politicamente corretas no intuito de agradar a professora. Esse movimento trouxe reflexões pedagógicas interessantes que balizaram a estruturação da pesquisa e a construção do material didático na temática.
 
Os resultados do diagnóstico na escola apontam a existência de estereótipos e aproximações que justificam o recorte da pesquisa. Optar por protagonistas indígenas mulheres, pessoas reais, que têm anseios, enfrentam adversidades e frustrações, comemoram seus sucessos e lutam por seus sonhos, aproxima alunos e alunas das trajetórias de pessoas que vivem desafios cotidianos comuns. Pensar essas sujeitas como indígenas na cidade e que ser indígena não é exclusividade do aldeado conduz o debate para a avaliação dos estereótipos que construímos. As narrativas conectam o passado histórico dos Laklãnõ Xokleng com as demandas contemporâneas de suas representantes.
 
A escuta sensível do que a sala de aula revelou como lacuna no ensino de história foi a motivação deste trabalho de mestrado financiado pela Capes e vinculado ao Profhistória da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC).
Além de uma pesquisa histórica com propósito de conhecer o povo Laklãnõ Xokleng, discutir as concepções do indígena contemporâneo, utilizando as aproximações e estereótipos apontados em sala de aula como referências para elaboração de um site educativo. As narrativas de mulheres Laklãnõ Xokleng que vivem em centros urbanos e tem forte atuação no trabalho de reconhecimento de seu povo, Maria Elis Nunc-Nfôonro e Ana Patté são o fio condutor para refletir a condição de vida dos povos originários atualmente e revisitar a história regional sob outra ótica. Estabelece uma conexão entre o passado histórico dos Laklãnõ Xokleng com as demandas contemporâneas de suas representantes
 
Neste sentido, a reflexão proposta pelo material didático contrapõe o fundamento eurocêntrico de ensino, ou seja, o homem branco universal europeu dá lugar a mulher indígena Laklãnõ Xokleng da região do Vale do Itajaí. Mulheres que moram e fazem história na mesma região onde estão os alunos e alunas que tem dúvidas sobre a existência de indígenas. Elas estão presentes, mas são desconhecidas e desumanizadas por um discurso de colonizador e desbravador que não enxerga mesmo nos dias atuais os indígenas Laklãnõ Xokleng. A perspectiva deste trabalho oferece aos professores e professoras, no espaço da escola, a oportunidade de provocar novos pontos de vista. 
 
Nesta expectativa elaborei um site educativo denominado Gente Agente: investigação histórica. A ferramenta de ensino tem navegabilidade descomplicada e pode ser acessado por computador ou celular dada a facilidade dos instrumentos tecnológicos e disponibilidade de rede de informações. Foi desenvolvido em plataforma gratuita, e o acesso está disponível pelo link https://claristoria.wixsite.com/genteagente.
 
Considerando que há realidades variadas nas comunidades e nas escolas que atuamos, o site conta com uma versão adaptada em formato e-book possibilitando ao professor e professora utilizar o material didático de acordo com a realidade de seu campo de trabalho, mesmo sem internet disponível. Tanto o site quanto o e-book entrelaçam elementos didáticos que visam um ensino de protagonismos. As provocações que a página inicial da proposta educacional apresenta giram em torno de dúvidas comuns sobre a temática indígena coletadas em conversas com alunos e alunas do Ensino Fundamental da Escola de Educação Básica Frei Policarpo. Ideias equivocadas sobre a questão indígena são recorrentes, e apontam que o processo de ensino precisa de uma conexão entre as realidades do contexto indígena e o conhecimento discente sobre o assunto
 
O site convida alunos e alunas a (re)pensarem suas próprias elaborações sobre o ser indígena por meio das narrativas de mulheres Laklãnõ Xokleng como eixo de oficinas de investigação histórica. Essa metodologia de ensino é denominada aula-oficina. Barca sugere que a aula-oficina siga basicamente cinco pontos: 
 
“1 - Fazer um levantamento prévio das ideias dos alunos e alunas. 2 - Propor questões problematizadoras que orientem esse conhecimento prévio e os desafiem cognitivamente. 3 - Oferecer tarefas para desenvolver competências que ultrapassem a linearidade e versões essencialistas sobre história. 4 - Diversificar e integrar tarefas (viabilizando trabalhos em grupo, individual, escrito e oral). 5 - Avaliação contínua do processo de maneira qualitativa, percebendo a progressão do nível conceitual dos/das estudantes.” (BARCA, 2004. p.137)
 
Duas propostas problematizadoras norteiam o material, denominadas Caso Tolym e Caso Uglõ. A primeira envolve a trajetória de vida de Maria Elis Nunc-Nfôonro, professora de língua portuguesa que vive em Blumenau/SC. A segunda se inspira na militância incansável de Ana Patté, enquanto indígena, mulher, mãe e estudante, atualmente assessora parlamentar em São Paulo/SP. Os casos refletem sobre indígenas na cidade, seu lugar na história e sua presença contemporânea muitas vezes ignorada ou estereotipada. Cada caso é composto de três oficinas documentais, suportes de consulta a fim de solucionar as tarefas propostas em cada etapa. As fontes que contribuem com as oficinas de história foram cuidadosamente escolhidas, entre depoimentos, fotografias, músicas e produções visuais que desafiam os discentes a refletir. As fontes são em sua maioria publicados nas redes sociais e disponíveis em meios digitais. Se o historiador é um sujeito do seu tempo, precisa utilizar o conjunto de técnicas e instrumentos que o contexto em que está inserido oferece para realização do seu ofício (MACHADO, 2020). Os registros de atividades humanas são considerados documentos históricos, independentemente do suporte onde se encontram, as fontes históricas incorporam “vídeos, fotos, textos, discursos, curtidas, e comentários presentes no espaço virtual” (MACHADO, 2020, p. 89). Apesar do foco de problematizações estar nas trajetórias de mulheres Laklãnõ Xokleng, narrativas de outros povos contribuem para construir um entendimento dos temas abordados.
 
A utilização do material independe de uma sequência, oferece a possibilidade de explorar temáticas ou oficinas separadamente. Cada documento disponível no site tem o objetivo de contribuir com a prática didática nas aulas de história sobre história indígena. O uso do site ou e-book completo conforme as instruções ou desassociado depende da avaliação docente sobre sua realidade escolar, respeitando as singularidades discentes do seu meio de atuação.
 
“Gente Agente: Investigação Histórica” é um produto educacional que prevê vários contextos de agência. A de professores e professoras ao mobilizar a experiência docente para adequar o material didático aplicado ao contexto de sua sala de aula e conduzir os debates para construção de conhecimento. Agência estudantil ao refletir suas percepções sobre indígenas confrontadas em atividades desafiadoras e que os/as transformam. E primordialmente a agência de indígenas enquanto protagonistas narrando sua própria história.
 
As experiências indígenas nos ensinam sobre história local, diversidade, respeito, natureza, resistência, ensinam sobre nós mesmos, se estivermos dispostos a ouvir.  
 
Referências biográficas
 
Professora de História da Rede Pública Estadual de Santa Catarina, Mestre em Ensino de História, pelo Profhistória da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). Trabalho financiado pela CAPES. Email: claricegayo@gmail.com
 
Referências bibliográficas
 
ADICHIE, C. N. O perigo da história única. Portal Geledés, 2010. Disponível em: https://www.geledes.org.br/chimamanda-adichie-o-perigo-de-uma-unica-historia/. Acesso em: 22 jul. 2019.
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, DF: Ministério da Educação, 2017. Disponível em:  http://basenacionalcomum.mec.gov.br/. Acesso em: 22 jun. 2019.
 
BARCA, Isabel. Aula Oficina: do projeto a avaliação. In: . (Org.). Para  
uma educação histórica com qualidade: Atas Das  IV Jornadas  Internacionais 
Educação Histórica. Braga: Centro de Estudos e, Educação e Psicologia, Universidade do Minho, 2004.
 
BRIGHENTI, C. A. Colonialidade e decolonialidade no ensino da história e cultura indígena. In: SOUZA, F. F.; WITMANN, L. T. Protagonismo indígena na história. Chapecó: UFFS, 2016. p. 231-254.  
 
MACHADO, A. C. História digital em tempos de crise: as demandas do tempo imediato e suas implicações no trabalho dos historiadores. Aedos, Porto Alegre, v. 12, n. 26, ago. 2020.
 
MONTEIRO, John M. Armas e armadilhas: história e resistência dos índios. In: NOVAES, Adauto. (org.) A outra margem do Ocidente. São Paulo: FUNARTE/Companhia das Letras, 1999, p.237-256.
 
PATTÉ, Ana Roberta Uglô. Barragem norte na Terra Indígena Laklãnõ. Trabalho de Conclusão de Curso. Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica. Florianópolis: UFSC, 2015. 

65 comentários:

  1. No texto o autor Chinua Achebe fala sobre o “equilíbrio das histórias”, para evitar o ensino de uma história única e os perigos decorrentes disso. Porém como ensinar história dos indígenas no Brasil usando a oralidade ou a internet sem prejudicar a grade curricular da escola, já muito apertada?
    Eduval Pinheiro Lucas Xavier

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    1. Caro Eduval, agradeço sua participação. Acredito que oralidade e uso de recursos didáticos como a internet contribuem para que o processo de ensino e aprendizagem se aproxime dos estudantes que são fruto de seu tempo. Vivemos na era da informação instantânea e o site como recurso na temática indígena, aplicado em sala nas minhas experiências foram atrativas aos estudantes e substituíram o livro didático. Entendo que o currículo é uma avalanche de temas, que nem sempre consigo abordar. Faço escolhas, pois defendo que a qualidade das aulas, pautada nos interesses dos estudantes tem um resultado melhor, voltado a aprendizado significativo.

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  2. Creio que o ensino de História Regional deve ser integrado a temas do Currículo via Materialismo Histórico Dialético, através do qual pode se desenvolver uma aula que vá do global ao local a partir de grandes tema lidos a contrapelo como dizia Benjamin, W. e que explore as contradições do tempo presente sem necessariamente necessitar de uma exposição sobre a genese do problema uma vez que a BNCC diminuiu muito as aulas de História. Creio ser vital o debate e a construção da história a partir do senso comum apresentado pelo estudante rumo à construção de conceitos que levem em conta a sociedade de classes e seus mecanismos de consenso ou hegemonia. Waldson Luciano Correa Diniz UFMSCampus do Pantanal

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    1. Não identifiquei uma pergunta, mas gostaria de comentar que a possibilidade de fazer uso da micro-história também é pertinente na elaboração deste trabalho. Optei em partir do local para o global balizando a pesquisa no que os estudantes me apontavam nas práticas de sala de aula. Agradeço o comentário Waldson.

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  3. Parabenizo pelo trabalho também no site. Achei muito interessante e lúdico!

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    1. Obrigada, se tiver alguma sugestão estou a disposição. Busque pelo e-mail: claristoria@gmail.com

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  4. Importantíssimo trabalho, Prof. Clarice, que prova que a história indígena não deve ser ensinada apenas nas comunidades indígenas.

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  5. kalina vanderlei paiva da silva12 de setembro de 2022 às 19:08

    Prof. Clarice, não apenas seu trabalho mostra que não se deve ensinar história indígena apenas em comunidades indígenas, mas que é igualmente importante ensiná-la em comunidades de diferentes bases étnicas, mas também que é possível construir propostas didáticas relevantes com apoio dos alunos. Estou muito interessada em seu site e já o salvei para visita e análise!

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    1. Olá Kalina, espero receber seu parecer do site assim que acessar o material. A ideia é mostrar que apesar de focar em história regional, o material didático pode ser utilizada em qualquer parte do Brasil, pois aborda de maneira geral questões relacionadas ao Ensino de História Indígena.

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    2. kalina vanderlei paiva da silva14 de setembro de 2022 às 19:37

      Estou gostando bastante dos 'casos' e particularmente do tópico 'Já parou para pensar o que os indígenas acham de você?'. E pretendo divulgar seu trabalho, em breve, no instagram do projeto que coordeno (@kmaikya). Parabéns!

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    3. Que show Kalina, vou buscar conhecer seu projeto. Peço que ao divulgar marque meu perfil @c.ehmke.

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  6. Tatiane Soethe Szlachta13 de setembro de 2022 às 20:00

    Seu tema é muito relevante. Sou de Grão-Pará, uma cidade no sul de Santa Catarina, que também faz parte do território tradicional Laklãnõ/Xokleng e tem uma história tão complexa quanto a do Vale Europeu quando falamos em indígenas. Dado o contexto, identifiquei muita coisa do seu texto com a realidade da minha cidade. A temática indígena é pouco trabalhada nas escolas, e a história indígena local é pouco aprofundada, inclusive com a reprodução dos esteriótipos conhecidos por quem pesquisa a temática. Da mesma forma, os professores justificam a omissão do tema à falta de material didático disponível. E realmente como o texto ressalta, as pesquisas realizadas geralmente ficam restritas ao meio acadêmico. Por isso, trabalhos como o seu são de extrema importância. Aqui já aproveito para parabenizá-la.
    Nas minhas experiências com a temática, percebi que os estudantes geralmente demonstram um grande interesse na temática, principalmente quando propomos alguma atividade dinâmica. Embora o currículo vigente não aborde diretamente o caso dos Laklãnõ/Xokleng em Santa Catarina, eu sempre busco relacioná-los aos conteúdos estudados quando possível. Para embasar as aulas e falar sobre a cultura deste povo busco, as bibliografias existentes, especialmente os trabalhos publicados pelos próprios indígenas, que vem ganhando espaço no meio acadêmico através dos cursos de licenciatura indígena. E para abordar o contato com o colonizador e o genocídio costumo a pedir que entrevistem seus familiares, pois esta história é muito recente e as memórias do contato ainda estão lá para serem exploradas. Acredito que isso seja de suma importância para compreender a história dos Laklãnõ/Xokleng, relacionando ao contexto onde o estudante está inserido.

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    1. Boa tarde Tatiane, li seu texto e identifiquei os desafios comuns que enfrentamos, feliz que estamos propondo mudanças. Na dissertação busco como fonte os trabalhos realizados pelos acadêmicos Laklânô-Xokleng no Curso de Licenciatura Intercultural indígena da UFSC. Mas gostei muito da sua estratégia em ouvir as histórias contadas pelos familiares dos estudantes. Estava previsto uso de história oral para este trabalho, mas com a pandemia precisei rever a metodologia. Em geral utilizo relatos que constam na Revista Blumenau em Cadernos" e confrontamos com a versão indígena da ocupação. Agradeço seu comentário e dicas. Considere buscar conhecer um trabalho nesta linha chamado: Memórias da Colônia Nova Itália/SC: Diálogos entre História Oral, Memória e o Ensino de História. O autor é Malcon Gustavo Tonini. E seguimos....abraços.

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  7. Bom dia! Que ideia genial! Você informou que aplicou o projeto nas turmas de ensino fundamental, mas fiquei curioso em saber qual as turmas e faixas etárias dos estudantes. Com esse dado, fiquei muito curioso e lhe faço algumas questões: qual foi o resultado do projeto? Houve dificuldades em se trabalhar com tecnologia? Se sim, eu quais turmas? Você precisou usar o ebook em algum momento? Enfim, são curiosidades que não consegui respostas no texto. Parabéns novamente. Jackson Alexsandro Peres.

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    1. Boa noite Jackson, muito pertinentes suas questões. No momento do texto o site era apenas proposição. Ao aplicar a atividade fiz como o previsto, para estudantes de 7o. ano do Ensino Fundamental. Utilizei apenas duas oficinas e identifiquei algumas dificuldades e a interpretação de texto foi a principal, não prestam atenção a textos longos. Os vídeos foram os queridinhos da atividade. Mas tudo depende da condução da aula. Em uma segunda oportunidade ao invés de deixar cada estudantes explorar o site independentemente, experimentei fazer um roteiro e ao chegar na sala de tecnologias conduzi a reflexão de uma das oficinas com a participação conjunta da turma e foi muito melhor. Identifiquei que o Caso Uglô é mais complexo, aborda representatividade, barragem norte, universidade, e por isso tive êxito com o Ensino Médio. Portanto acredito que o site pode ser usado a partir de 7o. ano. Sei que não consegui atingir todos os estudantes, mas se corrigem na fala sobre índio ou indígena, teceram críticas ao vídeo institucional da prefeitura municipal, onde colocava que " os índios cederam espaço aos imigrantes", o olhar ficou mais crítico e isso vale muito. Não usei o ebook, trabalho em uma escola que oferece acesso a internet. Fico a disposição.

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  8. Olá sou, Ismar dos Santos. Gostei muito do assunto, e gostaria de saber da senhora quando fala "o indígena não é um personagem congelado no passado colonial da história do Brasil." Você acha que eles estão evoluindo, em busca de melhorias para o seu povo?

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    1. Agradeço sua participação Ismar. O que você entende por evolução? A cultura não é cristalizada, as identidades sofrem transformações... Daniel Munduruku diz que os indígenas fazem uma atualização de sua cultura de forma espiral, se fortalecem no passado ancestral e se valem dos recursos que o tempo presente oferece. "O indígena congelado no passado" é uma referência a forma como as pessoas ainda ensinam os povos originários estereotipados, com referenciais do período de 1500. Ignorando as mudanças que acontecem nas experiências, contatos e necessidades que temos ao nos adaptar constantemente. E isso é do ser humano. Tem um curta muito bacana publicado pelo ISA, que aborda essa dúvida. segue o link: https://www.youtube.com/watch?v=uuzTSTmIaUc, Abraços.

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  9. Olá sou eu de novo, Ismar de Santos. Eu gostaria de saber na sua opinião, porque as estatísticas apontam para uma grande número de indígenas, vivendo em centros urbanos? E abandonando os seus lugares de origem. Obrigado pela participação!

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    1. Olá Ismar, super bacana sua pergunta. Desafio você a elaborar sua própria hipótese entrando no site e realizar a oficina 1 do Caso TOLYM. As pistas oferecidas te fazem refletir o tema e chegar a essa resposta. Caso não tenha como acessar me avise por aqui mesmo e retomo para resolver a questão, ok?

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  10. Olá Clarisse, obrigado por compartilhar seu texto e suas reflexões. Me chamo Maicon Douglas Holanda e sou professor de História da Rede Estadual do Tocantins (SEDUC/TO), e recentemente levei os estudantes do 2º ano do ensino médio para uma aula de campo na aldeia Xambioá-Karajá, às margens do Rio Araguaia, na região norte do Tocantins. Seu relato me lembra muito algumas questões que permeiam também a questão indígena daqui, como a visão estereotipada que os estudantes possuem, do eurocentrismo enraizado que acabam por denominar esses povos como "atrasados", "selvagens", "exóticos", tendo em vista o uso desses termos em alguns momentos da discussão em sala de aula; e por fim, a ideia de que indígena não deve migrar para as cidades porque senão não são mais indígenas. Essas visões equivocadas foram debatidas, o que acarretou uma vistosa consciência histórica e sociocultural acerca da questão indígena, tendo em vista a boa participação e aproveitamento. No mais, destacou-se pelos próprios estudantes também o papel do governo brasileiro atual em deslegitimar a cultura e a identidade indígena, como a fala do atual presidente de que "índios tem reservas em excesso", ou que "para integrar o índio à sociedade, não custa nada buscar uma maneira de explorar de forma racional essas grandes áreas". Como você percebe esses discursos que desfavorecem a luta indígena e conflituam o reconhecimento de que os mesmos precisam de mais respeito e mais políticas públicas? Como você acredita que nós, enquanto professores do ensino básico, devemos salientar essas questões atuais em sala de aula sem correr o risco de salientar a história única?

    Maicon Douglas Holanda

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    1. Olá sou, Ismar dos Santos. Gostei muito do assunto, e gostaria de saber da senhora quando fala "o indígena não é um personagem congelado no passado colonial da história do Brasil." Você acha que eles estão evoluindo, em busca de melhorias para o seu povo?

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    2. Já respondi anteriormente.

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    3. Oi Maicon Douglas, estou respondendo aqui abaixo do Ismar...

      As experiências para além de sala de aula são incríveis e propostas pelas indígenas que me inspiraram a elaborar o site. Que experiência maravilhosa a sua de poder visitar a aldeia Xambioá-Karajá, essa vivência do sentir impacta de muitas maneiras nossos estudantes. Enquanto pesquisadora e professora temos enfrentado uma série de afrontas por parte do des-governo atual. Infelizmente estamos pisando em "ovos", e as colocações em sala de aula precisam ser bem fundamentadas, pois tudo tem dado margem a intolerância e violência. Imagino que não seja diferente com você. Desta maneira refuto as declarações do governante "inominável" com dados de fontes confiáveis. Temos o dever de salientar o movimento de resistência dos povos originários com todos os recursos que nos são possíveis, traçando as conquistas, enfatizando que não podemos retroceder nas garantias constitucionais e principalmente ouvir estas vozes, trazê-las ao protagonismo de suas próprias histórias. Espero ter contribuído. Caso queria continuar a conversa busque o e-mail: claristoria@gmail.com

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  11. A gente percebe que mesmo com a lei n° 11.645/2008 que determina o ensino da cultura e dos povos indígenas nas escolas isso não é feito, e se é feito é de forma rápida sem dá tempo para estudar de forma mais abrangente. Como ensinar uma história/cultura tão vasta em um pouco período de tempo? Seria necessário uma matéria específica para esses estudos?

    João Lucas Barros do Sacramento

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    1. Olá João, essa sua pergunta é ótima. Eu trabalho povos originários em todas as turmas, sempre é possível...os indígenas na ditadura, a diversidade indígena na América, e por aí vai. Apesar do currículo engessado, faço escolhas, diminuo o tempo em certos temas, foco em outros para conseguir trazer a temática indígena ao debate. Mas não sejamos ingênuos, não seria possível trabalhar " toda" a diversidade de povos originários. Sobre a matéria específica, talvez, possa ser proposta como trilhas de aprofundamento do NEM. Agradeço sua participação.

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  12. O ensino da cultura indígena e dos povos originários ainda é pouco difundido nas escolas brasileiras. Como assegurar que essa lei está sendo cumprida diante do sucateamento do ensino público?

    João Lucas Barros do Sacramento

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    1. Olá João, As Diretrizes Operacionais para a implementação da história e das culturas dos
      povos indígena na Educação Básica, em decorrência da Lei nº 11.645/2008 foi o último documento ao qual tive acesso, e prevê ações para lei ser cumprida na escola. Outras são iniciativas pontuais e individuais como da nossa colega Tatiane que participou da mesa aqui no Simpósio, investigou por meio de formulários as ações didáticas dos professores do município de Grão Pará/SC quanto a temática indígena. Não vejo que a aplicação da lei esteja atrelada ao sucateamento das escolas públicas, as privadas também não a implementam. As diretrizes operacionais indicam que o ensino de história indígena seja obrigatória em toda rede de ensino, desde a educação infantil até o Ensino Superior. E como fica a cobrança da efetivação da lei? Não há um controle, nem estatística que eu conheça sobre isso. No entanto sou fruto de uma formação universitária anterior a 2008, portanto sem esse debate, e busquei na formação continuada essa lacuna da minha formação. Acredito que temos tido avanços nessa área, as universidade tem trazido o debate a cena dos cursos de formação docente, e isso considero primordial. Assim, partindo do docente preparado com formação continuada teremos excelentes resultados. As mudanças na educação não são imediatas, mas estão em curso..

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  13. O Brasil tem uma grande dificuldade de conhecer a sua própria história e em especial as dos povos originários. Eles se diferenciam uns dos outros em sua organização, língua e costumes, e mesmo dentro de cada grupo existe muita diversidade. Diante disso, como fazer para ensinar aos nossos alunos, dentro do tempo que nos é dado, uma história tão vasta? E como podemos trazer isso para o nosso cotidiano escolar?

    Rayssa Vitória Cordeiro

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    1. Olá Rayssa, agradeço sua participação.

      Tenho utilizado uma técnica bem bacana com os estudantes para se perceberem enquanto o " diferente". Pois em geral o exótico estereotipado recai sobre as populações indígenas. Uso um texto chamado "Os onaciremas", de Horace Miner e adaptado por Cristiano Bodart. O texto relata ações que realizamos cotidianamente sem mencionar exatamente de quem se trata, é um bom ponto de partida para sensibilizar que todos temos hábitos, costumes, práticas rituais que são diferente apenas e não melhores umas que as outras. Espero ter respondido..

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  14. A presença crescente da população indígena brasileira nas cidades é consequência de invasões que trazem insegurança para essa comunidade dentro de suas terras. Muitos deles acabam vindo para as cidades, como é destacado no texto. Esse contato com a cidade pode possibilitar uma forma da população conhecer mais a cultura e história deles? Ou isso não deixa de ser um problema?

    Rayssa Vitória Cordeiro

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    1. Olá Rayssa, agradeço sua participação.

      Indígenas nas cidades não são um problema. O problema é achar que não tem o direito de estar onde querem estar. A vinda para as cidades tem motivos diversos. Munduruku afirma que precisam usar as ferramentas dos "brancos" para serem ouvidos, talvez você se refira a isso. Escrever, falar por si ocupando as mídias, as universidades e validar seus saberes da forma que os não indígenas aceitem tem contribuído para uma maior visibilidade.

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  15. Este comentário foi removido pelo autor.

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  16. O estudo dos povos originários é extremamente reduzido no ensino básico das redes públicas e privadas em nosso país, sabemos que isso acontece pelo fato de que a história está fadada a focar no lado ocidental dos acontecimentos, pois fomos convencidos a isso. No entanto, atualmente as lutas por igualdade e diretos dos povos indígenas vem cada vez mais ganhando força e visibilidade, desse modo, como isso influencia na formação do novo docente e como ele deve levar isso futuramente para a sala de aula?

    Lívia Oliare Cardoso Pessoa

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    1. Agradeço sua participação Lívia. O docente sempre está buscando formação. Que bom que temos debatido mais as conquistas dos movimentos indígenas, isso deve estar presente na universidade, nos grupos de pesquisa, nos eventos de divulgação científica. O resultado são professores com formação efetiva para implementar a lei 11.645/2008.Trazer para sala de aula os movimentos e conquistas indígenas tem relação com o quanto o/a professor/a tem conhecimento sobre o tema e capacidade de envolver os estudantes para essa valorização dos povos originários. Não como vitimas, mas como protagonistas, resistência. Abraços.

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  17. Atividades didáticas diferentes e chamativas são ótimas opções para serem utilizadas no ambiente escolar para obter a atenção plena e o interesse do aluno, levando em consideração que a história dos povos indígenas é pouco difundida nas escolas e tomando para si a ideia de que essa realidade deve mudar, que tipo de atividades seriam convenientes para transmitir esse tipo de conteúdo?

    Lívia Oliare Cardoso Pessoa

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    1. Então Lívia, sempre sugiro buscar as produções indígenas. Músicas, pinturas, literatura....há tanto a ser explorado. O grupo de Rap indígena de Dourados, os BRÔ MC's, por exemplo, fizeram participação importante no Rock In Rio deste ano. A Rádio Yandê e sua programação. Como diz Ana Patté, do povo Laklãnõ Xokleng, " não conhece os indígenas quem não quer, pois estamos na internet". Então, enquanto docentes devemos e podemos fazer a apresentação destas produções aos discentes em nossas aulas.

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  18. Thuany Camilly Oliveira Matos15 de setembro de 2022 às 20:52

    Olá, boa noite. Parabéns pelo excelente trabalho!
    É notório que com a reforma do ensino médio várias matérias foram reduzidas, especialmente as que falam sobre a História do Brasil, consequentemente prejudicando o ensinamento de milhares de criança sobre a história do seu próprio país e principalmente sobre a história dos povos originários. Dessa forma, como continuar aplicando a lei 11.645/2008 nesse pouco tempo dedicado a esses assuntos de grande relevância para o desenvolvimento dos alunos?

    Thuany Camilly Oliveira Matos

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  19. Ótimo texto, parabéns. A senhora não acha que todo esse cuidado em não parecer ofensivo nos livros didáticos e em outros meios de ensino não adiantam de nada se pouco se é falado sobre os povos originários e graças a essa pouca divulgação educacional histórico social os povos originários são tratados de forma tão inferior passando a ser chamados de índios de forma ofensiva e sendo tratados socialmente como seres inferiores e primitivos?
    Esther da Costa Souza

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    1. Olá Esther, agradeço sua participação.
      Se ainda existe a disseminação da ideia equivocada de indígenas como pessoas primitivas é exatamente pela reprodução de materiais desatualizados e que não passaram por avaliação criteriosa dos órgãos competentes. Discordo quando menciona que o " cuidado para não parecer ofensivo nos livros não adianta de nada". Mesmo que a abordagem não tenha a amplitude que os povos originários mereçam nas produções de livros didáticos, o respeito as suas culturas é o mínimo exigido.

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  20. Como a senhora mesmo traz no seu texto a frase que muito se é ouvida “ouvimos falar que o índio não trabalha e vive às custas de quem trabalha” do autor Clovis Antonio Brighenti, a senhora concorda que essa frase carrega um peso enorme imposto pelo período de escravidão vivido no país, uma vez que a escravidão se iniciou com os indígenas mas com o passar do tempo e como a mão de obra escrava africana se tornou muito mais em conta para os portugueses e tido essa visão de que os indígenas são preguiçosos e vivem a custa dos que verdadeiramente trabalham ?
    Esther da Costa Souza

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    1. Olá novamente Esther.
      É claro que a visão da "indolência" do indígena é uma construção estereotipada do período colonial presente nos dias atuais. Essa visão reproduz exatamente a falta de conhecimento que o europeu teve sobre a cultura dos povos originários. Como cita um vídeo do Museu do Índio " é preciso conhecer para respeitar". Está aí nosso papel enquanto professores.

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  21. Parabéns pelo ótimo trabalho!
    Tendo em vista que leis foram criadas para assegurar o ensino sobre esses povos originários e seus costumes nas escolas, como você acredita que isso poderia ser feito e transmitido de uma forma que não fosse apropriação cultural ou de alguma maneira pejorativa? Ciente de que a grande maioria dos professores não possuem nem mesmo a formação necessária para tal?

    Raylane Ferreira Gomes

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    1. Excelente participação Raylane, obrigada.
      A formação continuada é uma busca dos docentes. Atualmente não podemos mais dizer que não está sendo oferecida, talvez seja o caso da formação ser obrigatória também. Há várias plataformas de universidades sérias, de programas de pesquisa que fornecem cursos e aulas sobre o tema. Muitos conteúdos são compartilhados e replicados. Também há um entrave no cotidiano estafante de professores/as que completam carga horária em muitas escolas e o tempo de formação fica reduzido. Procuro buscar material produzido por indígenas para usar em sala, ou mesmo trazer parceiros indígenas que possam falar de si, seu povo e sua cultura. Espero ter respondido.

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  22. Parabéns pelo ótimo trabalho!
    Você cita em determinado trecho de seu texto que "o indígena não é um personagem congelado no passado colonial da história do Brasil" ao afirmar isso, você acredita que essa imagem do indígena como "personagem" de fato poderia mudar? E qual caminho necessário para isso acontecer? Tendo em vista que muitos veem esses povos como figuras ilustrativas, utilizando tanto de seus costumes como de suas vestimentas para usarem como fantasias e etc?

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    1. Agradeço sua participação, não identifiquei o autor do comentário.
      Eu vejo que o olhar para o indígena enquanto personagem já está em vias de superação, pelo menos, citando a realidade em que estou inserida. O caminho continua sendo a educação e o protagonismo dos indígenas, previsto nos estudos da nova história indígena e na BNCC.

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  23. É notório a falta de prestígio da história indígena no Brasil, essencialmente no Ensino Fundamental e Médio. Essa afirmativa não é tão antiga quanto atual, sendo uma problemática intrigante para nós brasileiros, que só temos oportunidade de conhecer nossa real história em um curso superior ou indo afundo em pesquisas. O que falta para acabar com esse problema da ausência do estudo dos povos indígenas brasileiros? Possui alguma ideia de possíveis primeiros passos?

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    1. pergunta por: Rafael Nogueira Gomes

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    2. *essa afirmativa é tão antiga quanto atual*
      erro de digitação pelo corretor automático

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    3. Olá Rafael, não há falta de estudos sobre povos indígenas, há falta de disseminação destes estudos. É preciso que as pesquisas realizadas nas universidades cheguem aos professores que estão na ponta da sala de aula. Esse caminho também pode ser oposto. É preciso que o professor busque estas informações. Minha ideia é que ocorram mais possibilidades como esta do Simpósio eletrônico para que possamos trocar estas informações, aprender e ensinar. Sou professora, e muitos colegas acreditam que não é possível ser professor e pesquisador. E fazemos isso o tempo todo em sala. Nos falta esse momento de trocas riquíssimo que temos por este canal. Valeu seu comentário. abraços.

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  24. Raylane Ferreira Gomes15 de setembro de 2022 às 22:09

    Você cita em determinado trecho de seu texto que "o indígena não é um personagem congelado no passado colonial da história do Brasil" ao afirmar isso, você acredita que essa imagem do indígena como "personagem" de algum período pode mudar e assim ele poder escrever a sua própria história com a sua visão? Textos mostrando uma nova história contada não mais com um olhar etnocêntrico pode contribuir para que alguns costumes que as pessoas tem em usar os indígenas como figuras ilustrativas, utilizando de seus costumes e vestimentas como fantasias e etc pode mudar? Raylane Ferreira Gomes

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    1. Olá Raylane. Essa história sob a ótica indígena já está sendo contada. Os povos originários são resistência, sempre estiveram aqui, e a partir do movimento da Nova História Indígena as iniciativas para ouví-los tem recebido mais força. O próprio posicionamento de indígenas nos meios de comunicação tem desencorajado práticas depreciativas e a imagem de " personagem" como você coloca, ilustro com o caso de Katú Mirim, segue o link. https://catracalivre.com.br/cidadania/usar-fantasia-de-indio-nao-e-homenagem-e-racismo-diz-ativista/

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  25. Qual seria a melhor forma de introduzir a reeducação dos alunos de forma não eurocêntrica, explicando a importância de nossos antepassados tão pouco estudados no ensino básico?

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    1. Olá novamente Rafael.
      Caterine Walsh defende que devemos " aprender a desaprender para reaprender", nosso papel enquanto docentes é ampliar essa visão dos educados sob a hegemonia eurocêntrica para além...podemos parafraseando a escritora Chimamanda Adichie, experimente explicar o projeto das Grandes Navegações a partir dos povos originários habitantes do litoral brasileiro. Abraços.

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  26. Qual seria a melhor forma de introduzir a reeducação dos alunos de forma não eurocêntrica, explicando a importância de nossos antepassados tão pouco estudados no ensino básico?

    Rafael Nogueira Gomes*

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    1. Escrevi esta resposta na primeira versão que você postou.

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  27. Parabéns pela pesquisa, e pela escolha do tema!
    Sabemos que constantemente o ensino de História vem sendo atacado, e desconstituído do verdadeiro sentindo do ensinar a História e do Historiar de maneira certa, de que forma e quais métodos um professor da rede pública, fadado de um sistema falho de educação, pode se motivar e contribuir de maneira corretamente adequada ao tema citado (povos originários, indígenas, etnicidades, espaços na sociedade, identidades...) e driblar os pequenos horários de aulas e as constantes pressão de temas obrigatórios com ideologias eurocêntricas divergentes e que não contribuem com um pensamento crítico e reflexivo nos alunos?
    Andressa Nascimento da Silva
    nascimento.andressa@sou.ufac.br

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    1. Olá Andressa, agradeço muito sua participação.
      Sei bem do que você está falando. Carga horária excessiva, material eurocêntrico, pouco tempo para formação. Sou professora de escola pública para ensino fundamental há 22 anos. É um processo contínuo, a docência se constrói na relação com as pessoas que você trabalha, com o público discente, com as formações continuadas, congressos que tem a oportunidade de participar, com os erros e acertos de suas propostas didáticas. Eu "driblo" estas instabilidades com a resiliência, não desisto. O pouco que consigo mudar nas práticas pedagógicas é melhor que nenhuma mudança. Não é sempre que você consegue pensar um tema de forma decolonial, não se cobre, mas comemore quando sua estratégia foi possível. Nosso trabalho na educação é em passos lentos, mas o resultado aparece. Abraços. Caso queira continuar esse debate: claristoria@gmail.com

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  28. Thuany Camilly Oliveira Matos15 de setembro de 2022 às 23:13

    É de nosso conhecimento que o ensino da história dos indígenas nas escolas é muito limitado, no entanto, a cada dia vem surgindo novas metodologias pedagógicas que proporcionam uma dimensão de atividades dentro da sala de aula. Sendo assim, quais formas (além desta ferramenta que consta no texto) os docentes podem transmitir a história dos povos indígenas utilizando métodos e materiais didáticos que fale a visão dos povos originários e não uma visão etnocentrica? E de que modo eles podem aproximar os discentes da realidade que esses indígenas viveram e vivem?

    Thuany Camilly Oliveira Matos

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    1. Olá Thuany, agradeço sua participação.
      Existem muito material sobre a temática indígena nos repositórios de trabalhos desenvolvidos pelos próprios indígenas nos cursos de licenciatura intercultural, por aqui em Santa Catarina temos na UFSC. Indico os materiais didáticos desenvolvidos no Profhistória, uma infinidade de jogos, sites, e-books sobre a temática indígena. Referente a aproximação com a realidade vivida por indígenas, busque por eles, nas redes sociais, em conversas com seus estudantes, talves alguém tenha uma ancestralidade que pode ser explorada estrategicamente em aula, vá fazer uma visita a aldeias próximas do local de sua atuação, convide uma indígena para conversar em sua aula. Esse tipo de intervenção faz toda a diferença.

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  29. Já respondi anteriormente.

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