Márcio dos Santos Rodrigues

AYA DE YOUPOGON: AFROPOLITANISMO, ENSINO DE HISTÓRIA E CULTURA AFRICANA

Márcio dos Santos Rodrigues

 
 
Neste texto estabelecemos um diálogo com a série em quadrinhos Aya de Yopougon, escrita pela marfinense Marguerite Abouet, de modo a examinar como seus temas em torno de uma África desestereotipada podem ser abordados dentro do campo do Ensino da História. Trata-se de uma série com potencial para ser uma fonte possível para a implementação do que prescreve a Lei 10.639/09, que torna obrigatório o ensino da História e Cultura da população africana e afro-brasileira nas instituições de ensino básico (BRASIL, 2005). Essa potencialidade se confirma inclusive pela série ter sido incluída no PNLD Literário, como uma obra importante para discutir determinados temas no Novo Ensino Médio no ano de 2021. A despeito da dimensão educativa, é uma série que, de forma geral, pode ser destinada também ao leitor habitual de quadrinhos, para que ele tenha contato com outros referenciais, além dos ocidentalizados que costumam quase sempre permear o cenário nichado do público de HQs em nosso país. Penso ainda que Aya seja, por motivos óbvios (mas que carecem sempre de problematizações), do interesse de um público afrocentrado, apreciador de referências sobre o continente africano. 
 
A partir de sua leitura, é possível refletir sobre os discursos propagados sobre África ao longo do tempo e como estes se chocam com as imagens sobre a história e a cultura africana apresentadas na obra. Antes de tudo convém, apresentar breves linhas sobre a autora responsável pelo roteiro. Aqui, temos uma roteirista de quadrinhos como autora, alguém que escreve para que outro profissional desenhe. Marguerite Abouet nasceu em 1971, em Abidjan, Costa do Marfim, e mudou-se para a França aos 12 anos de idade. Lá vive e trabalha desde então. A autora é uma mulher africana, negra e radicada em um país que estabeleceu uma dominação de fundo colonialista sobre um território situado no continente africano. Ela fala a partir da França, mas focada em apresentar uma representação de sua terra natal, uma paisagem geográfica marcada por particularidades culturais que em uma tradução ou edição não deveriam ser de forma alguma negligenciados. Para criar Aya de Yopougon, Abouet contou com a arte de Clément Oubrerie, seu esposo. O primeiro volume de Aya foi publicado na França em 2005 pelas Éditions Gallimard. Em 2006, ganhou destaque através de uma premiação no Festival Internacional de Quadrinhos de Angoulême, na categoria de “melhor álbum de estreia”. Nos anos seguintes, teve sequências e contribuiu para que Marguerite se envolvesse em outros projetos, como Akissi (com a arte de Mathieu Sapin, a partir de 2010) e Commissaire Kouamé (com arte de Mary Donatien e cores de Frédéric Boniaud, a partir de 2017). A série possui até o momento 6 números editados no contexto original de publicação da obra, na França. No Brasil alguns de seus tomos foram traduzidos para o português, pela L&PM Editores. Esta editora inclusive disponibiliza em seu site a edição com três tomos como um “manual do professor”, com uma série de paratextos orientando como os professores podem abordar a HQ em sala de aula.
 

Capa da edição de Aya de Yopougon: manual do professor. Na página da editora pode-se baixar o PDF e uma série de paratextos. Fonte: https://www.lpm.com.br/pnld/2021/arquivos/livros/LivroTarja_520001.jpg
 
 
Mas o que trata a série Aya de Yopougon? A série como um todo é centrada na vida urbana da Costa do Marfim por meio de personagens ambientados na atmosfera histórica do país durante a década de 1970.

Capa do tomo 1 de Aya de Yopougon, publicada pela Gallimard. É possível ver nela um cenário urbano, distinto de representações consagradas sobre África. Fonte: ABOUET, Marguerite; OUBRERIE, Clément. Aya de Yopougon, vol. 1. Paris: Gallimard Jeunesse, 2005.
 
Abouet nos mostra as experiências de Aya, a personagem do título, e sua relação com as amigas (Bintou e Adjoua) e com diferentes núcleos. A protagonista vive no bairro de Yopougon, na cidade de Abdjan. A jovem Aya e suas amigas, todas adolescentes, experimentam, além das transformações físicas e mentais típicas desta fase, os vários apelos sobre a juventude naquele contexto. Embora a protagonista goste de passar um tempo com as amigas, sua atitude crítica diante do mundo a diferencia delas. A protagonista dá grande importância ao seu desenvolvimento intelectual e prefere estudar do que se preocupar com as trivialidades da juventude ou das imposições sobre as mulheres. Esta caracterização da personagem é constantemente utilizada para quebrar estereótipos associados à imagem da mulher africana, desconstruindo uma ideia de subalternidade e fazendo com que o olhar de um leitor quase sempre preso aos códigos ocidentalizados e também masculinos se dirija para uma direção positiva sobre a condição feminina em África. A trama, como apontado anteriormente, é ambientada nos anos 1970, época em que a Costa do Marfim conheceu uma “era de ouro”, em que havia trabalho, assistência médica e facilidade de entrada na França. Jovens da idade de Aya estavam interessadas em apenas se divertir, mas a protagonista com dezenove anos sonha em ser médica e romper com imposições que as próprias personagens da história chamam de “série C”: cabelo, costura e caça ao marido.
 

“Série C”: cabelo, costura e caça ao marido. Tradução brasileira. Fonte: https://www.lpm.com.br/pnld/2021/arquivos/livros/MidiaArquivo_908494.pdf
 
 
Pode-se ver ainda a série em quadrinhos como um protesto contra imagens negativas contadas e/ou inventadas sobre a África nos diferentes meios. A obra evita todos os clichês ou estereotipias sobre a África, ainda mais pelo fato de que alguns ainda nem se tornariam evidentes para aquele contexto representado dos anos 1970 para a década de 80. Abouet não escreve sobre fome, guerra, corrupção, a AIDS ou a savana africana, mas sobre personagens de um cenário urbanizado, com toda uma série de complexas relações sociais na contemporaneidade e com a presença de referência globalizadas daquele período. Não que a fome, guerras ou a AIDS não existam no cenário africano, mas devemos questionar sobre a insistência de circularem discursos que apenas se concentram nos aspectos negativos do continente ou ainda em concepções pré-estabelecidas que se valem de noções como tribo, tribal, tribalismo para as sociedades africanas. Vale lembrar que quadrinistas africanos como o centro-africano Didier Kassaï não menor pudor em retratar por meio de trabalhos como “Tempête sur Bangui” (“Tempestade sobre Bangui”, em uma tradução livre do francês da série atualmente em dois tomos) e Vies volées (em português, Vidas roubadas”) assuntos como golpes de estado, guerras civis de teor étnico-religioso, violações dos direitos humanos e até mesmo crimes de natureza sexual cometidos conta mulheres. A questão aqui é justamente o fato de ser um autor do continente problematizando sobre mazelas do espaço onde vive e não um olhar externo que apenas vê em África tudo o que há de pior. Sobre o segundo ponto, a respeito de tribo e seus derivados: O fato de um autor com Juni Ba, autor de Djeliya, por exemplo, ou ainda Martini Ngola, desenhista d’O Chamado de Mpoue, usarem em trabalhos máscaras ou então entidades que dizem respeito às religiosidades não fazem com que a estética dos trabalhos deles seja “tribal” ou que as histórias girem em torno de “tribalismo”. O uso desses elementos pode e está ali justamente para discutir mais sobre modernidade, do que propriamente sobre tradição. A insistência no uso desses termos é correlata a uma ideia ainda presente no imaginário de que a África seria um lugar estático, parado no tempo, ou sem comunicação com processos mais amplos da contemporaneidade. 
 
Desde as páginas iniciais do primeiro álbum temos contato com a representação de uma sociedade africana que não é encontrada com frequência nas diferentes mídias ou mesmo em materiais didáticos sobre o continente africano disponíveis ao público brasileiro. Todavia, cumpre apontar que o que os autores nos apresentam não é um “reflexo do real”, mas aquilo que querem que vejamos sobre África. Um reflexo seria fiel, um documento, prova de uma realidade. Quadrinhos como esse interpretam e argumentam, muito mais do que refletem. Marguerite Abouet, em várias entrevistas, deixou claro que dialoga com suas memórias e do que ela ouviu de outros sobre o país onde nasceu. Ao escrever para seus leitores, tenta apresentar e divulgar uma certa interpretação do que seria a Costa do Marfim do final dos anos 1970 e assim o faz através de um discurso imagético e escrito. Em outras palavras, o que os autores fazem através de seu quadrinho não é um reflexo, mas um argumento. Vale lembrar que Aya, embora tenha expresse vivências, memórias e formas de auto-inscrição da autora, é uma obra ficcional. Por ser uma obra de ficção, um docente qualquer, ao trabalhar com a obra em sala de aula, teria que problematizar com os estudantes sobre o modo como os autores querem que vejamos cada um dos personagens, bem com a localidade onde vivem.
 
Outro ponto que pode e deve suscitar debate em sala de aula ou em qualquer outro espaço formativo gira em torno dos processos que configuram um mundo globalizado/modernizado em África, mundo este que se torna concreto através das relações sociais em Yopougon e da própria forma como os personagens se colocam neste mundo. Os próprios habitantes de Youpogon querem se ver representados a partir de processos de globalização, como fica evidente quando a narradora renomeia o bairro como Yop City, justamente “para imitar os filmes americanos” (2006, p.3). Creio que não caberia aqui interpretar essa adoção de modelos externos como uma espécie de submissão das personagens da obra diante de imposições da globalização, como algo que chamamos em nosso país de “viralatismo”. Afinal, o continente africano é e sempre foi um cenário aberto, antes mesmo do colonialismo. O antropólogo africanista Daniel Alves de Jesus Figueiredo no posfácio que escreveu para Djeliya discorreu como o quadrinho do senegalês Juni Ba é, tanto na forma quanto no conteúdo, “afropolitano” (2021, p.180). Ao mobilizar o filósofo e cientista político camaronês Achille Mbembe, formulado do conceito de afropolitanismo, para falar de Djeliya, Figueiredo deixa evidenciado queCom este termo [afropolitano] ele quer dizer que os africanos, em geral, sempre foram os agentes da sua própria história. Sempre houve essa capacidade de ‘domesticar o infamiliar’, transformando o que veio de fora em algo apropriadamente seu.”. Acredito que Aya possa ser também lido dentro da chave conceitual-interpretativa expressa pelo termo formulado por Achille Mbembe. Poder-se-ia dizer então que as imagens que representam Yopougon e seus habitantes nos convidam a refletir sobre como a Costa do Marfim (e o continente africano em geral) se apresenta como um cenário afropolitano e justamente por isso não seria incompatível a sua integração aos processos de globalização. Esses sinais da chamada globalização podem ser percebidos desde as primeiras cenas, onde a jovem protagonista apresenta sua família e amigos assistindo a uma campanha publicitária na televisão, do que seria para os marfinenses um produto digno de orgulho “nacional”, a cerveja Solibra (ABOUET, 2021, p.8) que ultrapassou as fronteiras do país e se tornou conhecida em toda a África Ocidental.

“Solibra, a cerveja do homem poderoso”. Fonte: https://www.lpm.com.br/pnld/2021/arquivos/livros/MidiaArquivo_908494.pdf
 
 
Há também essa dimensão afropolitana nas atividades culturais, como a da música ocidental estrangeira que é consumida em ambientes onde a juventude se reúne. As músicas tocadas no Ça Va Chauffer, bar frequentado pelas jovens personagens, acabam sendo ressignificadas, adquirindo roupagem local. É justamente aqui que vemos como personagens transformam “o que veio de fora em algo apropriadamente seu”, o que faz com que tenhamos que repensar noções estáticas sobre o continente africano. Em outras palavras, considerar isso faz com o professor problematize com os estudantes uma série de essencialismos e comece a refletir como a identidade africana se constrói não por um apego ao passado, mas pelos diálogos que sujeitos africanos fazem com o mundo que lhe é oferecido no presente.
 
Considerações finais
 
A série Aya de Youpogon nos mostra uma África distinta daquela representação que permeia o mundo ocidental. Ao contrário da imagem na qual o continente africano é geralmente descrito como uma realidade homogênea, eminentemente tribal, com uma “cultura primitiva”, na obra da dupla Abouet e Oubrerie vemos uma realidade caracterizada por processos e elementos típicos da modernidade, uma paisagem cosmopolita e aberta às mais diferentes tendências culturais. A indicação de Aya como uma fonte, objeto e sujeito para o Ensino de História se faz necessária por quebrar com certas visões engessadas sobre África. Uma leitura mais focada nos aspectos que a série fornece perturba estruturas consolidadas e nos mostra um cenário que faz parte da modernidade, mas que não se limita à mera reprodução de padrões de colonialidade (QUIJANO, 2010). A HQ não nos mostra uma África tribal e mistificada, assim como não nos mostra a Costa do Marfim dos anos 1970 para a década seguinte como saudosista de um passado colonial. Aya de Youpogon expressa uma África contemporânea que não é meramente étnica, mas cria outras novas a partir do presente e da tradição.
 
Referências biográficas
 
Márcio dos Santos Rodrigues é Historiador, editor, tradutor e educador. Doutorando em História pelo Programa de Pós-Graduação em História Social da Amazônia da Universidade Federal do Pará (UFPA), na linha de pesquisa Arte, Cultura, Religião e Linguagens. Mestre em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), na linha de pesquisa 'História e Culturas Políticas' (2011) e licenciado em História pela mesma instituição federal (2007). Foi entre os anos de 2018 e 2020 Professor Substituto do Curso de Licenciatura Interdisciplinar em Estudos Africanos e Afro-Brasileiros da Universidade Federal do Maranhão. Atualmente é professor da Universidade Estadual do Maranhão, sendo responsável pelas disciplinas de História da África Contemporânea e Educação das relações étnico-raciais.
 
Referências bibliográficas
 
ABOUET, Marguerite. Aya de Yopougon: manual do professor / Marguerite Abouet; ilustração Clément Oubrerie; tradução Julia da Rosa Simões. - 1. ed. – Porto Alegre: L&PM Editores, 2006.
 
ABOUET, Marguerite. Aya de Yopougon: manual do professor / Marguerite Abouet; ilustração Clément Oubrerie; tradução Julia da Rosa Simões. - 1. ed. - Porto Alegre, RS: Newtec, 2021. Disponível em: https://www.lpm.com.br/pnld/2021/arquivos/livros/MidiaArquivo_908494.pdf
 
ABOUET, Marguerite; OUBRERIE, Clément. Aya de Yopougon, vol. 1. Paris: Gallimard Jeunesse, 2005.
 
BRASIL, Lei nº10639 de 9 de janeiro de 2003. Ministério da Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnicos Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. MEC/SECAD. 2005.
 
FIGUEIREDO, Daniel A. de Jesus. Djeliya e a arte do encontro. BA, Juni. Djeliya: uma fantasia épica africana. Traduzido por Márcio Rodrigues. Florianópolis: Skript, 2021, p.180-183.
 
KASSAÏ, Didier. Tempête Sur Bangui. Vol. 1. 2 vols. Amnesty International. Saint-Avertin: La Boîte à Bulles, 2015.
 
KASSAÏ, Didier. Tempête Sur Bangui. Vol. 2. 2 vols. Amnesty International. Saint-Avertin: La Boîte à Bulles, 2018.
 
MBEMBE, Achille. As formas africanas de auto-inscrição. Estudos Afro-Asiáticos, Ano 23, nº 1, 2001, pp. 171-209.
 
QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do poder e classificação social. In: SANTOS, Boaventura de Sousa. MENESES, Maria Paula. Epistemologias do Sul. São Paulo: 2010. pp. 84-130.

10 comentários:

  1. Ótimo texto, Márcio. Foi muito interessante conhecer essas referências literárias e teóricas, especialmente, sobre o conceito de “afropolitanismo” e a relação desse processo com a formação da identidade africana contemporânea. Eu gostaria que você comentasse mais um pouco sobre o que é essa “auto-inscrição” da autora na Hq. Quais são essas formas? - Alaide Matias Ribeiro

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. Olá, Alaíde. Obrigado pela leitura, pelos comentários e pela pergunta.

      "Auto-inscrição" é uma categoria que tomo de empréstimo do Achille Mbembe, mas ao mesmo tempo seria possível relacionar essa categoria com algo similar ao que podemos compreender no conceito de “escrevivência”, da Conceição Evaristo. Neste texto não tive espaço para desenvolver essa relação entre os conceitos.

      A Marguerite Abouet se inscreve na obra na medida em que se vale de uma personagem ficcional (Aya) para falar de si mesma e por meio dessa figura fictícia constrói a sua identidade como mulher africana. Há algumas entrevistas com a autora e ela nos diz que parte do que representou na série surgiu das experiências que teve ou ouviu falar. Então vejo essa obra e também outras dela como formas de se inscrever por meio da ficção num cenário de identidades.
      Agradeço novamente.

      Márcio dos Santos Rodrigues

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    3. Quando li seu texto e me deparei com a "auto-inscrição", realmente me lembrei da "escrevivência" da Conceição Evaristo. Não conhecia a obra de Marguerite Abouet e fico feliz por poder conhecer agora. Obrigada! - Alaide Matias Ribeiro

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  2. kalina vanderlei paiva da silva14 de setembro de 2022 às 19:18

    Essa HQ é absolutamente maravilhosa! Existe uma animação baseada nela e de mesmo nome, mas nunca consegui encontrar no Brasil com legenda. Você teve acesso à animação?

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    1. Kalina, obrigado pelo comentário. Sim, tive acesso à animação. Já trabalhei com ela em disciplinas minhas. Neste artigo infelizmente não foi possível apresentar a animação. Preferi me concentrar na série em quadrinhos.
      Agradeço.

      Márcio dos Santos Rodrigues

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  3. Parabéns pelo texto, Márcio dos Santos Rodrigues.
    Você poderia indicar outras obras no formato HQ que abordam história, países, culturas da África que possam ser utilizadas em sala de aula do Ensino Fundamental? Novamente, parabéns pelo trabalho. Abraço.

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    1. Obrigado pelas palavras, Prof. Fabian.

      Então, ano passado editei e traduzi quadrinhos de autoria africana, das mais variadas temáticas e diversos países: Légère Amertume (Une Histoire Du Thé), que recebeu o título de Ligeiro Amargor (Uma história do chá), de Elanni & Djaï, Koffi Roger N’Guessan (da Costa do Marfim); O Pesadelo de Obi, de Chino, Tenso Tenso e Ramón Esono Ebalé (da Guiné Equatorial); África Fantástica, coletânea que reúne The Souvenir e algumas histórias do álbum Oneironaut, desenhadas por Daniël Hugo, artista sul- africano; Le Mpoue, desenhado pelo camaronês Martini Ngola (Camarões) e Djeliya, do senegalês Juni Ba. Em Crônicas de 2020 - Política, Covid e Bolsonarismo foram incluídas traduções minhas para uma história curta escrita e desenhada por Koffi Roger N’Guessan e outra de autoria de Gunther Moss, artista camaronês.

      Todos esses trabalhos podem ser utilizados em sala de aula, com as devidas considerações.

      Antes da publicação de Aya de Yopougon e desses trabalhos que editei/traduzi, tivemos por aqui a circulação de uma coletânea de autores lusófonos, o BDLP - Banda Desenhada da Língua Portuguesa, do estúdio Olindomar. Chegou a ganhar o HQmix e contava com a participação de autores brasileiros. Da Marguerite Abouet, além de Aya de Yopougon, foi lançado por aqui o Akissi (infelizmente o primeiro tomo, “Akissi: o ataque dos gatos”, em 2011). A Casa das Letras traduziu também por aqui 4 volumes da coleção Mulheres na História da África (são de autores africanos. Foram traduzidos e lançados o “Funmilayo Ransome-Kuti e a União das Mulheres de Abeokuta”, “Njinga Mbandi – Rainha de Ndongo e Matamba”, “Mulheres do Daomé” e o “Wangari Maathai e o Movimento do Cinturão Verde – PNLD”. O jornalista/quadrinista Pedro Cirne lançou uma HQ pela Sesi-SP chamada “Púrpura”. Pedro Cirne teve avó luso-angolana e justamente daí resulta seu interesse dele por produções africanas (em “Púrpura”, Cirne reuniu autores de diferentes países lusófonos. No caso, autores de Angola, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Guiné Bissau). A embaixada brasileira em Cabo Verde chegou a lançar também uma adaptação do romance O Mulato, desenhada por Hegui Mendes, artista cabo-verdiano.

      Agradeço pelo comentário novamente.

      Márcio dos Santos Rodrigues

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    2. Olá, Márcio dos Santos Rodrigues.
      Agradeço imensamente pela resposta e indicações das HQ's.
      Desejo-lhe muito sucesso.
      Abraço.

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