VOZES
SILENCIADAS NA HISTÓRIA: REFLEXÕES DE UMA PROPOSIÇÃO DIDÁTICA EM ENSINO DE
HISTÓRIA SOBRE A CRIANÇA ESCRAVIZADA NO MARANHÃO COLONIAL
Jesus
Hellen Leal Conceição
Ana Caroline da Silva Magalhães
Introdução
O
presente ensaio trata-se de uma reflexão teórica e metodológica a partir da
construção de um instrumento didático-pedagógico, tendo como proposta uma
sequencia didática que objetiva apresentar a importância social da História da
Escravidão no Maranhão, especificamente no que se trata sobre o processo
escravista na cidade de São Luís - MA. Dessa maneira, a função social deste
material se dá não apenas para entender a história de um lugar, mas para
estimular uma interação maior do indivíduo com sua identidade, já que
apresenta, resgata e valoriza uma história que majoritariamente fora silenciada
pela historiografia, ou seja, pela maneira que foi escrita e não apresentada
nos livros didáticos da Educação Básica.
Reflexão
teórica
Ressignificar
o ensino da História da Escravidão no Maranhão e da herança trazida pelos
africanos é uma ação que precisa ser pensada para que a mesma venha a constar
nos projetos pedagógicos delineados pelas escolas. Ademais, torna-se de extrema
importância propor uma nova abordagem que faça os educandos entender que as
riquezas do continente trazidos ao estado maranhense não se resumem apenas em
trabalho compulsório e submissão ao senhor, posto que, é necessário que se
trace um olhar que rompa com as amarras coloniais que deslegitimam as
capacidades de existências desses sujeitos.
Em meio a tal complexidade, Robert Slenes
(1995) observa que:
“[...] o negro escravizado passa a ser visto
enquanto agente histórico que ofereceu resistência ao sistema imposto, bem como
aquele que desenvolveu táticas de sobrevivência, rompendo com a ideia
recorrente em certa tradição historiográfica de coisificação, total
subordinação ou vitimização (SLENES, 1995).”
Ademais, Anderson Ribeiro Oliva (2009, s/d)
traz que:
“Um adequado debate e uma razoável apresentação
aos estudos africanos devem passar, mesmo que superficialmente, por essas
questões. Reorganizar definições, aplicar as perspectivas do relativismo
cultural, atentar para os anacronismos e imprecisões históricas são bons
exemplos para nossos estudantes (OLIVA, 2009, p. 232).”
Nesse contexto, “esse dispositivo didático
contribuirá para uma conscientização a necessidade de repensar o ensino e
aprendizagem” e através deste, o/a aluno/a poderá desenvolver um novo olhar
sobre a História da Escravidão do Maranhão e desses sujeitos sociais (crianças
escravizadas) que habitaram este espaço. Assim, o resultado deste trabalho
partirá, aos poucos, sobre os saberes e dados que foram selecionados nos
inventários do Arquivo do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão e do Banco
de Dados em Excel de Inventários Manuscritos do NEAFRICA (1801-1810), que tem
em seus registros todos os escravizados (crianças, mulheres, homens e idosos)
possuídos pelos senhores. Portanto, os pequenos cativos analisados, apresentam
feitos que possibilitam ao público conhecer e ter entendimento sobre estes
sujeitos e os elos que foram construídos dentro do meio escravista.
O uso
do material didático como instrumento pedagógico de ensino e aprendizagem
A
princípio, a autora Circe Maria Fernandes Bittencourt (2008) menciona:
A
produção historiográfica tem aumentado consideravelmente nos últimos anos,
ampliando e renovando temas. Existem também novas intervenções de antigos temas
sobre a história da mulher, da criança, das religiões e religiosidades, das
relações homem – natureza, entre outros (BITTENCOURT, 2008, p.138).
Assim,
muito dos apontamentos que foram retratados na nossa história, constituíam
apenas uma versão para tais acontecimentos. Diante das configurações de
temáticas que ocorrem, é possível perceber que o ensino apresenta diferentes
versões, que manifestam as dimensões da vida humana, como por exemplo: a
economia, a cultura e a religião.
Precisamos
necessariamente estar integrados à história mundial e local para que suas
articulações sejam entendidas em uma escala mais ampla. Para refletirmos sobre
a História da Escravidão no Maranhão, é de extrema relevância criar e pesquisar
acerca dos conhecimentos históricos que se referem a outros espaços e
populações negligenciadas ou omitidas historicamente.
Desse
modo, irá ser retratado na Sequencia Didática a história da “criança
escravizada”, interpretada como sujeito oculto dentro da historiografia
Maranhense. Esses sujeitos vistos como causadores de males, possuem laços de
familiaridade e sociabilidades existentes no meio escravista; ou seja, a uma
nova representação de valores acerca do escravo.
A
proposta didática pedagógica seguirá a apontar os meandros da escravidão no
qual estes pequenos estavam imersos. Através deste trabalho, busca-se criar
situações de ensino e aprendizagem eficazes, onde os alunados poderão
compreender e ter um novo olhar crítico sobre a presença destes no âmbito
escravista.
No
alvorecer dessa construção colaborativa apresenta-se a Unidade I – “A
escravidão no Maranhão”, que delineia sobre os sinais de riqueza que o estado
comporia através do sistema agroexportador, este que, mais tarde, obteve um
novo ritmo econômico e ocasionou a entrada de um grande fluxo de escravos africanos
que deu um novo aspecto a região. Em outras palavras, expõe-se o contexto
histórico sobre a economia local e a entrada de escravos no Maranhão para que
os alunados possam vir a compreender sobre a estruturação do sistema escravista
nesta região.
Além
disto, constrói-se diálogos no decorrer das unidades que são representados
primeiramente pelos autores, Jaime Rodrigues e Jalila Ayoub Ribeiro, onde os
mesmos abordam sobre a introdução do primeiro grupo de escravos que chega aos
portos da colônia portuguesa e a demanda de cativos vindos da costa africana
que adentraram no Maranhão.
Com esses
aspectos, foram desenvolvidas ao longo da Sequência Didática categorias
intituladas de “Algo a mais”, “Curiosidades” e “Você sabia?”, que tecem
significados sobre temática trabalhada e que em certos momentos poderão ser
utilizadas com funções especificas, tal como “lembretes”. Para tanto, em “Você
sabia?” destaca-se o pesquisador e professor Matthias Rohrig Assunção - que
atua nas subáreas: história política e história social do Brasil e da América
Latina (séculos XIX e XX), escravidão, movimentos sociais, Maranhão, cultura
afro-brasileira, capoeira e artes marciais do Atlântico negro - utiliza-se um
trecho de seu trabalho que se encontra em um de seus trabalhos que intitulado
“Exportação, mercado interno e crises de subsistência numa província
brasileira: o caso do Maranhão, 1800/1860”, em que salienta sobre a economia do
Estado e os seus meios provenientes para o mercado interno e externo.
Ademais,
temos Wilamyra R. Albuquerque em “Curiosidades” - que traça pesquisas nas áreas
de emancipação, abolição, racionalização e pós abolição no Brasil - cujas, as
informações apresentadas pela mesma são contribuintes de sua obra “Uma história
do negro no Brasil”, na qual faz abordagem de um capítulo em especifico que se
denomina de “África e africanos no tráfico atlântico”, que frisa a respeito da
travessia oceânica, dos desembarques de africanos nos portos importadores de
cativos e os centros de venda de africanos na região amazônica.
Adiante,
temos a discursão da Unidade II – “A criança escravizada no Maranhão”, que
ressalta sobre a exposição dos escravizados (jovens, adultos, idosos e
crianças) ao mundo do trabalho e a sua importância diante do meio que estavam
imersos - a construção uma instituição que se fortalece com o poder da mão de
obra escrava. Perante esta contextualização, a criança aparece enfaticamente, a
ser descrevida como o “pequeno ser”; este que estava sobe condição de cativo
diante de um sistema que buscara meios para desenvolvê-lo e o tornar um pequeno
em escravizado adulto diante de sua elevação de idade. Cabe observar que este
tópico propõe uma reflexão acerca da inserção e posição da criança dentro do
âmbito escravista.
Em “Algo
a mais”, o pintor, desenhista e gravador Johann Moritz Rugendas participou de
várias expedições com o objetivo de documenta-las e fora um contribuinte que
propôs interlocuções nesta unidade, a pautar sobre as faixas etárias das
crianças e ocupações que elas exerciam ao longo de seu desenvolvimento. Para
mais, no decorrer deste material didático, tem-se a utilização de dados que
foram tabulados pelo Bancos de Dados em Excel de Inventários Manuscritos do
NEÁFRICA, no qual se destaca a apresentação da Tabela 1 “Crianças escravas (de
0 - 14 anos) segundo gênero e faixa etária comercializadas em São Luís - MA nos
anos de 1801-1810”, que se encontra no capítulo anterior desta pesquisa. Ela
objetiva mostrar aos alunos que esses dados nos propicia uma visualização da
quantidade de crianças no meio escravo.
Em
continuidade, a Unidade III – “A criança escrava e os seus vínculos de
afetividades” tece sobre a passagem da infância da criança para a vida adulta,
ao fazer alusão a inclusão destes no mundo do trabalho. Além do mais,
menciona-se os modos de sobrevivência nesse espaço, que se constitui com os
laços de afetividades ou sociabilidades que se firmam dentro dos cativeiros; e
ainda compreender que o estabelecimento de relações tinha como objetivo gerar
obediência e fidelidade dos pequenos escravizados para com os seus
proprietários.
Neste
envolto, cita-se Horácio Gutiérrez - que leciona, pesquisa e orienta na área de
História da América, em particular nos seguintes temas: identidades americanas,
escravidão, história agrária e história demográfica – ao empregar uma passagem
do trabalho do autor na SD (sequência didática) no qual situamos em “O tráfico
de crianças escravas para o Brasil durante o século XVIII”; que assinala sobre
o tráfico de crianças escravas no período colonial brasileiro, verificada no
comércio de escravos adultos. A intenção é mostrar que o tráfico de crianças,
em períodos recuados, se tem uma relevância bem superior ao que habitualmente
se imagina.
Outro
momento que não se pode deixar passar despercebido é a pertinência sobre o
esclarecimento do pesquisador do Rafael Domingos Oliveira da Silva que se
dedica aos estudos da Diáspora Africana nas Américas, sobre tudo nos temas de
escravidão e abolicionismo. O mesmo manifesta no trecho de seu artigo de tema
“A criança negra escravizada no brasil: aproximações teóricas, tramas
historiográficas” a descrição acerca da travessia desses pequeninos em alto
mar, além de sua classificação que se inicia por sua condição física. Em outros
termos, sugere-se uma análise sobre as constituições da infância como tema
histórico, que relacionam as problemáticas que abarcam o contexto de
escravidão.
Dentro da
categoria “Você sabia?” desta unidade, a autora Wilamyra R. Albuquerque em “Uma
história do negro no Brasil”, em especial o capitulo “Escravos e escravidão no
Brasil”, pontua sobre a relação entre senhores e escravos que se dava de forma
determinante pela coação. Dito de outra forma, a escravidão fora montada tanto
para a exploração econômica quanto para os meios de opressão.
Diante
dos informes expostos, torna-se plausível acompanhar as novas produções
historiográficas que são apresentadas ao âmbito educacional. No entanto, para o
ensino, tais produções são relevantes pelo conteúdo que os historiadores
pensam, apresentam e analisam. Pode-se perceber que a criação de contextos
sobre a temática que envolvem a criança escravizada se tornaram precisas;
permitem aos alunados se apropriarem de noções necessárias para o
desenvolvimento de suas capacidades críticas sobre a história da criança negra
no Maranhão.
Portanto,
esses elementos se tornam fontes históricas e revelam o desafiar de investir
nestes dentro de sala de aula. A utilização da proposta didática como meio
didático faz com que os alunos agucem seus interesses pela disciplina de
História e comecem a perceber a diferença das linguagens por meio da pesquisa.
Para
além, o material didático propõe elementos salutares além da contextualização.
Logo, as atividades que foram desenvolvidas buscam produzir uma aprendizagem
sistemática que se compõem em: imagens ilustrativas, o uso de charges e músicas
para o despertar da criticidade do alunado, exercícios de fixação, glossário,
indicação de filmes, e leituras que referenciam a criança escrava no âmbito
escravista.
O uso de
imagens, por exemplo, é uma das formas mais eficazes utilizadas como recurso
pedagógico no ensino de história para incrementar o processo de aprendizagem.
Todavia, as imagens apresentas possuem significados de uma formação social
diante da desenvoltura da instituição escravista no Maranhão. Ao expô-las no
material, objetiva-se que os alunos associem as informações que compõem o corpo
da Sequência Didática.
Em consonância, Valesca Giordano Litz (2009,
p.04) respalda que:
“Quando
se trabalha com a análise de uma imagem, alguns procedimentos são necessários
no processo de ensino e aprendizagem, para que não se perca a intencionalidade:
usar imagens sempre como forma de aprendizado e conhecimento. Por isso,
qualquer imagem precisa ser bem utilizada e bem explorada e, quando necessário,
articulada a um texto, passível de ser interpretada, pois, representa uma
determinada época (LITZ apud GUEDES; NIDOCEM, 2017, p. 4)”.
Com tal
característica, a utilização de imagens diferenciadas (charges, fotografias,
jornais, mapas e poesias etc.) sobre os diferentes momentos que foram expressos
pode levar o aluno a um processo de aprendizagem mais interativo, prazeroso,
que tenha significado, que lhe dê condições de se posicionar criticamente
frente a questões e problemas que lhes foram apresentados.
Como
exposto, “os documentos são entendidos como obras humana, que registram, de
modo fragmentado, pequenas parcelas das complexas relações coletivas”. Dentre
as questões pedagógicas e historiográficas, o uso de imagens possibilita a
interpretação da criança negra enquanto sujeito, com uma riqueza de informações
e detalhes, e é, portanto, uma excelente fonte de pesquisa para o ensino de
história.
Em consonância com estas constatações, tem-se
as indicações de filmes e livros que foram selecionados através da análise de
conteúdo (enredos) que engloba questões sobre os processos de lutas e
imaginários sociais que aqui foram compreendidos. Segundo, William Reis
Meirelles (2004):
“Através do filme podemos observar nos seus
personagens a distribuição dos papéis sociais: os esquemas culturais que
identificam os seus lugares na sociedade. As lutas, reivindicações e desafios
no enredo e os diversos grupos envolvidos nessas ações. O modo como aparece
representada a organização social, as hierarquias e as sociais. Como são
percebidos e mostrados pelos cineastas: lugares, fatos, eventos, tipos
sociedades (MEIRELLES, 2004, p. 79)”.
Dessa forma, são indicados aos educandos o
filme “Menino 23 - Infâncias Perdidas no Brasil”, direção de Belizário Franca,
Brasil, Elo Company, 2016. O documentário mostra a investigação do historiador Sidney Aguilar referente a tijolos com
suástica nazista numa fazenda do interior de São Paulo; ao chegar lá, descobre
que nos anos 30, cinquenta meninos negros e mulatos foram usados como escravos
pelo dono da propriedade, que era simpatizante do nazismo.
Uma questão a ser colocada é que a sequência
de imagens dos filmes, provocarão nos espectadores um grande impacto, posto
que, demonstra uma história social de efeitos causadores, em razão da:
escravidão, mão de obra, opressão, castigos e etc. Assim, Darcy Viglus (2015)
nos afirma que:
“[...] A
utilização do filme como recurso didático deve facilitar a aprendizagem,
fazendo com que o aluno encontre uma nova maneira de pensar e entender a
história, uma opção interessante e motivadora, que não seja meramente
ilustrativa e nem substitua o professor, mas, que seja um momento crítico e
reflexivo de aprofundamento da história (VIGLUS apud GUEDES; NICODEM, 2017, p.
2-3)”.
A
utilização desses instrumentos é de suma importância para uma aprendizagem
significativa, desde que seja utilizado como meio, e tende favorecer aos
educandos a ampliação de seus horizontes - isto é, de seus conhecimentos – e
fazer dos estudantes agentes participativos e críticos no processo de
aprendizagem.
Em face
do percurso de prescrições, o material também leva indicações de livros
literários que referenciam o processo escravista. Orienta-se exemplares como
“Todas as cores do negro”, em que o texto e as ilustrações são de Arlene
Holanda. A autora aborda, em linguagem de prosa poética, o universo da cultura
e herança dos povos africanos no Brasil. Passeia pelo processo histórico da
escravidão, com foco na resistência e se demora no período pós-abolição: as
condições de abandono a que foram submetidos os negros, as estratégias de
sobrevivência, o preconceito, a segregação social.
Dentro
deste seguimento, percebe-se que esses apontamentos se enquadram como uma
importante linguagem. E a partir do momento que fazemos o uso de gêneros
textuais, tem-se um arcabouço de informes que irá gerar uma investigação
histórica e critica. Os saberes nos mostram que cada recurso usado provoca um
impacto sobre os educandos.
Reflexão metodológica
A saber,
Rafael Costoldi e Celso Aparecido Polinarski (2009) afirmam que:
“[...] os
recursos didáticos são de fundamental importância no processo de
desenvolvimento cognitivo do aluno”, uma vez que desenvolve a capacidade de
observação, aproxima o educando a realidade e permite com maior facilidade a
fixação do conteúdo e consequentemente, a aprendizagem de forma mais efetiva,
onde o educando poderá empregar esse conhecimento em qualquer situação do seu
dia-a-dia (COSTOLDI e POLINARSKI, 2009, p. 2)”.
Dado as
premissas, estes recursos promoverão novas relações e uma elaboração mais
crítica do saber dos educandos; isto é, as relações compõem o estabelecer de
informações, diante de uma complexidade que parte do processo de construção da
aprendizagem. A concepção de se propor ações de ensino a partir de textos planejados
em torno de objetos de estudo se adéqua às expectativas criadas, como: o
estabelecimento de conexões, comparações e a desenvoltura de capacidades de
comunicar e argumentar.
As
conexões estruturais dessa Sequência Didática possuem um olhar voltado para o
processo de desenvolvimento, reconstrução de conceitos e valores da criança
escrava enquanto sujeito no Ensino de História. Em síntese, as abordagens
tornam-se significativas como um investimento efetivo e intelectual para o
desempenho educativo.
Considerações finais
Para tal,
Henri Moniot salienta sobre a função do documento para com o historiador e
pontua que “o saber histórico é produto de fontes, todas elas vindas do
passado, e de uma crítica vinda do historiador, um especialista, que explora
seu conteúdo!” (MONIOT, 1993, p.26). Em vista disso, ao usar um documento
transformado em fonte de pesquisa, o historiador parte, portanto, de
referências e de objetivos muito diferentes. Além disso, destaca-se os cuidados
que o profissional precisa ter para transformar estes documentos em materiais
didáticos.
Nessa
perspectiva, a sugestão do material didático pedagógico sobre a História da
Escravidão no Maranhão faz alusão a aprendizagem histórica, onde Carlos
Henrique Farias de Barros enfatiza que “[...] o ensino-aprendizagem da História
Local configura-se como um espaço-tempo de reflexão crítica acerca da realidade
social e, sobretudo, referência para o processo de construção das identidades
destes sujeitos e de seus grupos de pertença” (BARROS, 2013, p. 03).
Posto
isto, este material didático (SD) nos faz visualizar metodologicamente meios de
como se trabalhar a História Regional, como por exemplo, os debates e
discussões sobre a respectiva temática, na qual, busca-se aguçar o intelecto
dos educandos sob os aspectos discernidos pela “escravidão” em São Luís do
Maranhão, e assim instigá-los a uma reflexão sobre a sociedade em um tempo de
passado e presente.
Referências biográficas
Ana
Caroline da Silva Magalhães, Mestranda em História pelo Programa de
Pós-Graduação em História da Universidade Estadual do Maranhão (PPGHIST/UEMA),
na linha de pesquisa: Memórias e Saberes Históricos. Pós-Graduanda Lato Sensu
(Especialização) em História da África, História do Brasil e História do
Maranhão pelo Instituto de Ensino Superior Franciscano/IESF (2021 - 2023).
Graduada em Licenciatura Plena em História, pelo Centro de Estudos Superiores
de Caxias, da Universidade Estadual do Maranhão – CESC/UEMA (2022).
Jesus
Hellen Leal Conceição, Mestranda em História pelo Programa de Pós-Graduação em
História da Universidade Estadual do Maranhão (PPGHIST/UEMA), na linha de
pesquisa: Memórias e Saberes Históricos. Pós-Graduanda Lato Sensu
(Especialização) em História da África, História do Brasil e História do Maranhão
pelo Instituto de Ensino Superior Franciscano/IESF (2021 - 2023). Graduada em
Licenciatura Plena em História, pelo Centro de Estudos Superiores de Caxias, da
Universidade Estadual do Maranhão - CESC/UEMA (2022).
Referências bibliográficas
BARROS,
Carlos Henrique Farias de. Ensino de
História, Memória e História Local. DIÁLOGOS – Revista de Estudos
Culturais e da Contemporaneidade – N.° 8 – Fev./Mar. – 2013.
BITTENCOURT,
Circe Maria F. Usos didáticos de
documentos. In:______. Ensino de História: fundamentos e métodos. 2ª ed.
São Paulo: Cortez, 2008, p. 325-343
COSTOLDI,
Rafael; POLINARSKI, Celso Aparecido. Utilização
de recursos didático- pedagógicos na motivação da aprendizagem. I
Simpósio Internacional de Ensino e Tecnologia. 2009.
GUEDES,
Silmara Regina; NICODEM, Maria Fatima Menegazzo. A utilização de imagens no ensino da história e sua contribuição para a
construção de conhecimento. Revista Eletrônica Científica Inovação e
Tecnologia, v. 8, 2017.
LITZ,
Valesca Giordano. O Uso da imagem no
Ensino de História. Dissertação (Defesa de Monografia em História) – UFPR Especialização em
Atualização Pedagógica. Curitiba, 2009.
MEIRELLES,
William Reis. O cinema na história: uso
do filme como recurso didático no ensino de história. História e Ensino,
Londrina, v. 10, p. 77-88, out. 2004.
MONIOT,
Henri. L’ usage du document fdace á ses rationalisations savantes, em histoire.
In:AUDIGIER, F. (Org.). Documents: des moyens pour quelles fins? Actes du
Colloque. Paris: INRP, 1993, p.25 - 29.
OLIVA,
Anderson Ribeiro. Lições sobre a
África: abordagens da história africana nos livros didáticos brasileiros.
Revista de História. São Paulo, n. 161, dezembro, 2009, p. 213-244.
SLENES,
Robert W. “Malungu, Ngoma vem!” África
coberta e descoberta do Brasil. Cadernos do Museu da Escravatura. Luanda:
Ministério da Cultura, 1995, p. 48-67
Parabéns pela abordagem da escravidão a partir das crianças, em geral, mal citamos as crianças escravizadas. Leciono para o EF e pode ser difícil abordar o tema escravidão, pois muitas crianças negras se mostram confusas ou mesmo constrangidas. Como os estudantes têm reagido a abordagem de uma infância escravizada?
ResponderExcluirA princípio, os alunos possuem uma concepção que apenas os sujeitos em fase adulta (homens, mulheres e idosos) eram escravizados. Em vista disso, produzimos tal material (SD), para podermos demonstrar e trabalhar sobre a História da Escravidão do Maranhão - buscando proporcionar uma reflexão sobre a criança escravizada no âmbito educacional. Dessa forma, a proposta exige que os alunos se engajem nas discussões, elevem sua criatividade, participem de debates e levem suas opiniões para a sala de aula.
ExcluirOs conteúdos sobre as crianças escravizadas são quase nunca trabalhados na perspectiva da sala de aula. Diante disso, qual a importância de se produzir materiais didáticos que abordem sobre a história dos negros escravizados?
ResponderExcluirParabéns pela pesquisa Jesus Hellen & Ana Caroline Magalhães.
At.te., Taylon Jefferson da Silva Machado
Muito obrigada Prof. Taylon.
ExcluirÉ importante por conta que é preciso reconhecer que existe uma história dos sujeitos negros escravizados – sejam eles mulheres, homens, crianças e idosos - e que estes têm suas especificidades. Foram grupos historicamente marginalizados de estudo, sem haver, desse modo, o reconhecimento e valorização que se tem às suas existências e vivências em meio ao sistema escravista brasileiro; pois existiu, por muito tempo, um modelo histórico eurocêntrico, cuja populações foram negligenciadas ou ideologicamente omitidas. Desse modo, a sociedade brasileira ainda abandona a presença dos sujeitos escravizados, porém, é a partir deles que podemos entender outras facetas do mundo cativo - como família, agrupamentos, sociabilidade, afetividade - que acionam dispositivos dentro do julgo social e, assim, compreender a circulação dos escravizados.
Prezada Ana e prezado Jesus, parabéns pela proposição da sequência didática tratando de tão importante temática, crianças submetidas à escravidão no Maranhão colonial, e que dialoga com os trabalhos desenvolvidos a anos pelo Grupo de Trabalho de História das Crianças e dos Adolescentes, da Associação Nacional de História, ANPUH-Brasil.
ResponderExcluirSobre a SD apresentada, ficaram dúvidas sobre as diversas referências que vocês trabalharam pois não são indicadas ao final, dificultando quem tiver interesse aprofundar o assunto.
Sobre a sequência seria interessante indicar para quem seria indicada a mesma (faixa etária, ano escolar), bem como o tempo proposto para desenvolver cada unidade.
O tema “central”, “crianças submetidas à escravidão no Maranhão colonial”, poderia ter uma pequena descrição maior para nós leitores, pois se é verdade que a SD é que foi apresentada, como estamos lendo apenas o texto no Simpósio, não ter maior descrição sobre o tema central da proposta de SD acaba deixando o leitor se ter uma breve descrição de quem eram esses sujeitos que seriam tratados na proposta. Nesse sentido, vocês poderia descrever um pouco “quem seriam essas crianças escravizadas”? Por favor.
Vocês também mencionam que iriam tratar do número significativo de crianças escravizadas que chegaram através do tráfico transatlântico, o trabalho ganharia se fosse indicado minimamente ao leitor um breve apontamento sobre isso. Nesse sentido, vocês poderiam indicar o número de crianças escravizadas chegaram através do tráfico transatlântico? Bem como, os números para o Maranhão?
Deixo este contato que tenho interesse, pois pesquiso a temática da História das infâncias, em contatar vocês para eventuais parcerias. infanciasecinema@gmail.com
EDUARDO SILVEIRA NETTO NUNES QUEM FEZ A PERGUNTA ACIMA
ExcluirOlá, boa noite!
ResponderExcluirPrezadas, Ana Caroline e Jesus Hellen,
Desde já, felicito-as por nos proporcionar uma leitura didática e bem referenciada! Haja vista que, ambas são exemplos de maturidade acadêmica e experiências pessoais, carregadas de superações e constantes desafios na lida diária.
Dito isso, em relação ao conjunto de fontes, ou melhor, "corpus documental" que compuseram suas pesquisas e, consequentemente, suas escritas historiográficas, as mesmas estão incorporadas e analisadas no material proposto por vocês, a S.D? Para além disso, houve a aplicação/testagem desta S.D na ed. básica?
Pois, de modo complementar, o feedback do alunado escolar poderá potencializar as pesquisas de ambas autoras, bem como ensejar outras possibilidades, olhares e abordagens quanto aos seus objetos de investigações, somado ao contributo historiográfico e educacional para a História Social no Maranhão.
No mais, sucesso e um grande abraço!
At.te.,
Maykon Albuquerque Lacerda