Fabian Filatow

Migrações, refugiados e o Ensino de História através do uso das histórias em quadrinhos

Fabian Filatow
 
 
Introdução
 
Nos últimos meses convivemos com cenas de pessoas fugindo da zona de guerra na Ucrânia iniciada em 24 de fevereiro de 2022. Este contexto internacional vem tendo grande influência nas aulas de História da Educação Básica. Este será o lugar de fala do presente trabalho.
 
Apresentando, rapidamente, o contexto local que originou as atuais reflexões. Na escola do município de Esteio, no Rio Grande do Sul, recebemos estudantes venezuelanos e alguns oriundos da Palestina. Foram momentos nos quais as diferenças culturais, tais como o idioma, a religião, a alimentação etc. e a saudade do lugar de origem ficaram evidentes no cotidiano escolar. Na outra escola na qual também leciono, na cidade de Canoas, também no Rio Grande do Sul, recebemos estudantes de diferentes estados do Brasil. É uma nova realidade, a nossa realidade enquanto escola.
 
Estas experiências fomentaram e ainda fomentam inquietações sobre a necessidade de aproximar as pesquisas acadêmicas que pensaram a imigração e seus desdobramentos com a Educação Básica. Ou pelo menos, contribuir para diminuir imprecisões a respeito da temática da imigração.
Assim, nosso objetivo é refletir sobre migrações, refugiados e o Ensino de História através do uso das histórias em quadrinhos.
Numa rápida pesquisa identificamos várias publicações de histórias em quadrinhos com temáticas históricas. Também identificamos pesquisas acadêmicas que se debruçaram sobre o universo dos quadrinhos. E, na educação, temos trabalhos que versam sobre os usos dos quadrinhos no ensino e na aprendizagem.
 
Um dos eixos das histórias em quadrinhos contemporâneas que se destaca é o da reportagem, do texto informativo. Ou seja, reportagens apresentadas no formato de história em quadrinhos (graphic novels). Joe Sacco é um dos que se destacam neste gênero literário que busca informar valendo-se do recurso da arte sequencial (Will Eisner). Atualmente outros autores e autoras estão dando continuidade a este modo de informar.
 
Buscando construir um diálogo entre migrações, refugiados e ensino de história optei por fazer uso das histórias em quadrinhos que abordam a temática migração e refugiados. Neste sentido, utilizo as histórias em quadrinhos como fontes para pensar, refletir e fazer conhecer o universo da migração. A opção por esta mídia se deu pela possibilidade de aproximação com os estudantes, muitos destes têm ou tiveram algum contato com este tipo de material em suas vidas. Além disso, algumas destas histórias em quadrinhos foram publicadas para dar visibilidade e mesmo denunciar a situação da enorme massa de pessoas denominadas genericamente como refugiados e as situações as quais são obrigadas a sobreviverem. Algumas dos quadrinhos selecionados oportunizam um olhar mais individualizado sobre trajetórias pessoais, demonstrando os impactos da migração nas vidas dos seus protagonistas.
 
Partindo das reflexões realizadas por Zygmunt Bauman (2017) e Durval Muniz de Albuquerque Júnior (2016) almejamos apresentar as possibilidades oriundas do uso das histórias em quadrinhos para promover o estudo das migrações e seus desdobramentos nas aulas de História.
 
Ensino de História e Histórias em Quadrinhos
 
Acreditamos ser prudente apresentarmos, mesmo que suscintamente, como compreendemos Ensino de História e histórias em quadrinhos para fins desta discussão. E, a partir destas, darmos seguimento a reflexão sobre as possibilidades dos usos das histórias em quadrinhos para o estudo dos refugiados e seus desdobramentos.
 
As histórias em quadrinhos podem ser identificadas como uma mídia global e estão na ordem do dia a um longo tempo. Não é de hoje que nos deparamos com reflexões sobre os múltiplos usos dos quadrinhos no ambiente escolar. Mas é necessário estar ciente de que esta mídia apresenta peculiaridades, ou seja, agregam diferentes aspectos da comunicação, tanto visual quanto verbal. Para Will Eisner:
 
“A configuração geral da revista de quadrinhos apresenta uma sobreposição de palavra e imagem e, assim, é preciso que o leitor exerça as suas habilidades interpretativas visuais e verbais. As regências da arte (por exemplo, perspectiva, simetria, pincelada) e as regências da literatura (por exemplo, gramática, enredo, sintaxe) superpõem-se mutuamente. A leitura da revista em quadrinhos é um ato de percepção estética e de esforço intelectual.” (EISNER, 1989, p. 8).
 
Neste sentido, as histórias em quadrinhos têm muito a contribuir com o desenvolvimento das competências e habilidades que fazem parte das exigências do Ensino de História na Educação Básica. Sua compreensão exige decifrar imagens, compreender “sons”, perceber os diferentes tempos e espaços que podem estar presentes numa única história. Compreender os diferentes tempos e espaços que se apresentam na narrativa ou mesmo em uma única página da obra. Ou seja, é necessário compreender a presença do múltiplo numa história em quadrinhos. Nesse sentido “a alfabetização na linguagem específica dos quadrinhos é indispensável para que o aluno decodifique as múltiplas mensagens neles presentes e, também, para que o professor obtenha melhores resultados em sua utilização”. (VERGUEIRO, 2016, p. 31). Concordamos com a necessidade de uma alfabetização no que diz respeito aos quadrinhos, pois:
 
“(...) nota-se que as histórias em quadrinhos constituem um sistema narrativo composto por dois códigos que atuam em constante interação: o visual e o verbal. Cada um desses ocupa, dentro dos quadrinhos, um papel especial, reforçando um ao outro e garantindo que a mensagem seja entendida em plenitude. Alguns elementos da mensagem são passados exclusivamente pelo texto, outros têm na linguagem pictórica a sua fonte de transmissão. A grande maioria das mensagens dos quadrinhos, no entanto, é percebida pelos leitores por intermédio da interação entre os dois códigos. Assim, a análise separada de cada um deles obedece a uma necessidade puramente didática, pois, dentro do ambiente das HQ's, eles não podem ser pensados separadamente.” (VERGUEIRO, 2016, p. 31).
 
 
Não podemos nos esquecer que as histórias em quadrinhos também são produtos fabricados pela sociedade, assim como toda fonte histórica utilizada em sala de aula pode oferecer uma significativa contribuição para o desenvolvimento do conhecimento histórico. Esta abordagem pode contribuir para o ensino de História. Pois,
 
“(…) ensinar História é estabelecer relações interativas que possibilitem ao educando elaborar representações sobre os saberes, objetos de ensino e da aprendizagem. O ensino se articula em torno dos alunos e dos conhecimentos, e as aprendizagens dependem desse conjunto de interações. Assim, como nós sabemos, ensino e aprendizagem fazem parte de um processo de construção compartilhada de diversos significados, orientado para a progressiva autonomia do aluno.” (GUIMARÃES, 2012, p. 166-167)
 
Para contribuir com esta perspectiva de transformação, de exercício do pensar e do construir conhecimento, as histórias em quadrinhos se oferecem como um recurso de ensino importante. Esta mídia exige dos estudantes uma atitude ativa. Permite a formulação de diversos questionamentos e reflexões. Possibilita a abordagem de diferentes temáticas pertinentes à disciplina. O grande desafio da educação é, no nosso entender, contribuir para a formação de indivíduos autônomos do ponto de vista da capacidade de construir conhecimento e saberes, principalmente, de saber utilizá-los na vida cotidiana. No passado, o importante era dominar o conhecido, hoje, o foco está em dominar o desconhecido. A educação visa contribuir para que o sujeito contemporâneo consiga desenvolver habilidades e competências para serem aplicadas diante de situações que lhe são impostas. Entre estes desafios está a competência para compreender as migrações e os seus desdobramentos.
 
Na sequência, iremos apresentar e analisar duas histórias em quadrinhos que abordam a temática dos migrantes e refugiados.
 
A odisseia de Hakim
 
Foi escrita por Fabien Toulmé sendo composta por três volumes. O primeiro volume intitulado A odisseia de Hakim: Da Síria à Turquia (TOUMÉ, 2020). O segundo traz a sequência da viagem em A odisseia de Hakim: Da Turquia à Grécia (TOUMÉ, 2020) e o terceiro volume, A odisseia de Hakim: Da Macedônia à França (TOUMÉ, 2021). A coletânea narra a história real de um jovem sírio que vivenciou os horrores da guerra na Síria. Motivo pelo qual deixou seu país. A obra inicia-se em 2011 e acompanha Hakim até o ano de 2015 quando ele se reúne com sua família na França.
 
Nos três volumes temos acesso a vida pessoal de Hakim, como o seu casamento, sua atividade profissional, conhecemos seus filhos e suas questões familiares. É uma obra que narra, através de testemunhos, parte da vida de Hakim, do seu cotidiano abruptamente alterado pelo conflito bélico que assolou o seu país de origem.
 
A trajetória de Hakim e sua família demonstra a dura realidade vivenciada por todos e todas que por diferentes motivos tiveram que deixar sua terra natal e migrar para outro lugar em busca de um novo lugar para viver. Os volumes foram produzidos partindo de entrevistas que foram realizadas entre o protagonista e o autor. Temos a oportunidade de abordar o recurso da entrevista, o uso da História Oral no contexto da sala de aula. Temos acesso a imagens do entrevistado e do entrevistador em diálogos nos quadrinhos, inclusive fazendo uso do gravador. Salientar que tanto o relato oral, o testemunho quanto o relato de vida, também se configuram em fontes históricas e que fazer uso destas informações mediadas por um marco teórico e metodológico adequado também é uma das possibilidades para que se produza o conhecimento histórico.
 
Ainda explorando a narrativa destacamos as inúmeras manobras que devem ser realizadas para ultrapassarmos as barreiras dos idiomas. O uso de um tradutor foi necessário para que esta narrativa de Hakim pudesse ser compartilhada, divulgada, denunciada. Por fim, destaco a presença de crianças na obra, como a do filho de Hakim, o pequeno o acompanha em toda a jornada e também vivencia os percalços, as dores e os sofrimentos da condição de imigrante primeiramente e, posteriormente, de refugiado. Nas sequências destacadas a seguir, temos a importância do conhecer para compreender.
 

Fonte: TOULMÉ, vol. 01, 2020, p. 10.

Fonte: TOULMÉ, vol. 01, 2020, p. 11.
 
Nas duas seleções acima temos questões importantes para serem refletidas em sala de aula. Destaco a questão da definição genérica de imigrante ou refugiado. Muitas vezes as pessoas migrantes ou refugiadas têm suas individualidades e suas histórias pessoais apagadas ou silenciadas pelo simples uso de são imigrantes ou são refugiados nos meios de comunicação. Através da A Odisseia de Hakim podemos conhecer pelo menos uma destas histórias individuais com maiores detalhes. O segundo ponto que destaco é a contextualização geográfica e histórica, ou seja, oferece a localização da Síria e também uma breve história deste país e de seus conflitos contemporâneos.
 
Nas cenas destacadas a seguir podemos identificar o medo, a angustia, os sofrimentos vivenciados pelos imigrantes e refugiados. Os desdobramentos também estão presentes nos quadrinhos, tais como a xenofobia, o preconceito.
 

Fonte: TOULMÉ, vol. 02, 2020, p. 204.
Fonte: TOULMÉ, vol. 03, 2021, p. 144.
 
Enfim, “A odisseia de Hakim” oferece inúmeras possibilidades para discutirmos em sala de aula a temática da imigração e os seus desdobramentos. Pode igualmente contribuir para uma construção da alteridade e da empatia. Podemos nos questionar sobre os motivos que contribuíram para que alguém assumisse a condição de refugiado. Sobre quais foram as dificuldades enfrentadas pelos refugiados ao ingressarem em outro país, lugar ou região. Pensar a questão do racismo, do preconceito e da xenofobia que estão no contexto da migração. É possível igualmente promover a reflexão sobre o nacionalismo que muitas vezes é percebido nos discursos de ódio contra os imigrantes e refugiados.
 
A segunda obra que trago para a discussão é intitulada “Refugiados, a última fronteira”, da autora Kate EVANS (2018). Retrata os refugiados que se dirigiram para a cidade portuária de Calais, na França, no ano de 2015. A história está datada entre o dia 1º de outubro de 2015 e a primavera de 2016. Calais é uma cidade portuária reconhecida por sua histórica indústria de rendas, renda esta que se faz presente na história em quadrinhos como fio condutor da narrativa. A cidade portuária foi o destino de muitos refugiados vindos do Oriente Médio e da África e que almejavam cruzar para o Reino Unido.
 
Uma outra cidade surgiu dentro de Calais, nomeada de “selva”. Era uma comunidade de contêineres e barracas, com a presença de ratos e lixo, sem saneamento ou segurança. Evans moveu-se para dentro desta comunidade unindo reportagem documental com histórias em quadrinhos e produziu uma obra que incorpora denúncias e fatos comoventes. A obra busca humanizar as pessoas que estão na “selva”, relatando suas histórias e vivências. Vivências estas que não teríamos acesso via telejornais, por exemplo. Há relatos de violência, de perseguição, de privação, de medo, mas também existe espaço para a esperança e o desejo de uma vida mais justa e igualitária.
 
Para demonstrar o pensamento de ódio existentes na sociedade naquele momento a autora fez uso das mensagens que recebia em seu celular. Estas mensagens foram impressas na HQ em forma de tela de celular contendo as mensagens recebidas de diferentes pessoas e lugares.
 

Fonte: EVANS, 2018, p. 32.
 
Esta relação do celular, das mensagens, certamente dialoga com nossos estudantes, pois o universo virtual está inserido no cotidiano. Evidenciar que o universo virtual é real e pode ter sérias consequências. Na cena a seguir temos o discurso da líder da extrema-direita Marine Le Pen no qual se opõem aos imigrantes e refugiados.

Fonte: EVANS, 2018, p. 10.
 
A solução, retratada no discurso de Le Pen é a implementação de fronteiras maiores. A crise dos migrantes na França é vista por Le Pen como uma invasão muçulmana. Ela classifica os franceses como parte de uma resistência, culpando os próprios migrantes pelas violências e privações sofridas.
 
Apontamentos finais
 
Com as histórias em quadrinhos temos a ênfase no sujeito individual, nomeando-o, inserido no seu contexto, uma pessoa comum que vivenciou um contexto traumático e violento que desmoronou toda a sua história social e também sua vida familiar. Muitas dessas históricas ficam por vezes perdidas e homogeneizadas quando retratas como de forma genérica como número de refugiados num gráfico do telejornal, por exemplo. Com a leitura e análise das histórias em quadrinhos podemos identificar as dificuldades, os problemas vividos por aqueles(as) que buscaram um novo lugar para viver.
 
Fica evidenciado os resultados destes grandes conflitos que fomentam as marchas migratórias forçadas e o que essa realidade impacta na vida pessoal, familiar e nas relações sociais de um refugiado. Presenças das lembranças do passado, perspectivas sobre o presente e planos para o futuro, relações de afeto que foram desfeitas e reconstruídas, e as relações familiares. Todas estas questões permeiam as narrativas e podem ser temas de discussão e trabalhados em sala de aula.
 
Fazendo uso das histórias em quadrinhos aqui mencionadas promovemos um olhar microscópio, ou seja, elencamos um caso, sim, a história em quadrinho relata um caso, mas é um caso ímpar, singular, único, mas certamente devem existir outras tantas histórias e relatos que ficaram no esquecimento ou foram silenciadas, afundados na massa disforme nomeada refugiados, imigrantes. Quase sempre apresentados pela grande mídia como pessoas sem rostos, sem identidade, sem nomes, apenas números.
 
A utilização destas histórias em quadrinhos contribui para promovermos no ambiente sala de aula da Educação Básica um refinamento conceitual pertinente ao tema das imigrações, a questão do nacionalismo, do racismo, xenofobia, preconceito, diversidade cultural, mundo do trabalho, dos direitos humanos, refugiados.
Enfim, acredito que esta atividade tenha importância para cada estudante, pois o/a instrumentaliza diante dos inúmeros discursos que são veiculados em outras mídias.
 
Referências biográficas
 
Dr. Fabian Filatow, professor de história na rede municipal de ensino da Prefeitura de Esteio (RS) e professor de história da rede estadual de ensino do Rio Grande do Sul.
 
Referências bibliográficas
 
ALBUQUERQUE JÚNIOR, Durval Muniz. Xenofobia: medo e rejeição ao estrangeiro. São Paulo: Cortez Editora, 2016.
 
BAUMAN, Zygmunt. Estranhos à nossa porta. Rio de Janeiro: Zahar, 2017.
 
EISNER, Will. Quadrinhos e arte sequencial. São Paulo: Martins Fontes, 1989.
 
EVANS, Kate. Refugiados: a última fronteira. Rio de Janeiro: DarkSide Books, 2018.
 
GUIMARÃES, Selva. Didática e prática de ensino de História: experiências, reflexões e aprendizados. Campinas, SP: Papirus, 2012.
 
TOULMÉ, Fabien. A odisseia de Hakim. Vol. 1. Da Síria à Turquia. São Paulo: Nemo, 2020.
 
TOULMÉ, Fabien. A odisseia de Hakim. Vol. 2. Da Turquia à Grécia. São Paulo: Nemo, 2020.
 
TOULMÉ, Fabien. A odisseia de Hakim. Vol. 3. Da Macedônia à França. São Paulo: Nemo, 2021.
 
VERGUEIRO, Waldomiro. “A linguagem dos quadrinhos uma alfabetização necessária” in  RAMA, Angela; VERGUEIRO, Waldomiro. Como usar as histórias em quadrinhos na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2016, p. 7-29.

4 comentários:

  1. Oi Fabian
    Tenho uma longa história com HQ's iniciando com Pato Donald na infância e coroando com Neil Gaiman e Alan Moore na juventude. Autores fundamentais em minha formação crítica e literária. Mas nestes anos sempre tive dificuldades em trabalhar HQ's com os estudantes, percebo uma dificuldade deles em interpretarem histórias mais complexas como as de Will Eisner. Você sugere alguma metodologia para trabalhar esta interpretação de texto e imagem com os estudantes?

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    1. Olá, Carla.
      Agradeço pela pergunta formulada.
      Vou tentar ajudar partindo da minha prática em sala de aula.
      Seleciono uma parte da HQ e faço a projeção em sala de aula (temos Data Show nas salas, o que ajuda muito). Deixo o espaço aberto para que os estudantes expressem o que estão vendo (imagens) qual é o lugar, quem é a personalidade, qual país etc. e compreendendo dos diálogos, o que foi dito e qual o motivo. É uma metodologia que contribui para quebrar o gelo e estimular a participação. Depois faço algumas intervenções, unificando algumas das falas.
      Outra possibilidade é partir de alguns quadros selecionados e buscar na internet referências que foram noticiadas (penso aqui no caso dos refugiados, caso da França, como abordado no texto) e construir um quadro explicativo. Buscando aproximações entre a narrativa da HQ e as notícias divulgadas. Buscar pequenas biografias das personalidades públicas que são mencionadas (exemplo: Marine Le Pen).
      Reconheço que interpretação de texto e imagens em sala de aula é algo bem complicado. Minha sugestão é começar com pequenas análises, ou seja, não abordar a HQ na totalidade, mas de pequenas partes selecionadas. Partir de HQ mais convencionais e depois avançar para HQ's mais densas, com as de Will Eisner que exigem um conhecimento de contexto histórico em alguns casos.
      Espero ter contribuído com sua dúvida.
      Desejo-lhe sucesso.

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  2. Parabéns pelo excelente trabalho, Fabian!
    Eu sou professora de Língua Portuguesa, no município de São Sebastião do Caí, no interior do Rio Grande do Sul e, assim como você, também tenho recebido alunos de diversos países, incluindo a Venezuela... Gostaria de saber se nessas suas pesquisas você encontrou alguma história em quadrinhos sobre nossos países vizinhos de língua espanhola? Também gostaria de saber como sua comunidade escolar se relaciona com esse trabalho, existem propostas de interdisciplinaridade?
    Parabéns por este olhar acolhedor!
    Letícia Mayer Borges

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  3. Olá, Letícia.
    Agradeço por comentar o texto. Sou professor de História, sendo assim meu olhar está voltado para temáticas deste campo de conhecimento.
    Respondendo a sua primeira questão:
    Conheço algumas HQ's sobre temáticas históricas de alguns países vizinhos, mas está traduzido para o português. Talvez te seja útil.
    TORAL, André. Adeus, chamigo brasileiro: uma história da Guerra do Paraguai. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.
    IPPÓLITI, Grabriel; AGRIMBAU, Diego. Guarani: a terra sem mal. São Paulo; Comix Zone, 2021. Aborda a Guerra do Paraguai pelo olhar do fotógrafo francês Pierre Duprat. Batalhões de meninos durante a guerra.
    BRECCIA, Enrique. A guerra do deserto. São Paulo: Veneta, 2021. Trata da expansão da fronteira argentina em direção ao sul. Conflito com povos indígenas do sul da Argentina.
    Do Enrique BRECCIA existe uma biografia do Che Guevara (intitulada CHE).
    Infelizmente conheço poucas obras que tratam dos países da América do Sul. Espero ter ajudado.
    Sobre a segunda questão. Na escola onde leciono tenho liberdade para desenvolver o trabalho com as HQ's. Mas a interdisciplinariedade ainda é algo distante, infelizmente. Em um ou outro momento conseguimos aproximar algumas disciplinas, mas não é algo consolidado ainda.
    Espero que tenha respondido suas questões.
    Novamente agradeço pelas questões formuladas.
    Desejo-lhe sucesso.

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