Sanchirles da Costa Silva e Kalina Vanderlei Silva

MULHERES QUILOMBOLAS PROTAGONISTAS: NARRATIVAS HISTÓRICAS DE COMUNIDADES DE QUILOMBO EM PERNAMBUCO PARA O ENSINO DE HISTÓRIA

Sanchirles da Costa Silva
Kalina Vanderlei Silva
 
Nos últimos anos, os estudos sobre o pós-abolição têm se constituído um espaço bastante profícuo para o desenvolvimento de trabalhos de pesquisa, especialmente os que buscam historicizar as narrativas de comunidades negras quilombolas existentes no Brasil. Em Pernambuco, poucas pesquisas se debruçam sobre essa temática, sendo raros os trabalhos nesse sentido, principalmente voltados para produções didáticas. Na maioria, os trabalhos dizem respeito ao universo acadêmico, onde pesquisadores dedicam estudos específicos sobre as comunidades quilombolas existentes. Assim sendo, procuramos com o presente artigo trazer narrativas históricas acerca das mulheres quilombolas em Pernambuco que possam ser utilizadas em sala de aula.
 
O silêncio sobre as narrativas históricas de comunidades quilombolas em Pernambuco no pós-abolição cuja liderança é protagonizada por mulheres negras, despertou o interesse neste trabalho. Segundo nos informa Sousa, Lima e Sousa (2021), muito pouco é abordado em pesquisas sobre quilombos quando se fala de mulheres, principalmente quando estes são liderado por elas. Esses silêncios refletem muita coisa, assim como a invisibilidade da presença e atuação feminina nos quilombos brasileiros, embora a mulher negra quilombola esteja a todo momento envolvida na luta pela existência do seu povo e pela permanência do seu território. Desde a infância, essas personagens sofrem preconceitos pelo fato de “ser mulher e negra na sociedade que remete a uma existência marcada por estereótipos, carregada de desafios e interrompidas por dores e obstáculos” (p.89). Esse fato torna importante levar para sala de aula narrativas históricas de comunidades quilombolas cuja presença feminina possuem destaque como protagonistas. Suas trajetórias de vida, intercaladas com o contexto dos quilombos, pode ser uma ferramenta importante para despertar o interesse dos estudantes na discussão das relações étnico-raciais nas suas aulas de aula.
 
Segundo nos informa Carneiro (2003), embora façam parte de um contingente majoritário na sociedade, as mulheres negras nunca foram tratadas como ‘sexo frágil’, ao contrário do estereótipo construído para as mulheres brancas. Em sua trajetória histórica e em todo o contexto de conquista e dominação no continente americano, essas mulheres foram originadas por uma “cultura violada, folclorizada e marginalizada”, exercendo por séculos as mais diferentes funções, integrantes de um contingente feminino com uma identidade de objeto (RIBEIRO, 2020, p.47 apud CARNEIRO, 2003). Essas narrativas históricas de comunidades originadas e lideradas por mulheres negras quilombolas, nos trazem à baila situações vivenciadas por essa população negra. Constituem, portanto, recortes de muitas outras comunidades existentes no contexto histórico brasileiro lideradas por mulheres negras. Ao trazer à tona as discussões sobre esta temática contribuímos para a desconstrução de estereótipos misóginos e racistas, consolidadas durante anos no imaginário social brasileiro.
 
Para este artigo, elegemos as narrativas históricas femininas representativas de dois quilombos contemporâneos, situados em regiões territoriais distintas do espaço pernambucano. No sertão, iremos conhecer sobre a Comunidade Quilombola de Conceição das Crioulas. E na região do Agreste, vamos discorrer sobre a Comunidade Quilombola dos Negros do Osso. A escolha por essas comunidades ocorreu como um recorte para melhor compreender a trajetória das populações quilombolas cuja formação e condução tem destaque pela liderança feminina.
 
Comunidade Quilombola de Conceição das Crioulas
 
Localizada no sopé da Serra de Umã, 2º distrito do município de Salgueiro, a Comunidade Quilombola de Conceição das Crioulas está situada na região do Alto Sertão Pernambucano. Sua fundação remonta, segundo a tradição popular, entre os séculos XVII e XVIII quando iniciou o processo de povoamento da região sertaneja.
 
A partir de relatos preservados pela tradição oral da comunidade e transmitidos às gerações futuras, Souza (2006) nos informa sobre o pioneirismo de “seis mulheres negras e livres: Mendecha Ferreira, Chica Ferrreira, Francisca Presidente, Matilde, Romana e Germana, chegaram nessa região, fixando morada e vivendo em harmonia com os índios da etnia Atikun, nativos da região” (SOUZA, 2006, p.56 apud Jornal Crioula, 2003). Embora não tivessem acesso à terra pelo sistema de sesmarias, são tidas como as primeiras posseiras dessas terras. Em virtude da vulnerabilidade social sofrida pela população negra, essas fundadoras ao trabalharem “no cultivo, fiação e venda do algodão, conseguiram comprar três léguas em quadra das terras que arrendavam” (CCLF, 2008, p. 21). Mulheres negras livres, posseiras e trabalhadoras rurais foram as fundadoras da Comunidade Quilombola de Conceição das Crioulas. Estas puderam mostrar através de sua força e destreza ser possível estabelecer a convivência harmônica com indígenas da etnia Atikun, povos nativos do lugar, tendo com eles relações de sociabilidade e de parentesco.
 
Esse marco histórico tem sido exaltado pela comunidade como motivo de orgulho, por descenderem destas mulheres sertanejas, que arrendaram as terras de antigos proprietários brancos de sesmarias e conseguiram sobreviver plantando algodão. Ao transformarem suas fibras em fios e realizarem a venda desse artigo como produto de seu trabalho, as crioulas fundadoras puderam obter o rendimento necessário para pagar o arrendamento dessas terras e tornarem-se suas legítimas donas (SOUZA, 2006). O exemplo da comunidade das Crioulas também reflete a formação de outros quilombos existentes em território sertanejo, surgidos ao final do século XIX ou a partir desse período. Influenciados pela mudança política e econômica sobretudo com a proibição do trabalho escravo, após o decreto que instituiu a Abolição, a maioria das comunidades quilombolas vão refletir em seus espaços territoriais as estratégias de sobrevivência da população negra, como modos de resistência característica das diversas comunidades negras rurais brasileiras (CCLF, 2008).
 
O protagonismo feminino que envolve a formação desta comunidade certamente não poderia passar despercebido. A posição misógina atribuída pelo patriarcado, presente em muitas narrativas historiográficas, sempre delegou aos homens a função de desbravar os territórios e fundarem as primeiras povoações e núcleos familiares brasileiros. Em contraste a essa realidade, presenciamos entre os membros da comunidade das Crioulas um sentimento de orgulho, ao confirmarem a importância dada a atuação feminina na história da população negra da comunidade. Homens e mulheres compartilham entre si o legado e a descendência das seis mulheres negras fundadoras, conforme nos ressalta Souza (2006). Os relatos dos habitantes sobre a formação desta comunidade constituem um fator importante de identidade e afirmação, por descenderem de uma linhagem matrilinear. Outras personagens femininas da comunidade, que não estão ligadas diretamente às mulheres negras fundadoras, mas, as suas descendentes, são evidenciadas pela população, tendo como exemplo a quilombola Agostinha Cabocla.
 
Sobre a atuação de Agostinha Cabocla, representando o espírito de resistência da mulher quilombola descendente das crioulas fundadoras, Silva (2012) nos informa que mesmo desconhecida por muitos, seu legado precisa ser evidenciado na história da comunidade de Conceição das Crioulas, pois ela defendeu de maneira veemente o direito à terra de seu povo, tornando-se um referencial de coragem e resistência, mesmo não sabendo ler nem escrever. Mulher aguerrida, fez forte oposição aos invasores de suas terras, que ao chegarem ao território das Crioulas trataram de estabelecer um sistema de compra de terras, sem a anuência de todos. Por ser a guardiã do documento de posse das terras herdadas das crioulas fundadoras, Agostinha defendia que parte do território da comunidade somente poderia ser vendido se todos os seus descendentes estivessem de acordo e assinassem o documento de venda da referida terra. Como não havia consenso, as negociações não avançavam, o que gerava um descontentamento dos ocupantes das terras não descendentes das crioulas. Os dissídios de ambas as partes fizeram com que Agostinha se deslocasse de Salgueiro até o Recife, a pé, num percurso de aproximadamente 560 Km de distância, segundo relatos de contemporâneos, “para participar de uma audiência na busca de manter o território de Conceição das Crioulas em nome de seus herdeiros (as)” (SILVA, 2012, p. 59).
 
No decorrer dos tempos, as mulheres da comunidade de Conceição das Crioulas continuaram a reproduzir o prestígio social conquistado pela descendência da linhagem matrilinear, que remete às seis negras fundadoras da localidade. Mulheres que trabalham de maneira incansável nas suas ações para o reconhecimento, através de sua luta e conquistar o lugar de respeito entre membros da comunidade. De acordo com Souza (2006), as mulheres quilombolas, assim como os demais habitantes, buscaram no sentido de comunidade o elemento aglutinador para construírem esse sentimento de pertencimento e legitimidade, bem como no uso e posse de suas terras. A comunidade soube aproveitar as potencialidades do artesanato como fonte de renda, permitindo a manutenção dos vínculos das famílias com suas raízes históricas e culturais (AQCC, 2007).
 
De acordo com Mendes (2021), as mulheres quilombolas das Crioulas assumem desde cedo a postura de protagonistas, saindo em defesa dos direitos coletivos da comunidade. São mulheres aguerridas nesse propósito, buscando alternativas para enfrentar as dificuldades da vida comunitária, bem como as sequelas da violência doméstica. Muitas dessas mulheres buscam na luta em defesa dos direitos coletivos, para se fortalecer mutuamente, no intuito de superarem seus dilemas pessoais. Neste sentido, as práticas de trabalho coletivo constituem uma oportunidade importante para que essas mulheres possam trocar seus saberes.
 
O protagonismo exercido pelas mulheres da comunidade de Conceição das Crioulas pode ser considerado, portanto, um dos fatores mais característicos desta comunidade quilombola. Consideradas fundamentais para preservação dos valores, costumes e tradições do seu povo, muitas delas estão representadas em diferentes funções, atuando em distintos papéis e na maioria das vezes desempenhando funções únicas, como médicas, enfermeiras, parteiras, farmacêuticas e benzedeiras, prestando serviços essenciais para a manutenção e bem-estar da sua população, desprovida de ações de assistência do poder público.
 
Fazendo uso das palavras de Gonzalez (2018), a “mulher negra tem sido quilombola exatamente porque, graças a ela, podemos dizer que a identidade cultural brasileira passa necessariamente pelo negro” (p.113). Neste sentido, atribuímos a elas a preservação da comunidade de Conceição das Crioulas, mulheres guerreiras que lutam e resistem como grandes herdeiras dos quilombolas.
 
Comunidade Quilombola dos Negros do Osso
 
Localizada no Agreste Pernambucano, na região rural do município de Pesqueira, a formação e origem da Comunidade Quilombola dos Negros do Osso remonta à migração de uma mulher negra chamada Maria Manuela da Conceição, conforme relatos preservados pela tradição oral por seus membros familiares.
 
Nesse período que coincide com o momento imediato ao pós-abolição, a história da matriarca Manuela nos é trazida pela pesquisa histórica de Arcanjo (2008). Natural da cidade de Canhotinho, essa mulher negra, juntamente com suas filhas, Etelvina e Maria Bezerra, ocupariam o território do Osso entre os sítios Jatobá e Serra da Cruz, pertencentes à área rural do município de Pesqueira, onde viriam a construir nesta localidade uma comunidade negra. A origem do nome Osso remete às histórias contadas por seus habitantes, pela tradição oral.
 
As terras que originaram a comunidade negra do Osso tradicionalmente pertenceram ao povo indígena Xucuru, habitantes primeiros dessas extensas possessões. Devido aos interesses coloniais portugueses, a partir do século XVII, os colonizadores brancos empreenderem a interiorização do povoamento nos territórios do sertão pernambucano, usurpando as terras pertencentes à essa população indígena. Não podemos precisar quando o território da comunidade negra do Osso foi originado e se este foi adquirido pela fundadora juntamente com suas filhas, através da compra de terra ou simplesmente pela posse e ocupação das terras devolutas. Conhecidas também por “terras de ninguém”, muitos dos territórios dos sertões assim era designado, pois “nessa época era tudo aberto, quando chegaram aqui... chegavam, construía uma casinha de barro e ali ficava apossado” (CCLF, 2008, p. 08).
 
Através dos relatos dos moradores da comunidade, ficamos sabemos que Manuela foi a primeira moradora do Osso a tomar “posse” dessas terras, embora não houvesse nenhuma garantia formalizada desta ocupação. As aquisições posteriores viriam ocorrer em decorrência da compra e venda de novos terrenos, próximos às terras do Osso, pelos descendentes da fundadora. Atualmente, as relações da comunidade se configuram em torno do parentesco matricentrado, conforme pontua Arcanjo (2008), fortalecidos pelo sentimento de pertencimento e identidade em torno da descendência da fundadora Manuela e suas filhas Etelvina e Maria Bezerra. O controle exercido por essa matriarca foi passado para a gerações seguintes, representada pelas descendentes de suas filhas, Etelvina e Maria Bezerra. A autonomia de Manuela nas decisões da comunidade nos é confirmada por meio de relato oral de um dos netos, conhecido por Amaro: “Aí falava com Mãe Vea. É meu filho, faça sua casinha aí, pegue um lugarzinho aí e pode fazer sua casa. Era assim, ela dizia cace um cantinho aí e faça sua casinha, sua moradinha por aí" (ARCANJO, 2008, p. 77).
 
Enquanto cresciam, essas mulheres negras tiveram que se deparar com realidades ainda mais desumanas. As condições impostas pela situação de miséria que padeciam os habitantes da comunidade, tendo que alimentar muitas bocas, expõem a triste realidade vivida pela maioria da população negra e pobre da sociedade brasileira. Segundo nos aponta Arcanjo (2008), o dilema de ter que dividir o pouco que conseguia para alimentar a numerosa família, a mãe de Antonieta teve que entregar a filha para morar de favor na casa de uma conhecida na capital pernambucana. Como representação da situação de vulnerabilidade a que muitas mulheres negras são postas em condições similares, o relato dessa mulher evidencia a triste realidade a que muitas crianças negras têm que se submeter perante as mazelas impostas por sua condição social.
 
“Minha mãe me deu a D. Bidú, só não fez dá de papel passado. D. Bidú era dona de um bar lá do Recife, Estrada Velha perto da detenção. Aí eu fui, fiquei com ela tava lavando os pratos, ajudava a escolher feijão, carne, ela me ensinou um bocado de coisa. Aí na outra semana mãe foi e levou meu registro. D. Bidú pegou meu registro e rasgou, meu nome é Antônia Leite da Silva, aí ela botou Antonieta Maciel dos Santos, sobrenome dela. Eu era filha dela, não era filha de mãe, ela tirou outro registro. Eu tô te dando essa data, D. Bidú tirou o meu registro, mas não é isso, é menos, ela botou de maior pra polícia chegar lá não ter problema de me prender, nem prender ela! Aí ela rasgou e aumentou a minha idade” (ARCANJO, 2008, p. 130).
 
O protagonismo feminino, presente no universo da religiosidade do catolicismo popular, também se faz presente na comunidade por meio de suas rezadeiras e benzedeiras. Além de assumirem o papel de lideranças religiosas, essas mulheres assumem funções de curandeiras e parteiras, prestando assistência importante à população pobre da comunidade. Fazendo uso de plantas e ervas medicinais, essas mulheres cativam as pessoas nas feiras livres da região como representantes do mundo farmacêutico das curas pelas plantas medicinais. Etelvina era tida como a curandeira da comunidade. Receitava oralmente ao povo que a procurava ervas e plantas para curar quase todos os males. Acumulava conhecimento de suas antepassadas, assumindo também a função de parteira da comunidade, atividade considerada essencial para a assistência de muitas mulheres gestantes desassistidas da atenção básica de saúde pelo poder público. No depoimento de Antonieta podemos conhecer um pouco da rotina de trabalho de sua mãe Etelvina, ao confidenciar que “(...) mãe fazia parto, mãe não cobrava! Minha mãe era parteira. Não cobrava de ninguém!” (ARCANJO, 2008, p.106).
 
Assim como as narrativas histórias sobre o protagonismo de mulheres negras de outras comunidades quilombolas espalhadas pelo Brasil, a comunidade dos Negros do Osso nos mostra em sua trajetória a atuação e luta pela sobrevivência de sua população pela ação protagonista de suas mulheres. Unidos por laços de consanguinidade em torno da descendência da fundadora Manuela, a Mãe Véa, os membros desta comunidade constroem sua identidade, preservando valores familiares, costumes, tradições e sentimento de pertença. Através do pensamento de Gonzalez (2018), podemos compreender o sentido da mulher quilombola dos Negros do Osso, como verdadeiro “sustentáculo econômico, afetivo e moral de sua família” (p.51), desempenhando os mais importantes papéis.
 
Imersas nas dificuldades decorrentes do pós-abolição e sofrendo as consequências do processo de invisibilidade social, como a pobreza, o racismo, o preconceito e a discriminação, as mulheres das comunidades dos Negros do Osso e de Conceição das Crioulas podem ser consideradas força de sustentação de suas comunidades, verdadeiros símbolos de resistência. E por isso suas trajetórias de vida são narrativas históricas tão importantes quanto aquelas registradas pelas fontes coloniais e podem ser ferramentas de conscientização no ensino de relações étnico-raciais.
 
Referências biográficas
 
Dra. Kalina Vanderlei Silva, professora da Universidade de Pernambuco.
 
Sanchirles da Costa Silva, mestre em História pelo Profhistória-UPE.
 
Referências bibliográficas
 
ARCANJO, Juscélio Alves. Terras de preto em Pernambuco: Negros do Osso – etnogênese quilombola. Dissertação (Mestrado). Universidade Federal da Bahia. Salvador, 2008.
 
AQCC - Quilombolas de Conceição das Crioulas – Fascículo 6. Projeto Nova Cartografia Social dos Povos e Comunidades Tradicionais do Brasil, Salgueiro, Pernambuco/Brasília DF, abril 2007. Disponível em: http://novacartografiasocial.com
.br/download/06-quilombolas-de-conceicao-das-crioulas-salgueiro-pe/
.br/download/06-quilombolas-de-conceicao-das-crioulas-salgueiro-pe/.
 
CENTRO DE CULTURA LUIZ FREIRE (CCLF). Sertão quilombola: a formação dos quilombos no Sertão de Pernambuco. Recife: Governo do Estado de Pernambuco, 2008.
 
GONZALEZ, Lélia. Primavera para as rosas negras: Lélia Gonzalez em primeira pessoa... Diáspora Africana: Editora Filhos da África, 2018.
 
MENDES, Maria Aparecida. Saindo do quarto escuro: violência doméstica e a luta comunitária de mulheres quilombolas em Conceição das Crioulas. In: DEALDINA, Selma dos Santos. (Org.) Mulheres quilombolas: territórios de existências negras femininas. São Paulo: Sueli Carneiro: Jandaíra, 2021.
 
RIBEIRO, Djamila. Lugar de Fala. São Paulo: Sueli Carneiro; Editora Jandaira, 2020.
 
SOUSA, Amária Campos de. LIMA, Débora Gomes. SOUZA, Maria Aparecida Ribeiro de. Da comunidade à universidade: trajetórias de luta e resistência de mulheres quilombolas universitárias no Tocantins. In: DEALDINA, Selma dos Santos. (Org.) Mulheres quilombolas: territórios de existências negras femininas. São Paulo: Sueli Carneiro: Jandaíra, 2021.
 
SOUZA, Maria Aparecida de Oliveira. As mulheres, a comunidade de Conceição e suas lutas: histórias escritas no feminino. Dissertação (Mestrado). Universidade de Brasília. Brasília, 2006.
 
SILVA, Claudilene. A volta inversa na árvore do esquecimento e nas práticas de branqueamento: práticas pedagógicas escolares em história e cultura afro-brasileira. Curitiba. CRV, 2019.
 
SILVA, Givânia Maria da. Educação como processo de luta política: a experiência de “educação diferenciada” do território quilombola de Conceição das Crioulas. Dissertação (Mestrado). Universidade de Brasília. Brasília, 2012.

18 comentários:

  1. Fabrício José Pimenta de Araújo12 de setembro de 2022 às 18:03

    Boa noite! Gostaria de parabenizar pela pesquisa, sobretudo no que se refere ao resgate da memória dessas mulheres. Gostaria de saber se atualmente esse protagonismo feminino ainda se faz presente hoje em dia.
    Cordialmente.

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  2. Kalina Vanderlei Silva12 de setembro de 2022 às 19:03

    Olá, Fabrício, obrigada, e sim, as comunidades quilombolas hoje ainda contam com forte protagonismo feminino.

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Boa noite, parabéns pela pesquisa, penso ser essencial conhecer a participação e protagonismo feminino na história da nossa sociedade. Gostaria de saber como seria possível apresentar o protagonismo de Agostinha Cabocla e Maria Manuela da Conceição para crianças de ensino fundamental I e II no ambiente escolar enfatizando a disciplina de história e ensino de relações étnico raciais?

    Att. Leila Carla Antunes Novaes

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  5. Sanchirles da Costa Silva13 de setembro de 2022 às 11:03

    Olá Leila Carla, agradeço pelo elogio! Uma das formas que encontramos para evidenciar o protagonismo dessas mulheres negras e discutir as relações étnico-raciais nas salas de aula da educação básica (que não foi possível apresentar neste artigo) se deu através da construção de um paradidático temático (produto de minha recente dissertação), onde foi possível trabalhar essas narrativas históricas por meio de atividades práticas e de reflexão, para que os estudantes possam conhecer melhor suas histórias. Estou disponibilizando através da Plataforma do Profhistória e da CAPES o exemplar em e-book deste produto.

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    1. Muito obrigada pela resposta, vou pesquisar o exemplar em e-book.

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  6. A trajetória histórica das mulheres negras quilombolas tiveram suas vozes silenciadas por uma sociedade, porém trouxeram grande transformação para suas comunidades, o que influenciou mediante contribuições para suas comunidades? Quais as influências que contribuíram para essa transformação?

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  7. Olá Jossilene! Bem, durante muito tempo muitos habitantes de comunidades quilombolas não tinham ciência de sua historicidade e devido ao preconceito imposto pela branquitude, estes não aceitavam sua descendência africana, pois esta por muito tempo esteve associava a escravidão. Assim, suas trajetórias históricas permaneceram durante anos silenciadas. As ações de ressignificação do conceito de quilombo, tomados a frente pelo movimento negro a partir da década de 1970, contribuíram para essa transformação, culminando no surgimento de vários movimentos quilombolas onde traziam a valorização da identidade quilombola. Nesse sentido, o que antes era visto como motivo de vergonha e preconceito para se afirmarem como negros e quilombolas, em decorrência destas ações que passaram a valorizar a população negra e sua ancestralidade africana, essas comunidades passaram a evidenciar com orgulho suas origens. Constitui, portanto, um processo contínuo de aceitação da sua negritude e de valorização a sua ancestralidade, conquistada ano após ano através de muitas lutas e resistências.

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  8. Manoela Godê de Lima Morais Liberal15 de setembro de 2022 às 15:14

    Boa tarde, gostaria primeiramente parabenizar a excelente pesquisa e de extrema contundência em relação ao destaque da imagem e figura feminina como protagonista de uma construção histórica. Ademais, estou curiosa em saber se com pesquisas como essas e obviamente com o destaque e um "desencravamento" de raízes e acontecimentos históricos, tão fundamentais como os expostos anteriormente, trariam uma potencial fonte para uma renovação de um caráter eurocêntrico/positivista do ensino de história brasileiro, para uma forma mais nacionalizada, já que é perceptível o escanteio de conteúdos histórico-sociais condizentes a temas que destacam a importância feminina e a resistência da população preta.

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    1. Olá Manoela. Fico muito feliz que tenhas gostado da pesquisa e agradeço pelos elogios. Concordo com suas palavras, a intenção deste trabalho foi contribuir com essa discussão e evidenciar estas narrativas históricas sob uma perspectiva decolonial, contrapondo-se as trajetórias históricas que buscaram perpetuar-se sob o ponto de vista eurocentrado, que por tanto tempo silenciaram histórias e o legado da população negra brasileira.

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  9. Manoela Godê de Lima Morais Liberal15 de setembro de 2022 às 15:38

    Ao ler a pesquisa sobre o protagonismo da mulher quilombola, sobretudo de uma luta por direitos e vivências trazidas, me recordo da obra "Torto Arado" de Itamar Vieira Júnior, onde se enfatiza também um protagonismo feminino de mulheres pretas e sua resistência enquanto população e organização social, com isso gostaria de saber quais foram em suma os efeitos das reformas agrárias na vivências dessas comunidades quilombolas.

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  10. Manoela, embora a luta das comunidades quilombolas pelo reconhecimento e titulação de suas terras seja anterior a Constituição de 1988, onde podemos citar a comunidade quilombola de Frenchal no Maranhão como exemplo, apenas depois desta carta magna que se vislumbrou a garantia da posse das terras ocupadas pelas chamadas comunidades 'remanescentes' de quilombos, especificamente em seu artigo 68. No entanto, somente em 2003 a partir da publicação do Decreto nº 4.887 é que se pôs em acordo os procedimentos quanto ao processo de identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das terras ocupadas pela população das comunidades de quilombo. E justamente esse processo trazemos em nossa pesquisa o protagonismo das mulheres pretas quilombolas de Pernambuco na luta pela titulação das terras de sua comunidade, onde buscam afirmar sua identidade quilombola promovendo a resistência e o legado de seu povo, bem como da sua ancestralidade.

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  11. Como explicar o fato da presença de menos mulheres nas lutas quilombolas?

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    1. Sanchirles da Costa Silva16 de setembro de 2022 às 11:22

      Olá, Jorge! As mulheres sempre estiveram presentes na luta e na resistência quilombola. Ocorre que sua presença e atuação foram silenciadas nas trajetórias históricas. Por conta do patriarcado, os homens sempre tiveram destaque nessas narrativas e o papel da mulher aparece de maneira subalternizada. A proposta deste trabalho é evidenciar o protagonismo destas mulheres negras, que conquistaram seu espaço no processo de luta e resistência em prol da suas comunidades.

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  12. Porque segundo Carneiro ele descontroi essa imagem da mulher como “sexo frágil” e como ele explica isso?

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    1. Sanchirles da Costa Silva16 de setembro de 2022 às 11:38

      Na realidade Carneiro é ela. Sueli Carneiro, mulher negra ativista do movimento negro e antirracista, referência como escritora nos estudos sobre o feminismo negro no Brasil. Respondendo sua pergunta, enquanto a mulher branca esteve associada ao estigma de "sexo frágil", a mulher negra nunca teve essa referência associada ao seu gênero, mas sim como uma identidade de objeto dentro da trajetória história de conquista e dominação no continente americano.

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  13. Na realidade Carneiro é ela. Sueli Carneiro, mulher negra ativista do movimento negro e antirracista, referência como escritora nos estudos sobre o feminismo negro no Brasil. Respondendo sua pergunta, enquanto a mulher branca esteve associada ao estigma de "sexo frágil", a mulher negra nunca teve essa referência associada ao seu gênero, mas sim como uma identidade de objeto dentro da trajetória história de conquista e dominação no continente americano.

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